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    O Município de Águeda manifesta pesar pelo falecimento de Óscar Manuel Vidal Mendes

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    Nota de pesar pelo falecimento de Óscar Mendes
    Nota de pesar pelo falecimento de Óscar Mendes

    Empresário e Vice-Presidente da AEA/ACOAG (Associação Empresarial de Águeda/Associação Comercial de Águeda), foi membro da Assembleia Municipal de Águeda, entre 2002 e 2009, para além de dirigente da ANATA (Associação dos Naturais e Amigos de Águeda). Destacou-se ainda pela sua carreira desportiva, primeiro como jogador e depois como treinador de futebol em vários clubes do concelho de Águeda e da região, nomeadamente o Recreio Desportivo de Águeda, Sport Clube Alba, Oliveira do Bairro Sport Clube e Sporting Clube da Vista Alegre, entre outros.

    “Óscar Mendes dedicou sua vida com determinação e competência às diversas instituições a que esteve ligado e ao desporto, deixando um legado de compromisso, dedicação e generosidade verdadeiramente inspiradores”, disse Jorge Almeida, Presidente da Câmara Municipal de Águeda, que salientou a sua “contribuição significativa para o desenvolvimento da nossa comunidade”.

    O Município de Águeda, associando-se a este momento de dor e pesar, endereça publicamente aos seus familiares e amigos, as mais sentidas condolências.

    Afonso III, o rei que ouviu os “autarcas” da sua época

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    Afonso III, o rei que ouviu os autarcas da sua época
    Afonso III, o rei que ouviu os autarcas da sua época

    A poucos meses das eleições autárquicas, é importante lembrar que o municipalismo português não nasceu com o 25 de Abril nem é um exclusivo da democracia contemporânea. As suas raízes são fundas, medievais, e um dos seus maiores impulsores foi precisamente um rei do século XIII: Afonso III. Foi ele quem, em 1254, nas Caldas da Rainha, tomou a inédita decisão de convocar Cortes para ouvir os “homens bons” dos concelhos — os autarcas da época — sobre uma medida sensível: a quebra da moeda.

    O rei tinha poder absoluto. Mas preferiu escutar. Discutiu com os representantes populares e, perante os seus argumentos, recuou. Cedeu à vontade dos concelhos. Este momento marcou a história política do país e consagrou uma prática de consulta e participação popular que se tornaria marca identitária da governação portuguesa ao longo dos séculos. Portugal era, de facto, uma vanguarda: só Afonso VII de Leão e Castela, avô de Afonso III, fizera algo semelhante, tornando ambos os primeiros monarcas da Europa a ouvir o povo em Cortes — um feito que nem os reis ingleses se atreveram a imitar na época.

    D. Afonso III foi muito mais do que o último conquistador do Algarve. Filho de D. Afonso II e irmão de D. Sancho II, ficou para a história como um dos monarcas mais visionários da Idade Média europeia. O seu percurso singular começa ainda em França, onde cresceu na corte da rainha Vitória, educado pelos melhores pedagogos do tempo, entre os quais se destaca Jean de Joinville, e na companhia de Luís IX, seu amigo íntimo de infância, que viria a ser canonizado como São Luís. Foi neste ambiente refinado que Afonso se destacou como homem culto e corajoso, ganhando fama de herói ao participar em várias campanhas militares e distinguindo-se na frente de batalha em França, como um guerreiro temido que derrotava inimigos corpo a corpo.

    Os contactos diplomáticos e o prestígio que conquistou entre a elite europeia — em contraste com o descrédito em que caíra o seu irmão, D. Sancho II, apaixonado e desligado dos deveres régios — prepararam o caminho para a sua aclamação em Portugal, com o apoio do Papa e da alta nobreza. D. Sancho II não deixou descendência, e a alternativa natural foi o seu irmão Afonso, homem respeitado além-Pirenéus e com sólida rede de alianças internacionais.

    Após conflitos com o irmão e já com o apoio do poder eclesiástico, Afonso III assumiu o trono português com uma visão de Estado profundamente reformadora. Reorganizou o território em comarcas, acelerou a emissão de forais, estruturou uma administração mais eficaz e alterou os símbolos da bandeira nacional — que, com castelos e quinas, perduram até hoje como marca da nossa identidade.

