Muito se tem discutido, por aqui, por aí e sobretudo por lá, nos gabinetes ministeriais, sobre várias matérias relativas a decisões políticas, em detrimento das orientações técnicas a propósito de tudo e de nada, ou neste caso da famigerada IC35, que haverá de ligar a A4 e a A25.
Apesar das mais variadas promessas aquando da tragédia de Entre-os-Rios, o IC 35 durante muitos anos não passou “da gaveta” e por lá continua entre promessas não cumpridas dos vários governos. Em 2009 chegaram a ser lançadas as bases para a então denominada Concessão Rodoviária do Vouga, onde se incluía o IC 35, no entanto esta concessão teve que ser cancelada mesmo antes de efetivada, logo no início de 2010, devido a problemas económicos e financeiros, diziam os políticos, ou por falta de vontade e inércia, digo eu.
E é este o caso que aqui me traz, é a questão do lançamento da obra permanentemente adiada da IC35, que haverá de servir, desejável e muito concretamente, o concelho de Sever do Vouga.
Objectivamente, desbloquear os enclaves das zonas industriais, que por cá dispersos, enfermam, “grosso modo”, por não terem acessos condignos, que levem a decisões empresariais ponderadas que cá se instalem, produzam riqueza e mais valia para o concelho, acabando com esse sofisma de que Sever do Vouga é um buraco!
O cerne desta discussão, será porventura e em parte, o(s) assunto(s) extravasam para a sociedade civil, regra geral inqualificada, para debater estes temas tão específicos, na maioria das vezes não se coibindo de falarem do que nada sabem, com base em visões superficiais ou apenas porque está na onda ser “contra poder”.
A grande politização das consciências cívicas, que é extraordinariamente positivo, associado ao facilitismo das redes sociais, permitem algumas incongruências, já que qualquer “tosco” ou “bicho careta”, bota faladura, transformam toda e qualquer questão, numa espécie de odisseia nacional, seja sobre o novo aeroporto de Lisboa ou sobre o TGV ou o que quer que cheire a politiquice barata!!
Por um lado até compreendo que por vezes a pressão da opinião pública em cima de alguns políticos da “treta”, entre os corredores dos “passos perdidos” e gabinetes confortáveis e interesses ocultos, quiçá pessoais, inibe-os, a esses mesmos políticos, relativamente à tomada de posições “abalizadas”. Mas por outro, no meu humilde entendimento, os políticos de hoje são preocupantemente levianos, comprometidos e obscuros. Se isto fosse um país sério, os técnicos e os organismos que têm que se pronunciar, dariam os pareceres e os políticos deveriam se reduzir à sua insignificância, a da decisão política, ponderada e tendo em consideração o melhor para o um concelho ou país.
A ideia da IC35 surgiu em 2001 na sequência da queda da ponte de Entre os Rios e já se passaram 24 anos. Já em 2022, há 3 anos atrás, foi adjudicado pelas Infraestruturas de Portugal SA, o caderno de encargos para execução do projecto da “IC35 – Sever do Vouga | A25 à empresa EFW de Lisboa, pelo valor de um milhão trezentos e vinte e oito mil e trinta e oito euros, mais IVA. São 390 dias para execução do referido projecto, que começou a contar após o visto do Tribunal de Contas. Pensávamos todos nós, “é desta”, mas qual quê, continua tudo (ou quase) tudo na mesma, “como a lesma”!
Compromissos eleitorais à parte, de “Pilatos para Caifás e de Caifás para Pilatos”, a obra tarda em nascer, lutando num qualquer “ventre” para ver a luz do dia, enquanto as populações e mais concretamente o tecido empresarial do concelho lá se vai definhando, vendo o comboio empresarial a passar, apesar de ainda haverem heróis que acreditam na região e ainda cá vão investindo!
Vivemos, definitivamente, num País de obras adiadas, ele é o novo aeroporto de Lisboa, no jogo do empurra entre Alcochete e o Montijo, depois da “berlinda” de Beja, Alverca, Monte Real entre outras, e esta, já lá vão mais de 50 anos. Ele é o TGV entre Lisboa e Porto com projecto aprovado em 2022 e que na data estimava que no primeiro semestre de 2023 seriam lançados os primeiros concursos para contratação de empreitadas, estamos em 2025 e “pífias”. Espero que tudo não acabe como aquela megalómana obra da Disneylândia em Portugal ou a sina da IP3 cujas obras arrancaram, finalmente, depois de terem feito correr muita tinta.
Enquanto estivermos dependentes e subjugados a gabinetes de advogados influenciadores a torpedear os pareceres que deveriam respeitar, estamos entregues aos “bichos”!