Comunicado de Rui Soares Carneiro no Facebook:
Nos últimos dias têm saído umas quantas publicações, algumas declarações e uma tomada de posição política que em nada contribuíram para o debate público, para a campanha política, nem tão-pouco para o próprio partido. Perante afirmações minhas perfeitamente banais, sem acréscimo de novidades para o espectro eleitoral e num simples exercício de estímulo eleitoral para os cidadãos Aveirenses, o Partido Socialista de Aveiro através do seu Secretariado, decidiu de forma unilateral e sem em algum momento me questionar e ouvir, retirar a confiança política no desempenho do cargo de Vereador da Câmara Municipal de Aveiro.
Ao longo dos últimos anos tenho desempenhado a função de Vereador de forma honrosa, trabalhadora, dedicada, fazendo um esforço pessoal, diário, para o trabalho político que tal função exige. Prescindi de muita coisa, de estar com família e amigos, de tempo para mim, de tempo para hobbies de que gosto, de tempo de descanso, de muitas horas da minha profissão, com esforço financeiro, para poder da melhor forma corresponder àquilo que eu penso que deve ser uma forma de estar e de fazer política, presencial, comunicativa e atenta, junto dos munícipes, em todas as freguesias, em todas as associações. Sempre tentei honrar os meus compromissos com todos aqueles que me contactam a pedir ajuda, com todos aqueles que me convidam para eventos, com todos aqueles que habituei a terem uma comunicação regular e informativa sobre o que se passa no nosso Município.
Esta forma de estar e de agir, sabia eu à partida – e sei melhor agora – que me traria mais exposição, e com ela, critica. Só não previa que grande parte dessa crítica viesse precisamente de onde tem vindo, com manobras de bastidores que visam um único alvo e um único objetivo. É um problema quando ódios de estimação pessoais se transformam em ódios políticos, porque eles tendem a resvalar para o público, mas esse foi o objetivo último de meia dúzia que sempre contestaram uma determinada forma de ser e de estar. E nada teria contra isso, não resultasse tal postura em prejuízo para o partido — e, principalmente, para os próprios envolvidos —, nomeadamente quando se lançam tiros de pólvora seca em público, mas internamente se continua a aguardar pela consequência de tais “incumprimentos dos estatutos”.
Assim, e tentado ser o mais pragmático e sucinto possível, para que não haja segundas ou terceiras interpretações e concepções desprovidas de sentido, venho esclarecer publicamente algumas das declarações que vi expostas, e outras justificações do partido, para tal ato conclusivo de retirada de confiança política:
– refuto integralmente a afirmação de que expus, de forma reiterada, a existência de contestação interna na escolha de qualquer candidato do PS. Tal como a notícia da RIA (12/06) refere, quando fui confrontado com esse facto (portanto, não fui eu a fonte) afirmei saber do descontentamento, mas que isso não significaria qualquer declaração, ou mesmo decisão política diferente, pela minha parte;
– rejeitei comentar qualquer processo interno de escolha de candidatos, afirmando que não queria contribuir para desviar atenções para um debate que não se justificava, e acrescentei ainda “no fim, o partido considerou que devia fazer a opção que fez – e tudo muito bem.”, tendo sempre declinado fazer declarações públicas individualizadas sobre qualquer candidato;
– neguei ter conhecimento e participação em alguma reunião de um conjunto de pessoas descontentes com qualquer decisão partidária, como afirmado pela jornalista, e quando questionado sobre a possibilidade de me candidatar por um eventual movimento independente, afirmei que não estava de momento a equacionar essa opção, acrescentando: “Agora não estou a trabalhar nesse sentido. Continuo simplesmente a trabalhar como vereador, até ao momento em que deixar de o ser.”;
– desminto categoricamente que alguma vez tenha recebido algum convite, de qualquer partido (exceção do PS) ou movimento de cidadãos que seja, para que lugar ou função que fosse, durante todo este período de pré-campanha eleitoral. Há pessoas a quem se exigiria mais experiência política para não se deixarem levar por ruído — especialmente num período tão fértil em boatos infundados;
– afirmo, de forma clara e inequívoca, que nunca reuni nem solicitei apoio formal ou institucional a qualquer partido, seja da esquerda ou da direita. Infelizmente, há quem procure “fazer-se notar” à custa de outros, mesmo quando se trata de alguém que, durante a última década, foi sistematicamente descredibilizado, desmentido e contestado pelo PS em Aveiro — e que agora aparece a gozar de um alegado aval de confiança por parte de quem alimenta narrativas sem fundamento.
O Secretariado do PS Aveiro considerou ainda lesivo para si, o facto de eu não ter assumido naquela notícia, uma posição clara de apoio à candidatura do PS à Câmara Municipal de Aveiro, não compreendendo o raciocínio, ou exercício filosófico, exposto — o qual era dirigido aos eleitores não socialistas. Não percebendo os responsáveis partidários que é necessário estimular aqueles que possam ter um cartão de militante ou simpatia política diferente, já que a base eleitoral histórica do PS em Aveiro não chega para ganhar eleições. É igualmente importante olhar para todas as pessoas que compõem as listas, porque nenhum cabeça-de-lista vence sozinho: precisa de uma equipa com quem os eleitores se identifiquem. E, finalmente, muitos cidadãos fazem depender o seu apoio do conteúdo do programa eleitoral final — é ele que define as políticas públicas e os projetos que devem fazer sonhar e mobilizar os eleitores para o voto.
Por fim, lamento profundamente que nos últimos dias tenham sido utilizados adjetivos e feitas ofensas à minha pessoa, de baixo nível e sem qualquer consideração ou respeito. Essas atitudes dizem certamente mais sobre quem as profere do que sobre mim.
Resta-me agradecer, do fundo do coração, às largas dezenas de pessoas que me fizeram chegar o seu apoio pelas mais variadas formas — quer me conheçam pessoalmente, quer apenas acompanhem o meu trabalho — da esquerda à direita, de Cacia ao restante Município. É por vós que não baixarei os braços. Continuarei a trabalhar, fiel aos princípios e valores que me orientam, pois é assim que se faz política, que se vive a democracia e que se é cidadão: ativo e participativo, e sempre em comunidade.
Veja a notícia do PS de Aveiro retirando a confiança política a Rui Soares Carneiro, clicando aqui.