    Homem de saber e de visão, Afonso III cercou-se dos melhores. Entre os seus amigos próximos contava-se Pedro Hispano, futuro Papa João XXI, o único Papa português da história. Foi este ambiente de cultura e inteligência que legou ao seu filho, D. Dinis. O “Rei Poeta” e fundador da Universidade de Coimbra não surgiu por acaso: herdou do pai o gosto pela ciência, pela arte de governar e pela modernização do reino. Foi o próprio Afonso III quem trouxe de França o pedagogo responsável pela sua educação, assegurando a continuidade de uma formação de excelência para o seu herdeiro.

    Ao estabilizar as fronteiras, preparou o caminho para que D. Dinis pudesse assinar o Tratado de Alcanizes — a definição final da fronteira com Castela, que permanece inalterada até hoje. Portugal, tal como o conhecemos, nasceu com Afonso III, o rei que pôs o povo a falar, que soube conquistar pela força e governar com a razão, e que deixou ao filho não apenas um trono, mas uma pátria consolidada.

    E deixou-nos também uma lição atual: ouvir os representantes do povo é, afinal, uma tradição portuguesa com mais de sete séculos. Que a memória de Afonso III nos inspire nestas eleições autárquicas. Afinal, não estamos apenas a escolher presidentes de câmara — estamos a honrar uma prática que nos fez vanguarda democrática antes mesmo de a palavra existir.

    Pedro Lobo retira pelouros a Ricardo Silva em Sever do Vouga

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    Ricardo Silva vereador do CDS PP de Sever do Vouga
    Ricardo Silva vereador do CDS PP de Sever do Vouga


    COMUNICADO DA COMISSÃO POLÍTICA DO CDS/PP DE SEVER DO VOUGA
    Após as eleições autárquicas de 2021, o CDS foi abordado pelo Sr. Pedro Lobo e pelo PSD de Sever do Vouga com o objetivo de viabilizar a governabilidade da Câmara Municipal para o mandato 2021-2025. Colocando sempre os interesses dos Severenses acima de qualquer ambição partidária, o CDS aceitou esse desafio com sentido de responsabilidade.

    Foi alcançado um acordo, que atribuía ao nosso Vereador, Ricardo Silva, um conjunto de pelouros que desempenhou com dedicação, competência e espírito de serviço público. Aceitámos este acordo pós-eleitoral, pois existia acordo em algumas políticas defendidas pelo CDS.

    Na Assembleia Municipal, mantivemos uma postura construtiva e coerente, garantindo a estabilidade política necessária para a concretização das políticas do executivo. Importa sublinhar que nunca esteve em cima da mesa qualquer entendimento ou compromisso relativamente ao próximo mandato (2025-2029). Ao longo destes anos, apesar das dificuldades e de um mandato particularmente atípico, o CDS manteve-se fiel à sua palavra e ao compromisso com a população. Agimos sempre com responsabilidade, mesmo quando confrontados com decisões que contrariavam os princípios de transparência e gestão equilibrada, como a nomeação de diversos adjuntos e a atribuição de avenças a pessoas próximas do PSD.

    Hoje, com surpresa, recebemos o despacho do Presidente Pedro Lobo a formalizar a retirada dos pelouros e da confiança política ao nosso Vereador. Esta decisão, unilateral e politicamente injustificável, confirma o caminho de afastamento e oportunismo que o PSD local tem vindo a seguir. Apesar deste volte-face, reafirmamos o nosso compromisso com os Severenses.

    Continuaremos a agir com seriedade, com espírito democrático e com dedicação total à causa pública. O CDS Sever do Vouga não abandona os seus princípios nem trai a confiança dos cidadãos. Estaremos sempre ao seu lado! A Comissão Política do CDS-PP de Sever do Vouga

    A Feira de “Artes e Ofícios” de Aveiro vai entrar na 3ª semana e encerra dia 17 de agosto

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    A Feira de “Artes e Ofícios” de Aveiro vai entrar na 3ª semana, encerrando no dia 17 de agosto pelas 20h.

    Até lá, ainda pode fazer as suas compras em muitos espaços que a feira tem à sua disposição, bem como assistir aos diversos workshops ou à animação com música ao vivo, que fazem parte da oferta da organização às centenas de visitantes que diariamente procuram este certame.

