“Águeda é um concelho produtor de arte e cultura, mas também tem no ambiente e sustentabilidade uma das suas principais âncoras de ação, uma preocupação no seu quotidiano com algo que é tão sensível para o povo de Tuvalu”, disse Jorge Almeida, Presidente da Câmara Municipal de Águeda, sábado, na receção ao Governo do Tuvalu, a propósito da inauguração de uma exposição “Museu de Arte Contemporânea do Tuvalu”, promovida pelo Município de Águeda e que alerta para a problemática das alterações climáticas.
Esta exposição é um “grito de alerta” para as consequências das alterações climáticas e procura ser uma voz artística que mais do que exibir a fragilidade de Tuvalu, um Estado formado por nove ilhas e que está a desaparecer em consequência da subida dos níveis do mar, pretende colocar, mais uma vez, na ordem do dia a discussão sobre este tema.
A inauguração da exposição contou com a presença de Maina Vakafua Talia, ministro do Interior, Mudanças Climáticas do Tuvalu, acompanhado por Shiv Shankar Nair, Embaixador do Ministério das Relações Exteriores de Tuvalu, (embaixador para as alterações climáticas na UNESCO e na UNFCC).
“Estamos de braços abertos para vos receber e estreitar ainda mais as nossas relações, sejam culturais ou outras”, declarou Jorge Almeida, salientando a parceria com a Universidade de Aveiro, também presente na sessão, com quem foi estabelecido um elo científico para promover ações de mitigação dos efeitos causado pela subida do mar no Tuvalu.
Edson Santos, Vice-Presidente da Câmara Municipal de Águeda, salientou que “Tuvalu é um exemplo de resistência e resiliência, que quer preservar a sua história e cultura; Águeda está, com esta exposição, a dar um contributo para que essa história e memória perdurem”.
O Município de Águeda, “através da arte e das residências artísticas, assim como das parcerias que tem estabelecido e de todo um trabalho em rede com vários países”, tem vindo a chamar a atenção para estas problemáticas. Esta exposição é um contributo “para que Tuvalu tenha uma voz”.
Certo de que “as ações de cada um de nós fazem a diferença”, Edson Santos destaca o trabalho que o Município de Águeda tem feito, nomeadamente nas escolas, de alerta e sensibilização para as questões da preservação e sustentabilidade ambiental, sublinhando que o exemplo de Tuvalu evidencia que “tudo pode ter um fim se não mudarmos o nosso comportamento”.
Alerta internacional
“Esta exposição significa muito para nós”, começou por dizer Maina Talia, frisando que pretende ser uma montra da sua resiliência. “As alterações climáticas estão a impactar a nossa forma de viver, a estrutura física da ilha, no sentido de que estamos a perder terra para o mar, mas também desafia a nossa forma de viver e a espiritualidade da ilha”, declarou.
Esta exposição é, neste sentido, mais do que uma forma de exibir a cultura de Tuvalu, uma oportunidade para “estar no cenário mundial e afirmar, perante a comunidade internacional, que temos um problema que está além do nosso alcance e da nossa capacidade de resposta”.
A exposição é a uma expressão artística que alerta que Tuvalu “está a sofrer com algo que não causou”, sublinhando a necessidade de preservar o futuro e de dar um sentido de continuidade à ilha.
Refira-se que a comitiva era composta ainda por Paula Cardoso (deputada na Assembleia da República) e Artur Silva, (Vice-Reitor da Universidade de Aveiro), que se aliou a esta iniciativa, unindo “a sustentabilidade, a arte e a ciência ao serviço de um bem maior, de colocar na ordem do dia as alterações climáticas e alertar as pessoas para o que está a acontecer”, disse.
Com curadoria de Alex Côté e Paulina Almeida, e com obras de 22 artistas nacionais e internacionais, esta mostra, patente no antigo Instituto da Vinha e do Vinho, resulta de uma colaboração entre o Conseil des Arts de Montréal (Canadá), a Câmara Municipal de Águeda, a Universidade de Aveiro e o Governo de Tuvalu – Ministério da Cultura, Ambiente e Alterações Climáticas.
Esta exposição nasce como um farol – um espaço onde a criação contemporânea se entrelaça com a urgência do presente e a imaginação do futuro. Pretende ser um território simbólico, inspirado num pequeno arquipélago do Pacífico que resiste ao desaparecimento, e que aqui é reinventado como lugar de arte, pensamento e transformação.
A exposição estará patente ao público até ao dia 13 de julho de 2025
As visitas poderão ser feitas: durante a semana, mediante marcação através dos contactos do Centro de Artes de Águeda (CAA), através do e-mail: [email protected]; aos fins de semana, entre as 14h30 e as 18h30.