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    Mais um Burgerfest

    A CARNEIRADA

    Os rebanhos, grupos mais ou menos homogéneos de animais, são um agregado de indivíduos, independentemente da espécie em causa, cuja capacidade para lidar com coisas simples está ao nível do cérebro de uma mosca, por essa razão, porque têm de ser guiados, há sempre um líder que os demais seguem cegamente, sem questionar, sem pensar, apenas seguem a direcção do líder, isto é, comummente, conhecido como “a carneirada”.

    A espécie humana, tradicionalmente tida como a única racional, logo no topo da pirâmide das espécies vivas, dotada de racionalidade, capaz de lidar com problemas complexos, aprender com erros e evoluir, criando tecnologia em seu proveito, está perigosamente próxima do axioma da “carneirada”.

    Vejamos três singulares exemplos, escolhidos ao acaso, cujo denominador comum é serem contemporâneos da mesma semana:

    1. BürgerFest vs BurgerFest

    A comissão permanente da Assembleia da República (para quem não sabe esta é o órgão em exercício nas férias do plenário, de molde a não paralisar a actividade parlamentar nas férias da Assembleia da República), submeteu à apreciação o “Projecto de Resolução nº 273/XVII/1º”, para deslocação do Presidente da República à Alemanha, a convite do seu homólogo (portanto uma visita oficial), incluindo a participação na “burgerfest” em Berlim (SIC). Isto no primeiro parágrafo do projecto de Resolução.

    No segundo parágrafo consta o assentimento à pretendida viagem do Presidente da república nos seguintes termos “dar assentimento à deslocação (…) Incluindo a participação na “burgerfest”.

    A palavra “burgerfest” está grafada por duas vezes da mesma forma, no projecto de resolução, cuja autoria é dos serviços do Parlamento, e o seu responsável máximo é o senhor Presidente da Assembleia da República, razão pela qual a assina, nos exactos termos em que se encontra e aqui damos nota.

    Consequentemente, nem os serviços do Parlamento, nem o senhor Presidente da Assembleia da República, se deram conta que a resolução apresentada à Comissão, visava dar assentimento à presença do senhor Presidente da República num FESTIVAL DO HAMBURGUER, pela singela razão de que a tradução de “burgerfest” em português é “Festival do hambúrguer”.

    Este assentimento para Marcelo participar num festival do hambúrguer, gerou indignação por parte do líder da oposição, cujo vídeo demonstrando esse descontentamento virilizou.

    Alguém mais atento, foi ao site da Presidência da República, e lá consta o anuncio do convite para participar não na “burguerfest” que o projecto de resolução anunciava, mas sim na “BürgerFest” (festa do cidadão em português).

    Percebeu-se, pois, que os senhores deputados foram enganados, pelo projeto de resolução validado pelo Presidente da Assembleia da República, por uma tradução errada. E com isso levou ao engano de quem se manifestou contra ela.

    Que reacção foi multiplicada até à exaustão pelos órgãos de comunicação social e opinadores do costume?

    O erro da tradução validado pelo Presidente da Assembleia da República? a incompetência dos serviços da Assembleia da República?

    Não … as baterias de descredibilização foram direccionadas para o líder partidário que se insurgiu com um assentimento para participação do mais alto magistrado da nação num festival de hambúrguer, induzido que foi em erro por terceiros.

    O ódio que alguns nutrem por este líder partidário, é tal, que a carneirada nem quer saber quem falhou, porque falhou, e com que objectivo existiu a falha, o que interessa mesmo é “malhar no gajo”. Porque sim. É a vitória da acefalia militante. É pena.

    2. Espelho meu, quem fez mais viagens do que eu?

    O mesmo líder da oposição, ainda na senda da sua indignação das múltiplas viagens do Senhor Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, terá afirmado que ele já tinha realizado mais de 1.500 viagens, à custa do erário público português.

    Essa afirmação não resistiu ao escrutínio das viagens realizadas pelos seus antecessores, assim distribuídas:

    Cavaco Silva, realizou 26 viagens à custa do contribuinte português;

    Ramalho Eanes, realizou 28 viagens à custa do contribuinte português;

    Jorge Sampaio, realizou 45 viagens à custa do contribuinte português;

    Mário Soares, realizou 48 viagens à custa do contribuinte português;

    Marcelo Rebelo de Sousa, realizou 161 viagens à custa do contribuinte português, até agora porque ainda não acabou o seu mandato.

    A conclusão de que o actual Presidente da República “bateu” todos os seus antecessores somados, é óbvia.

    Ora este número fica muito aquém das 1.500 viagens, mas tanto bastou para a “carneirada” valorar muito mais o lapso da desconformidade do número, e obliterar o cerne da questão, essa sim da maior importância: o uso e abuso das viagens oficiais pelo actual Presidente da República.

    Que sociedade é esta que não se incomoda por ver a Presidência da República transformada numa agência de viagens, à custa do contribuinte português, e sobretudo sem se perceber o benefício que dessas viagens se retirou?

    Já nem comparo com as viagens realizadas por António Oliveira Salazar, a quem se atribui zero viagens, senão ainda sou rotulado como “saudosista”.

    3. O assassínio de Charlie Kirk

    Confesso que até ao fatídico dia do assassinato deste americano nunca tinha ouvido falar dele.

    Influente figura nos Estados Unidos da América, especialmente junto dos jovens norte-americanos, dele se diz ter sido mentor do movimento MAGA (make America great Again), uma das traves mestras do retorno de Donald Trump à Presidência dos estados unidos da América, palestrante, com convicções de direita e católico, entre os vários projectos de sucesso, um deles haveria de o condenar à morte.

    Na verdade, convicto que o debate de ideias é, entre pessoas civilizadas, o melhor meio de discussão política, promoveu um conjunto de debates em público por todo o País, tendo o do Utah sido fatídico, pois ali seria assassinado com um tiro no pescoço, perante o horror de milhares de estudantes presentes no evento.

    Eliminar, a tiro, quem pensa diferente é brutalmente grotesto e medieval, e tanto seria quanto baste para ficar horrorizado com o sucedido, independentemente de se gostar do jovem assassinado, ou não, das suas ideias, das sus apologias, e projectos.

    Mas verdadeiramente abismal, literalmente porque nos coloca à beira do abismo, é uma sociedade, que se diz democrática, a americana, e ter jovens do calibre e formação daqueles que entrevistados por alguém, que julgo ser um dos muito influencers que polvilham as redes, e à pergunta sobre o que pensavam sobre o assassínio de Charlie Kirk, responderam coisas do género “alguém tinha de o fazer…” ou “era uma pessoa nojenta” e coisas do género.

    E serão estes jovens os líderes do futuro … não augura nada de bom, e assemelham-se muito a aprendizes de Tomás de Torquemada, o inquisidor mor espanhol, do sécuko XV, que chacinou sem dó nem piedade todos quanto não pensavam como ele, e dele se diz que num só dia matou 600 pessoas.

    É arrepiante, a desumanidade desta carneirada.

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    Oliveira Dias
    Oliveira Dias
    Diretor do canal de notícias Famões TV, é fundador e secretário da direção da APMEDIO e politólogo, tendo contribuído com artigos de opinião variados em diversos órgãos de comunicação social.

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