    O Grupo de Danças e Cantares do Fial promoveu o seu festival anual de folclore

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    O Grupo de Danças e Cantares do Fial promoveu o seu festival anual de folclore no dia 9 de agosto, em Alquerubim. Foram cinco os grupos que abrilhantaram a noite, incluindo o grupo da casa.

    Pelas 18h os grupos foram recebidos no espaço do cidadão, onde foram trocadas lembranças e proferidas algumas palavras pelas entidades oficiais presentes.

    De ressalvar a casa cheia de amigos e de emigrantes que se juntaram a este certame por volta das 21.30h, o qual terminou já bem perto da meia-noite.

    O Etnográfico de albergaria vai realizar o seu festival de folclore no dia 16 de agosto

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    O Etnográfico de albergaria vai realizar o seu festival de folclore no dia 16 de agosto, conforme já vem sendo habitual no terceiro sábado de agosto.

    Este ano o festival conta com 5 grupos, incluindo o da casa, e com a participação especial de um grupo vindo de Espanha.

    O Grupo de concertinas de Mouquim antecede o festival, pelas 21h. O desfile dos grupos folclóricos está previsto para as 21.30h.

    Aliança Apresenta Sara Rocha a Eixo e Eirol

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    Sara Rocha
    Sara Rocha

    Um compromisso sério, com Eixo, Eirol e Aveiro.

    Foi um final de tarde de união e compromisso que se viveu na Escola Básica de Eixo no último domingo, dia 10. Uma sala completamente cheia, com as pessoas de Eixo, Eirol, Azurva, Carcavelos e Horta, unidas por um bem maior e comum, as candidaturas de Sara Rocha à Junta de Freguesia, e de Luís Souto Miranda à Câmara Municipal de Aveiro, pela Aliança Mais Aveiro.

    Compromissos assumidos, para cumprir!

    Por Mais Eirol e Eixo e Mais Aveiro, Sara Rocha e Luís Souto Miranda elencaram vários compromissos, para cumprir, de palavra dada.

    Luís Souto Miranda

    Estamos numa freguesia, de Eixo e Eirol, orgulhosa da sua história. E nós queremos preservar tudo, as marcas do passado, da nossa identidade e do nosso património. E temos uma proposta, a de criar uma centralidade em Eixo, apostando na requalificação do centro histórico, com a criação de um polo museológico, e outras valências para a junta de freguesia. Mas não ficamos por aqui. São estes os nossos compromissos:

    • Um novo parque da vila de Eixo, com espaços de lazer, zonas verdes e de convívio social;
    • Continuar a reformulação do recinto da Feira de Eixo;
    • Em Azurva faremos um espaço que será Centro Cultural e trará as condições dignas às associação culturais;
    • Em Azurva vamos avançar com o novo arruamento de ligação da Rua Professor Celso Santo à Fernando Pessoa;
    • Em Eirol para além de manter o compromisso de apoio já concedido para as obras do Centro Social Santa Cecília, vamos construir o novo acesso ao centro com a ligação a partir da Rua da Residência;
    • Vamos requalificar o parque de merendas de Eirol;
    • Não podemos passar ao lado do Aterro. Estaremos na primeira linha de defesa dos interesses da população de Eirol e do município. Enquanto não o fecharem – e é mesmo para encerrar – é necessário avançar com medidas de mitigação dos impactos, nomeadamente com a construção da via paralela à A1;
    • Na Horta vamos criar um estacionamento para o apeadeiro e uma nova ligação viária da Capela a esse estacionamento;
    • O Eixo Aveiro – Águeda é fundamental para Eixo e Eirol. Estaremos atentos para que não haja retrocessos;
    • Iremos prosseguir com o desenvolvimento e expansão da área de localização empresarial Aveiro Centro – Zona Industrial de Eixo/Oliveirinha;

    Sara Rocha

    Hoje estamos aqui para continuar esta caminhada por mais um mandato. Com uma equipa forte, diversa e determinada. Ao longo destes quatro anos não conseguimos fazer tudo o que gostaríamos. Mas conseguimos muito do que era preciso. Conseguimos finalmente a tão desejada Ponte da Balsa. Conseguimos tapar os rombos do rio. Conseguimos os multibancos para Eirol e Azurva. Conseguimos renovar os parques infantis em Azurva, Eixo e Horta; Conseguimos renovar vários tanques e fontanários em Carcavelos, Eirol, Horta, Eixo e Azurva, que são verdadeiros marcos da nossa história. Conseguimos provar que Azurva é merecedora de cultura.

