Paulo Pires do Vale, comissário do Plano Nacional das Artes, desafiou os jovens a serem “ativistas da cultura” e a “abrirem horizontes através das artes”, na segunda edição do “Encontros com o Cinema e o Audiovisual”, que se realizou, durante todo o dia, no Cineteatro Messias, na Mealhada. O desafio estendeu-se também aos professores para que estes possam integrar as artes na escola.

Paulo Pires do Vale começou por sublinhar as potencialidades que o Plano Nacional das Artes incorpora para os municípios, sublinhando que, na sociedade, “precisamos de mais beleza, de mais alegria, do olhar dos artistas. E, perante uma plateia de jovens estudantes, centrou a sua mensagem no desafio. Desafio de levar as artes às escolas, desafio para que os jovens ousem, desafio para que “se tornem ativistas da cultura”. “Precisamos que os jovens recebam a cultura e não sejam cerimoniosos, que a reinterpretem e descubram, através dela, possibilidades que nem sabem que têm”, afirmou.

A resposta ao porquê da necessidade das artes nas nossas vidas veio logo se seguida. “Porque a arte dá a originalidade, é muito mais do que uma forma de entretenimento e permite descobrir o que cada um pode ser. Permite perceber que há outras formas de existência, abrir horizontes e descobrir possibilidades”, afirmou o comissário do Plano Nacional das Artes, desafiando os professores a levarem a experimentação para dentro das salas de aula.

A segunda edição do “Encontro do Cinema e do Audiovisual na Mealhada” centrou-se, assim, nos jovens e no estímulo para as artes, desde logo, com o visionamento de várias curtas metragens realizadas por alunos da Escola Profissional Vasconcellos Lebre (EPVL) e pela apresentação de propostas de logótipos, criados por alunos da EPVL e do Agrupamento de Escolas da Mealhada, para o próprio evento.

“Queremos um município voltado para as artes, inclusivo, que permita a criação por parte dos jovens”, afirmou António Jorge Franco, presidente da Câmara da Mealhada, na abertura do evento.

Esta noite, o Encontros prossegue com uma homenagem a António-Pedro Vasconcelos, cineasta e escritor português, falecido em março deste ano, um dos realizadores do Cinema Novo Português, com a exibição do filme “Perdido por Cem”, de 1973, comentado por Ricardo Machado, realizador e ex-aluno de Vasconcelos.

O Encontros é um espaço dedicado ao cinema e ao audiovisual criado pelo Município em parceria com a Aderno – Associação Cultural e com o Cineclube da Bairrada, parceiros que, durante todo o ano, desenvolvem trabalhos nestas áreas com os alunos da Mealhada.

“É o compromisso de criarmos no Município um ambiente de dinamização cultural, onde se fomenta a produção local, e um concelho amigo do cinema e do audiovisual, que se afirme no contexto cultural nacional”, explica Filomena Pinheiro, vice-presidente da Câmara Municipal da Mealhada.

Mário Augusto, jornalista de cinema, apresentador de televisão e escritor, teve uma plateia cheia, na Biblioteca Municipal da Mealhada, para ouvir histórias, curiosidades e reflexões acerca do cinema dos últimos anos. Esta foi uma das muitas iniciativas do programa de comemoração dos 20 anos da Biblioteca Municipal da Mealhada, que se prolonga ao longo deste mês de novembro.

Mário Augusto, bem conhecido por diversos programas de televisão ligados ao cinema, sendo o mais icónico “Janela indiscreta, no ar há quase 23 anos, foi o convidado do “Palavra de Autor: ciclo de conversas com escritores”. À sua espera estava uma plateia desejosa de ouvir as suas curiosidades e reflexões sobre o estado atual do cinema e a entrada em massa do streamming na sétima arte.

Para o jornalista e crítico de cinema, o avanço da tecnologia, tal como o marketing, são inevitáveis, mas “o cinema não é o imediatismo. É a capacidade de nos puxar para dentro da tela, o que, atualmente, se faz muito pouco”.

“O Cinema não é só tecnologia, é magia, sedução, encanto. É a capacidade de nos tocar e fazer com que criemos laços com a história. A matriz principal do cinema está no contar a história. E a histórica ou consegue tocar-nos ou não” afirmou, explicando que o entristece ver a “falta de paciência das gerações mais novas para um bom filme”. “Hoje não existe a predisposição para absorver tudo o que o cinema pode oferecer e questiona-se muito pouco o que se vê”, referiu.

