O tempo e o jornalismo se relacionam numa dinâmica, na qual de um lado está o carácter de novidade impregnado no sentido das notícias e do outro, a contribuição do jornalismo para a construção de uma cultura do tempo presente.
A internet permeia de tal modo o quotidiano, que estamos caminhando para uma capacidade cada vez maior de consumir informação fragmentada e desconexa.
Mais informação, menos conhecimento e sobretudo pouca reflexão.
O jornalismo é uma forma de conhecimento, uma forma de apreensão da realidade. É a verdade imediata, o primeiro indício de verdade; estará sempre longe, muito longe, de encontrar toda a verdade. Mas a busca, deverá ser o seu propósito e a internet estará nos induzindo a um pensamento horizontal.
O facto, é que nos últimos anos ocorreu um agravamento dessa decadência. E vários factores a explicam. Um deles certamente é a enorme circulação de informação nas redes sociais. Não adianta tentar negar e ignorar: há alguns anos, as pessoas preferem “se informar” pelo Facebook, WhatsApp, Twitter e Instagram.
Não querem mais ir atrás da notícia, esperam que a notícia passe por seus feeds como galhos de árvores boiando no curso de um rio.
“Olha uma notícia ali!”
Leitura rápida, like, próximo post.
O dedo e o olhar seguem pelo ecrã do telemóvel.
As notícias nascem no Twitter e morrem no Facebook.
Não nascem mais nas ruas ou nas páginas dos jornais, na rádio ou na TV. O jornalismo frontal, vai se perdendo, diluindo, na rapidez da era digital.
O jornalista “sentado” em frente ao monitor compilando post em murais mais ou menos manhosos, mais ou menos credíveis, ameaça ocupar o espaço do jornalista “de pé”.
Jornalismo de pé serve para designar a modalidade de apurar os factos da informação, em que o jornalista ‘sai à rua’ e entra em contacto direto com as fontes e com a realidade do acontecimento.
Por sua vez, o jornalismo sentado é utilizado para designar um jornalismo mais orientado ao tratamento (formatação dos textos de outros jornalistas, gênero editorial ou comentário) de uma informação que não é recolhida e tratada pelo próprio jornalista.
Há no sistema actual, um uso constante, ideológico, da palavra, que procura convencer o utilizador a consumir toda mercadoria como bem supremo. Diga-se que o ser humano é uma fera colorida de civilização e então, teremos as bases reais do fenômeno econômico.
Reconheça-se: a ciência que o estuda, é a codificação do egoísmo, ou seja, do instinto mais desagregador do complexo social.
Colocar de pé um projecto comunicacional nos tempos que correm, tem muito a ver com carolismo, perseverança, fé, bairrismo, crença, mesmo que seja ao ritmo de um caracol, porque as dificuldades fazem parte e as barreiras são grandes.