    Prometemos para 2025/2029:

    • Continuar a levar a cultura a toda a freguesia;
    • Continuar a investir no Parque das Pedreiras, em Carcavelos;
    • Criar a Rota do Património, que irá unir toda a freguesia e culminar no polo museológico;
    • Manter os nossos passeios seniores e criar o Verão Sénior, para os levar à praia;
    • Teleassistência para os idosos, de forma a garantir a segurança e o bem-estar dos que vivem sozinhos;
    • Criar o Espaço Cidadão na Junta de Freguesia;
    • Criar um polo de atendimento em Eirol e Azurva;
    • Criar um parque canino em Azurva;
    • Criar um parque infantil na zona do Rego/Vila Verde, em Eixo;
    • Requalificar o Parque Desportivo Cónegos Póvoa dos Reis, em Eirol.

    Sem o pesadelo das dívidas e a diminuição de impostos

    Luís Souto Miranda:

    “Connosco, a autarquia não voltará aos tempos de pesadelo das dívidas sem controlo e das faturas que ficam por pagar. Só com rigor os aveirenses não voltarão a ver os seus impostos e taxas agravadas. Pelo contrário. Vamos aliviar os impostos pagos em Aveiro, seja aos contribuintes individuais, seja para as empresas, sem colocar em causa a boa gestão do município. Vamos fazê-lo na pequena parte que a Câmara dispõe, porque queremos dar um sinal claro, de respeito pelo dinheiro do contribuinte, e de que não queremos afastar os investidores, queremos que invistam em Aveiro”.

    O Elogio a Sara Rocha

    Luís Souto Miranda:

    “A Sara Rocha, há quatro anos, foi a novidade. Foi a esperança num novo tempo para Eixo e Eirol. Hoje, cumprido o seu primeiro mandato, já não é a novidade. É a certeza. A confirmação que temos aqui uma autarca rigorosa, competente, presente, dinâmica, incansável, que procura que o dia a dia da sua população, seja cada vez melhor. Não foi fácil convencê-la para recandidatar-se, mas estamos gratos que tenha aceitado este desafio, para mais um ciclo de entrega à causa pública”.

    Criadores de Ídolos e o ator Ricardo Carriço premiados nos EUA

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    Ator Ricardo Carriço
    Ator Ricardo Carriço

    O filme Criadores de Ídolos, realizado por Luís Diogo, acaba de conquistar dois prémios no 11.º Cobb International Film Festival nos EUA, onde decorreu no histórico Strand Theatre de Marietta em Atlanta.

    A obra foi distinguida com o prémio de Melhor Longa-Metragem Internacional, destacando-se entre um conjunto diversificado de filmes internacionais. Simultaneamente, o aclamado ator português Ricardo Carriço foi distinguido com o prémio de Melhor Ator Secundário, num momento de brilho individual que reafirma o valor do cinema português no panorama global.

    Este êxito nos Estados Unidos sucede à mais recente vitória do filme no 29.º AVANCA, Festival Internacional de Cinema, onde ganhou o prémio de Melhor Longa-Metragem da Competição Avanca.

    Estreado este ano no FANTASPORTO, este novo filme de Luís Diogo ali ganhou o Prémio de Melhor Filme Português. O filme percorre agora um conjunto de exibições em diversos festivais internacionais.

    Uma jornada de sucesso
    Desenvolvido e produzido pelo Cine-Clube de Avanca em parceria com a Filmógrafo, o filme apresenta uma narrativa ousada que desafia os mecanismos da fama, da manipulação mediática e da criação de ídolos na sociedade contemporânea. A história acompanha Sofia, interpretada por Rafaela Sá, que descobre a existência da misteriosa “Ordem dos Criadores de Ídolos”: um grupo clandestino que planeia transformar figuras célebres em verdadeiros ídolos através da eliminação física, como forma de eternizá-los.

