Eis um dos três temas que opcionalmente e preservação da minha sanidade mental, raramente falo ou entro em disputas verbais, orgânicas ou sequer esboçando likes nas redes sociais. Política, religião e Futebol. Mas de quando em vez, apetece-me “meter prego e estopa”
O futebol está decadente do ponto de vista institucional. Existem excelentes praticantes, com carreiras brilhantes, existem clubes talhados para o sucesso certamente por via de boas administrações e dirigentes, mas são poucas excepções, anda tudo de rastos. Existem alguns, cada vez menos, árbitros imparciais, que conseguem apenas vestir a camisola de juízes e nada mais, mas estão em vias de extinção, à conta do vil metal. Se não é o campeonato, é a taça, se não é a taça é outra qualquer competição, anda tudo numa roda viva no degredo da miserabilidade, na corrupção que tudo conspurca, de interesses mesquinhos e obscuros, ou nem por isso, que os escândalos são mais que muitos.
Dirigentes, treinadores, árbitros, jogadores, jornalistas e até mesmo espectadores, anda tudo de “candeia às avessas” porque o dinheiro tal como a fé, move montanhas!!
Desconheço os meandros destas conspurcações entre jornalistas e dirigentes desportivos, o que sei e independentemente do lado da verdade, porque sou pela verdade e pela justiça desportiva sem subterrâneos, é que este marketing visando clubes, dirigentes, jogadores, deixará um rasto de suspeição e lama, no pântano em que se move actualmente, o negócio do futebol em Portugal. Recordando levemente o que se tem passado nas últimas décadas a nível internacional em que emergiram, vários casos de corrupção nas mais variadas manifestações que tal fenómeno pode revestir.
O problema está longe de ser só nosso, não há muito tempo, recordo que em Itália, o “Calciopoli” envolveu vários grandes clubes de Itália, onde os seus dirigentes desportivos combinavam a escolha de árbitros para as suas partidas.
Em França, o Olympique de Marseille, através do seu presidente, solicitou ao seu adversário, Valenciennes, que escolhessem uma equipa mais fraca para a partida, para que o Marseille pudesse poupar jogadores para a final da Liga dos Campeões a ser disputada seis dias depois. Na época de 2010/2011, na Turquia, vários directores, treinadores, atletas e agentes estiveram envolvidos num escândalo de manipulação de resultados. Não faltam casos no mundo do futebol, graças às enormes verbas que giram em torno deste desporto.
Sinais dos tempos, em que se substituiu o amor à camisola, pelos valores materiais, nessa insaciável necessidade humana de acumular riqueza pessoal, sem preocupação pelos princípios, pela nobreza, numa total nulidade da salvaguarda da integridade e dos valores associados à prática desportiva, que deveríamos assumir como de interesse público. O indivíduo substitui-se ao colectivo. O “Apito Dourado” foi o ponto de partida, e depois de alguma acalmia de casos conhecidos, estamos a viver perturbações e conturbações que provavelmente trarão consequências gravosas para o futebol português nos próximos tempos, sobretudo a nível interno, mas com repercussões imprevisíveis no âmbito internacional. É que a coisa extravasa para além dos dirigentes e quando temos futebolistas a entrarem em cena como corrompidos, pergunto onde isto irá parar? Do nepotismo, ao “puxar de cordelinhos” a coisa progride a olhos vistos e parece não ter fim à vista! Entendo que no mero plano econômico, a corrupção diminui a eficácia governamental, favorecendo o aumento da despesa pública, mas sobretudo, provocando distorções na economia e que se reflecte na diminuição dos actos de comércio, acabando por contribuir para a redução do potencial económico de um país, e com efeitos progressivos e desgastantes na imagem de Portugal. País, clubes, jornalistas, desportistas, espectadores, todos ficam a perder com a adulteração de resultados e com os valores deturpadores da verdade. Não sendo matéria nova, encontramos nos anais da história de desvirtuação desportiva, variadíssimos casos, demasiados, infelizmente. Começando pelo mais recuado que me permite a memória, o caso “CALABOTE” (apelido do árbitro) (1959) O caso “PENAFIELGATE” (1990), operação “BOLSOS LIMPOS” (1993),a famoso “APITO DOURADO” (2003). Resta então perceber, se perante os interlocutores naturais no desporto, teremos que contar agora com os jornalistas, porta-vozes ou afilhados dos dirigentes desportivos e que nas suas redacções, a troco do bendito “share”, manipulam notícias, enviesam a informação e ficam nas mãos de padrinhos, cuja falta de escrúpulos, nos afastam do espectáculo futebol.
Disse Aristóteles “A dúvida é o princípio da sabedoria.” Veremos o que sobra disto tudo!