Congresso discute Saúde Mental no contexto educativo em Águeda

Data:

“Urge a adoção de políticas públicas nacionais com impacto direto na promoção da saúde mental de toda a população e com especial enfoque na das nossas crianças e jovens”, disse Marlene Gaio, Vereadora da Educação e Ação Social da Câmara Municipal de Águeda, no I Congresso de Educação e Saúde Mental – Caminhos a trilhar.

Este encontro, que decorreu no Centro de Artes de Águeda esta semana, reuniu “diferentes e complementares agentes das áreas da educação e da saúde mental”, que partilharam conhecimentos, ideias e projetos sobre esta temática “tão atual quanto fraturante”.

Marlene Gaio alertou para alguns indicadores que “apontam para um agravamento” das questões relacionadas com a Saúde Mental na sociedade em geral, e nas crianças e jovens em particular, nomeadamente motivados pelos “acontecimentos recentes, como a pandemia, isolamento social e a instabilidade sócio-económica”.

“Não podemos ficar indiferentes a algumas conclusões dos estudos recentes, como o da Ordem dos Psicólogos Portugueses, que cifra num aumento de 65% as situações de stress, ansiedade, depressão e ‘burnout’ dos trabalhadores portugueses face ao ano de 2020; o da OCDE, que conclui que os jovens, em Portugal, demonstram taxas de sofrimento psicológico moderado a grave e que esta evidência é transversal aos demais países da Europa, onde assistimos a uma majoração da incidência das questões de doença mental dos jovens em 50% relativamente ao resto da população; ou ainda um estudo coordenado pela Universidade de Évora que conclui que um quinto dos estudantes do Ensino Superior sofre de algum tipo de doença mental”, apontou a Vereadora da Educação.

Para a autarca, para conseguir-se minorar e inverter este quadro, é necessária uma intervenção cada vez mais precoce – que a Câmara de Águeda tem feito com diversas medidas – não só porque “é eficaz, mas porque as nossas crianças e jovens representam o futuro e é sobretudo com eles que temos o nosso maior compromisso”.

Marlene Gaio registou, a este propósito, a aposta do Município de Águeda na implementação de medidas de intervenção precoce, desde a intervenção psicológica, às AEC’s que promovem a gestão das emoções, à terapia da fala desde o pré-escolar, “porque acreditamos no impacto positivo que podem ter no bem-estar dos nossos alunos”. Não obstante, “a verdade é que nos parece que ainda há muitos caminhos a trilhar”.

Um percurso que está a ser “pensado e estruturado”, primeiramente com uma fase de diagnóstico do concelho, já iniciada, e que assenta em quatro eixos fundamentais: social, educação, juventude e igualdade. “São eixos de diagnóstico municipal com a consequente elaboração de planos de ação, porque entendemos que é fundamental percebermos, em primeiro lugar, o ‘estado da arte’ e, depois, que todas as ações devem ser estruturadas e devem ter um objetivo e plano”, frisou a Vereadora da Câmara de Águeda, defendendo que iniciativas ad hoc, apesar de relevantes, “não são consequentes”.

A organização deste congresso procurou criar uma plataforma de discussão desta problemática, criando uma rede de partilha de conhecimentos, projetos e ideias para aplicar “nas nossas comunidades educativas locais de forma a que as nossas crianças e jovens possam ser cada vez mais otimistas, mais positivos, mais resilientes e capacitados para lidarem com as frustrações e as contrariedades das suas vidas”.

“A importância da Saúde Mental”, “A Escola e a Saúde Mental – Caminhos a trilhar”, “A importância dos projetos de impacto social”, “O papel da Escola na Promoção da Saúde Mental”, “O papel das autarquias na promoção da Saúde Mental” e “O humor e a Saúde Mental” foram os temas em “cima da mesa” neste encontro.

Considerando que “muito haverá ainda a dizer sobre esta temática, por exemplo, sob o ponto de vista da saúde propriamente dita, o papel dos pais ou a correlação entre o desporto e a saúde mental”,  Marlene Gaio deixou antever uma nova edição do congresso no próximo ano.

Edson Santos, Vice-Presidente da Câmara de Águeda, reforçou precisamente que este foi o “primeiro encontro” e que “é um trabalho para continuar”, aproveitando o momento para agradecer “a todos os que de vocação e de coração ajudam todos aqueles que necessitam”.

Sofia Ramalho, Vice-Presidente da Ordem dos Psicólogos Portugueses, também presente na sessão, refletiu sobre a intervenção psicológica em contexto escolar, destacando que o Município de Águeda é exemplar na abordagem a esta matéria. “Esta tem sido uma particularidade e preocupação do Município e é algo que devemos estender a todo o país”, declarou, alertando ainda para a importância do “auto-cuidado”, ou seja, numa “promoção da saúde psicológica do próprio” para que se possa “promover a saúde psicológica daqueles que nos rodeiam”.

Redação
Redação
Na redação trabalhamos diariamente para o informar de uma forma isenta, trabalhando apenas a verdade. Porque sabemos que preza o nosso valor, porque sabemos que nos segue, nos lê e nos dá o seu apoio.
Publicidadespot_img

PARTILHAR ESTA NOTÍCIA:

Subscrever

Publicidade

spot_img

POPULARES

MAIS DESTAS NOTÍCIAS
RELACIONADOS

A Assembleia Municipal de Albergaria celebrou os 50 anos do 25 de Abril

A Assembleia Municipal de Albergaria celebrou os 50 anos do 25 de Abril com várias atividades ao longo do mês

O espetáculo “Lusitânia – The Show” em exibição até final de julho no Casino do Estoril

Com um elenco talentoso composto por dois cantores poderosos, dois acrobatas habilidosos e uma equipa de doze bailarinos apaixonados

ACRAP comemorou 16ª anos de existência no dia 21 de abril

Quase uma centena de pessoas estiveram presentes neste almoço, que além da comemoração da data, ficou marcado por uma homenagem a Elizabete Tavares

Assembleia Municipal Evocativa do 25 de Abril

No dia 25 de Abril, às 16h, Maria de...
Send this to a friend