    O filme solidifica a carreira de Luís Diogo, cuja obra se caracteriza por um olhar crítico e interpelativo sobre temas universais, com reconhecimento crescente no panorama cinematográfico contemporâneo. O prémio agora atribuído é a 80º distinção do conjunto dos seus filmes, todos produzidos pelo Cine Clube de Avanca e Filmógrafo.

    Ricardo Carriço: um talento em evidência
    Ricardo Carriço, já reconhecido por uma vasta carreira no cinema, televisão e teatro, confirma de novo o seu talento com o prémio de Melhor Ator Secundário no festival norte-americano. A sua interpretação em “Criadores de Ídolos” foi aclamada pela profundidade e intensidade, ressaltando os conflitos internos de um personagem envolvido numa trama moralmente complexa — um papel revelador de uma veia dramática madura e envolvente.

    Rodado na Trofa, e em parte também em Castelo Branco, este filme para além de Ricardo Carriço, conta com a jovem atriz Rafaela Sá e os prestigiados atores José Fidalgo, Oceana Basílio e Virgílio Castelo entre outros.

    “Criadores de Ídolos” foi apoiado pelo Município da Trofa, mas também pelo Município de Castelo Branco e pelo ICA – Instituto do Cinema e do Audiovisual do Ministério da Cultura, Juventude e Desporto.

    Nagasaki, a cidade portuguesa que a bomba atómica destruiu…

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    Nagasaki
    Nagasaki

    Oito décadas depois da explosão que, a 9 de agosto de 1945, reduziu a cinzas grande parte de Nagasaki, é impossível não refletir sobre o que ali se perdeu. Muito se falou, e continua a falar, sobre as vidas ceifadas, o trauma coletivo e o impacto geopolítico que a bomba atómica deixou no Japão e no mundo. Mas há uma memória pouco conhecida e raramente evocada: parte do que foi destruído naquela manhã dramática tinha sido, séculos antes, erguido com o contributo decisivo dos portugueses.

    A ligação entre Portugal e Nagasaki remonta ao século XVI. Em 1543, os navegadores portugueses foram os primeiros europeus a aportar ao Japão, inaugurando uma rota marítima e cultural que ligava Lisboa a portos distantes como Goa, Malaca, Macau e, por fim, Kyushu. Pouco depois, missionários jesuítas e comerciantes lusos encontraram na baía de Nagasaki um local estratégico para o comércio com o arquipélago. O relevo recortado e montanhoso lembrava-lhes Lisboa, a cidade das sete colinas. Foi essa semelhança que inspirou e orientou o traçado urbano de um porto seguro e bem protegido, com cais, armazéns e ruas desenhadas à maneira europeia.

    A partir dessa base, estabeleceu-se um ponto de encontro único no Extremo Oriente. Ali cruzavam-se seda chinesa e vinho português, porcelana japonesa e açúcar de Macau, livros e mapas, pergaminho e papel de arroz. Não era apenas comércio: havia intercâmbio de técnicas de construção naval, de métodos agrícolas e até de práticas artísticas. A influência lusa entrou também no idioma japonês — palavras como pan (pão), tabako (tabaco) ou biru (do inglês beer, via português) são vestígios dessa primeira globalização.

    O intercâmbio linguístico fez-se nos dois sentidos. Do japonês chegaram ao português termos que hoje usamos sem pensar na sua origem. Catana, quimono, samurai, bonsai, biombo ou tempura são alguns exemplos. O caso de biombo é particularmente curioso: vem de byōbu, literalmente “protetor contra o vento”, uma peça de mobiliário que fascinou os europeus pela delicadeza e funcionalidade. Já tempura é herdeira da palavra latina tempora, associada aos dias de jejum, e ganhou no Japão uma identidade culinária própria.

    Nagasaki não foi apenas um entreposto comercial. Tornou-se um espaço de convivência cultural e religiosa. Igrejas ergueram-se junto a armazéns, e artistas japoneses começaram a pintar perspetivas ao estilo europeu, influenciados pelas gravuras trazidas de Lisboa e Antuérpia. Essa convivência, porém, foi interrompida no século XVII, quando o xogunato Tokugawa fechou o país aos estrangeiros, confinando a presença portuguesa e substituindo-a pela holandesa na ilha artificial de Dejima.