O convite a Mário Augusto é uma das muitas iniciativas que assinalam os 20 anos da Biblioteca Municipal da Mealhada, e que vão da literatura ao cinema, do teatro aos workshops. (Ver programa)

A Biblioteca Municipal da Mealhada, instalada num edifício da rua Dr. José Cerveira Lebre, na zona central da cidade, abriu ao público a 29 de novembro de 2004. É constituída por vários espaços, como a secção de leitura geral, a secção infantojuvenil, a sala polivalente, a mediateca ou a zona de leitura de jornais. No seu dia-a-dia, disponibiliza vários serviços e experiências, na sua maioria gratuitos, como workshops, exposições, colóquios e atividades direcionadas à população infantil.

PROGRAMA 20 anos Biblioteca Municipal da Mealhada

4 a 30 novembro l 10h00 – 13h00 | 14h00-18h00

Exposição “20 anos de leitura(s)”

Leitura(s), livros, memórias, palavras, personagens são as “obras” da exposição “20 anos de leitura(s)” que estará patente na Biblioteca Municipal. O objetivo é dar a conhecer um pouco do trabalho desenvolvido, ao longo de vinte anos de existência, sobre o poder da literatura e a criação do gosto pela leitura.

13 novembro l 10h00 – 12h30 l Público-alvo: Público em geral (idade mínima – 12 anos)

Workshop de Fanzines

Workshop de criação e divulgação de fanzines, dinamizado por Fernando Ferreira, designer, criador de conteúdos e colecionador de fanzines. Este workshop visa estimular o interesse por esta forma de expressão artística, trabalhando e explorando conceitos das artes visuais entre o público mais jovem através das mais variadas técnicas artísticas (colagem, desenho, escrita, fotografia), tendo como objetivo final a criação de uma publicação.

16 novembro l 10h00 l Público-alvo: Jovens dos 10 aos 16 anos

Oficina Literária “O monstro somos nós”

Oficina Literária “O monstro somos nós” é um projeto infantil, baseado no livro “O monstro das cores”, incluído no Plano Nacional de Leitura através do qual são trabalhadas as expressões e as emoções.

23 novembro l 10h00 | 10h40 | 11h20 l Público-alvo: bebés dos 18 aos 36 meses, avós e netos (a partir dos 3 anos)

Histórias Cão’Sentido

As histórias Cão’Sentido são uma atividade que combina o conto das histórias com a interação com um Cão Terapeuta – o Max, promovendo a leitura, a comunicação, o respeito pelos animais e as habilidades sociais das crianças.

27 novembro l 21h00

Cinema “4ª Clássica”

Uma sessão de cinema apresentada pela secção de Mealhada do Cineclub da Bairrada. O filme, segunda longa-metragem de Niki Caro será “A domadora de baleias”, baseado no livro “Whale Rider”, de Witi Ihimaera.

28 novembro 18h30

Clube de Leitura “Letra GRANDE”

O Clube de Leitura “Letra GRANDE” é uma iniciativa da Biblioteca Municipal, que conta com a moderação da Dr.ª Clara Pires. Vamos juntar leitores que partilhem o gosto pela leitura para conversarem sobre as suas experiências literárias.

29 novembro

 09h30 | 11h00 – Espetáculo: Estórias a 3 dimensões l Público-alvo: 1º e 2º CEB (idade mínima – 6 anos)

Neste espetáculo de teatro da companhia “Estórias com asas” parte-se do universo da tradição oral (lendas, estórias, fábulas, cantigas tradicionais) e os participantes são levados numa viagem pelo nosso país, revisitando estórias que ajudam a compreender melhor quem somos.

14h30 l Homenagem a José Lopes dos Reis de Melo – atribuição de nome ao auditório

14h30| Parabéns Biblioteca Municipal! – corte de bolo

15h00 | Implementação da sinalética ColorADD na Biblioteca Municipal

O projeto ColorADD é um sistema de identificação de cores único, universal, inclusivo e não discriminatório, que permite aos daltónicos, com base na Teoria da “Adição de Cor”, relacionar os símbolos e identificar as cores que representam. Este projeto inclusivo chega à Biblioteca Municipal e será apresentado pelo seu fundador, Miguel Neiva.