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    A 9 de Junho de 1672 há 353 anos nascia Pedro o Grande Czar da Rússia

    Comparações à parte…no fim do século XVII, a dinastia dos Romanov deu à Rússia um czar tão poderoso quanto Ivan, o Terrível, mas sem o seu espírito destruidor. Era Pedro, o Grande, o pai da Rússia moderna. De infância difícil, como Ivan, assistiu a uma luta pelo poder seguida de mortes nos corredores do Kremlin, quando o seu pai morreu. Obrigando-o a refugiar-se nos arredores de Moscovo na sua maioridade, pois Sofia, sua irmã mais velha e tutora, não lhe passou o ceptro, ambicionava ser czarina.

    Ao percorrer o campo, aproveitou o seu tempo livre observando e adquirindo conhecimentos práticos, como construir uma casa em alvenaria, consertar sapatos, extrair dentes cariados e mesmo fundir um canhão.

    Medindo mais de 2 metros, Pedro tornou-se um verdadeiro gigante provido de uma força lendária ao dobrar pesados pratos de prata e abater árvores a machadadas em segundos. O seu apetite era imenso, em refeições sem cerimônias na companhia de artistas ingleses, escoceses, suíços, dinamarqueses, que viviam em Moscovo. Foi o maior incentivador da vodca ao organizar campeonatos, bebia 3 litros de uma só vez.

    Ao aperceber-se que a Rússia era socialmente e tecnicamente atrasada, resolveu abrir uma janela para o Ocidente, já como czar, a fim de dotar o país de ideias europeias de progresso. Não sem antes recolher a irmã Sofia aos costumes no Convento das Carmelitas. Empreendeu um périplo de 18 meses pela Europa, em que se fez passar por marinheiro e trabalhar como carpinteiro num estaleiro da Holanda, aprendeu a retalhar a gordura da baleia, estudou anatomia e cirurgia observando dissecação de cadáveres, visitou museus e galerias de arte.

    Ao surgirem notícias de que inimigos das novas ideias queriam depô-lo, retornou com a revolta já subjugada, o que não foi suficiente para conter a sua fúria. Fez queimar em praça pública todos os prisioneiros, um por um, e, na aproximação da morte, cortava-lhes a cabeça para expô-las e dar exemplo. O que não impediu de começar simbolicamente o processo de modernização do país ao ordenar a todos os homens que desbastassem o comprimento da barba, com as suas próprias mãos cortava a barba dos nobres da corte. Os longos hábitos dos homens deveriam dar lugar aos sobretudos e as damas abandonar os véus para comparecer nas receções com vestidos justos e bem decotados, como se usava em França. Os filhos da aristocracia seriam confiados a governantas que os familiarizariam com o francês e o alemão.

    Buscou nos Urais, na riqueza dos seus recursos naturais, o tesouro de pedras preciosas que ergueria seu império à altura de um reino burguês distanciado do rústico que imperava na corte, do ortodoxamente rudimentar. Às novas terras conquistadas, crescia o interesse na demanda por joias e na acumulação que reluzia o esplendor das monarquias absolutistas dos anos 1500 a 1700, quando a exploração atingiu o seu ápice.

    Facilitou a construção de fábricas e escolas para ensinar matemática, navegação, astronomia, medicina, geografia, filosofia e política. Lançou o primeiro jornal russo. Imprimiu 600 obras e construiu um teatro em Moscovo, ainda de pé na Praça Vermelha. A convicção dele era a de que o mal resultava da ignorância, o conhecimento possuía um efeito libertador ao forjar uma nova alma, sem desconfiar que contribuía decisivamente para o início de formação de consciências críticas que marcaram a Rússia na revolta contra a injustiça e a opressão.

    Em 1709, os suecos, que vinham de invadir a Polónia e a Saxónia, voltaram à carga visando a Ucrânia, quando, em Poltava, se desenrolou uma das batalhas mais decisivas da história da Rússia. Aliada aos saxões, polacos e dinamarqueses, afastou o perigo de uma dominação sueca sobre a Europa do Norte e territórios bálticos para sempre. A vitória permitiu a conquista da janela sobre o Ocidente, o Báltico assegurava uma via de comunicação utilizável durante todo o ano com o resto da Europa. Pedro já havia começado a construir um porto ao qual se devia dar o nome de seu santo padroeiro, portanto, o seu. Foi chamado de São Petersburgo.

    São Petersburgo nasceu de um sonho extravagante de Pedro, o Grande, fazendo-a cultivar um ar de superioridade sobre a sua grande irmã, Moscovo.