    Séculos mais tarde, no verão de 1945, a cidade que nascera desse encontro entre Oriente e Ocidente foi escolhida como alvo da segunda bomba atómica da História. O que a explosão destruiu não foi apenas um centro urbano, mas também um legado que tinha atravessado oceanos e séculos. Ao pensar nesse momento, é impossível não recordar que nós, portugueses, ajudámos a construir parte do que ali se perdeu.

    Hoje, ao pronunciarmos palavras japonesas incorporadas no nosso vocabulário, reativamos um elo invisível que liga Lisboa a Nagasaki. A cidade japonesa, reconstruída, continua a olhar para o mar como a capital portuguesa. Ambas sabem que as águas que as separam são também as que, outrora, as uniram. É essa a lição que sobrevive ao tempo: entre Portugal e Japão, os laços não se medem apenas em distâncias geográficas, mas em memórias partilhadas que resistem à própria destruição.

    Linha Cronológica – Portugal e Japão até Nagasaki (1543–1945)

    • 1543 – Chegada dos primeiros portugueses ao Japão, na ilha de Tanegashima. Introdução das armas de fogo.
    • 1549 – São Francisco Xavier inicia a missão jesuíta no Japão.
    • 1571 – Fundação de Nagasaki com apoio técnico português. Traçado urbano inspirado em Lisboa.
    • 1580–1600 – Nagasaki floresce como porto luso-japonês, com intercâmbio comercial, religioso e cultural.
    • 1600–1639 – Perseguições cristãs e fechamento do Japão ao exterior. Fim da presença portuguesa direta.
    • Séculos XVII–XIX – Palavras portuguesas permanecem no japonês (pan, tabako, koppu), e palavras japonesas entram no português (catana, quimono, biombo, bonsai, tempura).
    • 1854 – Reabertura do Japão ao comércio exterior.
    • 1945 – 9 de agosto: bomba atómica devasta Nagasaki, destruindo também parte do legado arquitetónico e urbano herdado do período português.

    As duas razões possíveis para Napoleão aparecer sempre de mão no peito

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    napoleão bonaparte
    napoleão bonaparte

    Há imagens históricas que, por se repetirem até à exaustão, parecem dispensar explicação. O retrato de Napoleão Bonaparte com a mão direita enfiada no casaco é uma dessas. Basta evocar a figura para que a pose surja, quase automática, na nossa imaginação: o bicorne ligeiramente inclinado, o olhar determinado e… a mão no peito. Mas porque razão o imperador francês aparece assim em tantos retratos?

    Ao longo dos últimos dois séculos, duas teorias principais foram ganhando forma — uma médica e outra cultural.

    A primeira, e talvez a mais romantizada, sugere que Napoleão sofria de um problema gástrico crónico. Alguns historiadores falam em úlcera ou gastrite, outros em colelitíase. A postura com a mão junto ao abdómen seria, portanto, uma forma instintiva de aliviar a dor ou, pelo menos, de disfarçar o incómodo durante longas sessões de pose para os pintores. É uma leitura que humaniza a figura: por detrás do general que redesenhou a Europa estaria um homem que convivia com o sofrimento físico.

    A segunda explicação, mais aceite pela história da arte, aponta para um código de etiqueta pictórica herdado do século XVIII. Nos retratos formais, sobretudo de figuras políticas e aristocráticas, era comum representar o sujeito com a mão parcialmente oculta no casaco. O gesto era entendido como sinal de compostura, autocontrolo e nobreza de espírito. Não era exclusivo de Napoleão; aparece em retratos de George Washington, de políticos britânicos e até de alguns estadistas portugueses da época. A mão escondida simbolizava modéstia — não exibir as mãos era, de certo modo, não exibir a ganância.

    Entre a dor no estômago e o protocolo do pincel, talvez nunca saibamos qual a verdadeira razão. O mais provável é que ambos os fatores se tenham cruzado: um imperador que conhecia as regras de representação da sua época, mas que também não estava imune aos males do corpo. No fim, o gesto sobreviveu ao homem e tornou-se ícone. E como todos os ícones, é ao mesmo tempo verdade e mito — com Napoleão, a linha entre os dois sempre foi mais ténue do que gostaríamos de admitir.

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