Estados Unidos e China aproximam-se sistemicamente à custa do Humanismo

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Até à queda da União soviética a Democracia ocidental era tomada a sério pela classe política e económica devido à concorrência que havia entre o sistema ocidental (liberdade e democracia) e o sistema comunista (ditatorial). Isto levou a Alemanha a criar o sistema da Economia Social de Mercado que pretendia um estado de bem-estar geral; foi iniciado na Alemanha em 1948 e possibilitou prosperidade europeia em toda a população que nele tinha também um elevado nível de segurança e justiça social.

Com a queda da União Soviética e com a união da DDR à BRD (e a EU) em vez de se tentar a boa vontade inicial da Rússia (Construção de uma Casa Comum) a euforia da vitória do sistema capitalista sobre o comunista perturbou as mentes dos dirigentes ocidentais levando-os a desregular a Economia Social do Mercado. A partir daí o capitalismo neoliberal tem-se tornado num polvo com tentáculos em todo o mundo (só lhe interessando o lucro e produzir dinheiro, ao não ter em conta o sentido da vida e da sociedade perdeu, deste modo, o próprio sentido e a responsabilidade holística), tornou-se um monstro que se alimenta a ele mesmo e que precisa de criar conflitos para mais engordar; esgota-se no método da competição sem respeito pela liberdade, justiça ou segurança social e provoca antagonismos regionais para ter acesso e domínio das matérias primas em várias regiões do globo (tenha-se presente o que está na base do que acontece em África, Ásia e na Ucrânia)…

Entretanto a democracia e os governantes foram reaproveitados em serviço do capitalismo liberal (veja-se: Nações Reféns do Sistema Polvo dos Dinossauros das Finanças (1). O poder deste, ao assumir expressão global, tornou-se de tal maneira sobre potente que superou os próprios sistemas democráticos devido ao domínio que tem sobre a democracia e governantes; empresas multinacionais chegam a ter sob o seu jus o poder judicial supranacional de regulação nas relações entre elas e até podem submeter à sua ordem os Estados que não criem o enquadramento legal favorecedor dos ditados das multinacionais entre elas…

Enquanto socialmente se fala muito da defesa de direitos de grupos específicos aproveita-se a ocasião para desmontar a personalidade individual em geral, numa de tornar a pessoa humana apenas em portador de direitos não inatos, mas de direitos que o Estado lhe concede!…

Os detentores do poder sabem que as ideias regem o mundo e para que os seus intentos se tornarem mais eficientes servem-se da técnica de estimular sobretudo sentimentos nas populações através dos Media na consciência de que as emoções são energias serviçais…

Os lóbis funcionam como influenciadores dos membros dos partidos eleitos. Assim não temos verdadeiras democracias dado os partidos servirem outros interesses que não os do bem-comum (Poder político e poder económico vivem em concubinato, porque divorciado do povo…

O liberalismo económico globalista destruiu toda a entidade relevante de responsabilidade pessoal ou estatal. Assim passamos a ter uma aproximação dos sistemas democráticos ao sistema chinês…

A classe política, em vez de enfrentar ou controlar as aberrações do neoliberalismo que destrói povos e nações e provoca muita insatisfação e desespero no popular, concentra-se só nos interesses partidários desviando a insatisfação popular para a discussão política partidária simploriamente reduzida a uma questão de extremismos de direita ou de esquerda (no mero interesse de ilibar o sistema partidário doentio). Desta maneira, o sistema vigente, meramente partidário e de interesses corporativos, vai levianamente enganando o povo que alimenta com discussões de interesses partidários ou de moralidade individual que eles próprios criam para, evitando mudança e reforma,  prolongarem o seu poder na administração da miséria que a política cria em cumplicidade com um neoliberalismo bastardo (os seus fins justificam os meios e as populações não o podem notar porque eles mesmos controlam a informação pública/publicada).

Um sistema que poderia disciplinar os partidos seriam as ONGs (movimentos sociais não governamentais), o problema que estas trazem consigo é obedecerem a agências e agendas também elas supranacionais e como tal acarretam o perigo de manipulação dirigida como acontece com as grandes multinacionais económicas e com os blocos ideológicos e como se observa já hoje em algumas ONGs. De momento penso que só o surgir de diversas ONGs a partir dos cidadãos poderão salvar um sistema democrático de caracter holista e humano no sentido original do cristianismo antes de prevalecer nele o caracter de cristandade.