    O lugar escolhido parecia ser pior do que se podia imaginar, um pântano na desembocadura do Neva, lá onde o rio alcança o golfo da Finlândia. Pedro mandou vir da França e da Itália inúmeros arquitetos e artistas para construir uma cidade. Com a maior urgência, ela cresceu sobre as ossadas de milhares de servos, de prisioneiros de guerra, recrutas requisitados do exército, tantas foram as mortes por causa do árduo trabalho em cavar canais e secar pântanos para fixar as fundações.

    Ao fim de 9 anos, ergueram-se 25 mil casas, Pedro, o Grande, tornou-a capital da Rússia. Com uma rede de canais como os de Amsterdão e grandes avenidas arborizadas, a altura das casas variava segundo a classe social dos seus ocupantes. Um andar com quatro janelas e uma claraboia, para os comuns, e dois níveis com sacada, para os ricos comerciantes.

    Com o intuito de se vingar das ameaças sofridas na puberdade em Moscovo, e tomado por um maligno prazer, removeu a corte real em 1712 para os pântanos ainda fétidos de São Petersburgo. Deveriam abandonar os castelos moscovitas medievais para construir novas mansões, segundo as estritas diretivas arquitetónicas do czar, que redesenhava projetos, supervisionava material de construção e adequação de estátuas e plantas. A ordem era de povoar a cidade com milhares de servos dos seus domínios.

    Considerando que Moscovo era o centro nevrálgico da Igreja Ortodoxa, Pedro aproveita o ensejo para desvincular a Igreja do Estado. Constrói a catedral de São Pedro e São Paulo, ao melhor estilo católico, projetadas por arquitetos italianos, e dá largos passos na aproximação às ideias do Ocidente.

    O Imperador de todas as Russas, seu novo cognome em 1721, procurou rivalizar com Versalhes ao erigir o palácio de verão Peterhof – denominação alemã alterada em 1944 para Petrodvorets -, com magníficos jardins e chafarizes que permitiam satisfazer a sua atração por brincadeiras: os esguichos jorravam repentinamente e molhavam os distraídos enredados em filosofia ou intrigas. Receções e bailes de máscaras prenunciavam o ingresso da licenciosidade e costumes escandalosos para padrões ortodoxos, já que Moscovo apenas celebrava um número restrito de austeras festas religiosas.

    Foi em Peterhof que o czar teve uma desavença tempestuosa com o seu único filho, nascido do seu primeiro casamento com uma mulher que nunca amou e que ele encerrou, por fim, num convento. A sua segunda mulher, com a qual viveu 23 anos, era uma camponesa analfabeta, amante de um oficial, que lhe deu 12 filhos, dos quais somente 2 filhas sobreviveram. Alexis, o herdeiro do trono, converteu-se num instrumento nas mãos de conservadores que urdiam a deposição de Pedro e da capital.

    Ao responder de forma evasiva a questões que envolviam o poder, o czar acusou o seu filho de conspiração e o herdeiro foi feito prisioneiro para obrigá-lo a entregar a sua alma. Pedro morreu sem designar sucessor em 1725, em consequência de doença contraída no mergulho nas águas geladas do golfo da Finlândia para socorrer pescadores .

    Pedro faria com que a Rússia deixasse de olhar para o seu umbigo e se permitisse tirar proveito de novas influências que arejassem a essência da sua alma. Simplificou o alfabeto russo e aumentou a possibilidade de aprender, permitida pela leitura mais fácil. Ao imprimir livros e jornais, retirou a Rússia do atraso em termos de alfabetização.

    Fecundo o fruto dos seus esforços de modernização em inúmeros campos, contudo, também causaram uma rutura social. A uma nobreza europeizada opunham-se camponeses e o clero que resistiam de todas as maneiras a mudanças. O fosso iria aumentar meio século mais tarde sob o reino de uma czarina, Catarina, a Grande. Aqui chegado, Vladimir Putin tem ambições de grandeza imperial de outros tempos, e para lá chegar escolheu o caminho mais terrífico e tumultuoso como sucede a todos os ditadores da história humana. Ficará nessa mesma história, a par de Ivan “O terrível” como um dos maiores destruidores da vida humana, um dos mais terríficos e desumanos assassinos da humanidade, será lembrado pelos piores motivos, aquilo que de mais execrável contém a raça humana!

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    Artur Arede
    Artur Arede
    Desde sempre ligado à comunicação, Artur Arede passou por órgãos nacionais, bem como por órgãos regionais, Rádio Soberania, RCV, Aveiro TV, etc. Atualmente, está ligado à comunicação na Rádio N16.

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