Oportunisticamente os socialistas vão seguindo o modelo chinês que conseguiu concorrer com sucesso com as altas esferas do capitalismo ocidental. O Capitalismo chinês, como empresário estatal, consegue assim afirmar-se no futuro perante os países capitalistas (países do bloco dos EUA) que no seguimento das pegadas da China financiam as grandes multinacionais com o dinheiro do povo (impostos)…

O capitalismo tem andado de braços dados com o colonialismo que vive da exploração dos mais fracos (a África é um exemplo disso, mas disso não se fala porque o calar favorece o nosso colonialismo económico maléfico beneficiador do nosso bem-estar “democrático”!).

É de observar que tanto o sistema estabelecido político como o liberalismo económico procuram viver da retórica dialética, vivendo do combate contra experimentos como os da Itália, Polónia e Hungria que do outo lado extremo alertam para o extremismo do sistema neoliberal que a União Europeia segue. Estes países são também eles atacados quer pela esquerda jacobina quer pelo neoliberalismo pelo facto de se atreverem a questionar (à sua maneira) o neoliberalismo e por ainda quererem preservar o cristianismo como elemento moderador da sociedade ocidental…

Os partidos instalados e o neoliberalismo orientam o discurso público para o assunto que lhes interessa isto é, o discurso partidário; nesse sentido empurram a discussão dos problemas para a extrema direita e/ou para a extrema esquerda; para esse combate hipócrita basta seguir uma estratégia moral maniqueia apostando numa polaridade enfatizada na política e na sociedade, embora se saiba que somente superando mental ou espiritualmente a polaridade se  pode alcançar a paz e a serenidade. Não falhamos por causa de como as coisas são, mas por causa de nossas expectativas sobre elas, falta-nos uma perceção/perspetiva holística. Não são as coisas que nos incomodam, mas a importância que damos a elas! Este trabalho de dirigir o factual e também a importância a lhe dar revela-se como fator de sustentabilidade de um sistema elitista ultrapassado porque centrado só nele mesmo embora saiba que “não é certo tirar o pão dos filhos” (o que há de maior valor) e deixar apenas algumas migalhas que caem da mesa para o povo! (Mat. 15:21-28). Sabem que a vida se constrói segundo as nossas convicções e por isso tratam de criar no público convicções mentais superficiais sabendo que o mainstream não consegue discernir.

A democracia não morre pelo facto de eleger alguns autocratas ela morre por ela mesma ao não questionar o próprio regime tornado questionável nos seus fundamentos, o que pode preanunciar os sintomas da queda de civilizações. Um facto sustentável na história é que o povo continua, à imagem de Jesus, a ser crucificado no madeiro da História! …

A política foge aos problemas dizendo que apenas é necessário democratizar a sociedade, a família (porém o acento não deveria ser colocado no democratizar porque em termos de poder democratizar significa propriamente domar e a questão não está no método, mas na atitude e intenção), o acento deveria ser posto em humanizar o poder e na sequência a humanização da democracia, da família, da escola…

Se bem observamos a situação, as nações, os governos e o povo foram todos transformados em pedintes da economia internacional (tudo endividado ad eternum – propriamente só o poder económico anónimo determina o comportamento de governantes, cidadãos e da democracia); para ajudar, a nível ocidental, observa-se a desmontagem cultural.

A Índia preside o G20 desde dezembro e quer uma nova ordem mundial para remodelar a globalização. Na sua presidência, gostaria de uma mudança de paradigma e colocar as pessoas em primeiro lugar na agenda mundial…

É calamitoso e desumano pensar que, na realidade, os membros do G20 controlam mais de 80% do produto interno bruto mundial e 75% do comércio mundial quando representam apenas 60% da população mundial.

António Justo
António Justo
Autor do livro de Poesia”Nas Pegadas da Poesia”, do livro “Lutero garante a Emancipação como Princípio impulsionador da Idade Moderna”, autor integrado na Antologia de Poetas na Diáspora, Chefe Red. da revista Gemeinsam.
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