Inaugurações de “grande simbolismo” marcam cerimónias do 25 de abril em Águeda

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“As feridas da guerra, que nos cortam a alma, não se apagam. É isso que nos faz estar aqui hoje”, disse Jorge Almeida, Presidente da Câmara Municipal de Águeda, ontem, na inauguração do Monumento de Homenagem aos Combatentes do Ultramar, um dos momentos marcantes das celebrações do 49.º aniversário do 25 de Abril.

O conjunto escultórico, da autoria do artista Paulo Neves, evoca os 18 militares aguedenses que faleceram em combate, “estes nossos heróis que cederam a vida pela Pátria”, e simboliza, ao mesmo tempo, “sobretudo para as gerações vindouras, as guerras que não queremos”.

Um simbolismo personalizado nos familiares dos militares homenageados, muitos deles presentes na cerimónia, que “sofreram no coração e na alma o pior que a guerra tem, a morte dos vossos entes queridos”, frisou Jorge Almeida, realçando que a estes soldados “foi-lhes coartado o direito de existirem, de serem felizes e de fazerem os outros felizes”.

“Repudiamos todas as guerras”, continuou o Presidente da Câmara, lembrando que, “hoje, numa Europa muito perto de nós, continua a haver mobilização de soldados, filhos de mães e pais, com namoradas e esposas, alguns deles porventura com filhos e sobretudo com muitos familiares, que vão para a guerra”. Uma realidade – com “o horror que nos entra pela janela adentro (televisão)” – que “já não deveria existir”.

Nesta guerra, que “percebemos que vai demorar a acabar”, há muitos soldados que “não são de Águeda mas são do mundo e vão ter o mesmo fim que estes e isto não nos pode descansar”.

O monumento, localizado “num dos espaços mais nobre do concelho”, no Largo de S. Sebastião, mostra que esta é uma memória que “não se apaga” e a sua construção “é um ato de justiça. Na espuma dos dias, muitas vezes, esquecemo-nos do fundamental e agradecer, reconhecer, homenagear quem dá a vida não tem tempo de prescrição”.

Também Filipe de Almeida, Presidente da Assembleia Municipal de Águeda, lembrou o exemplo, grandeza e valentia destes 18 homens que deram a sua vida pela Pátria. “Hoje, 49 anos depois, voltamos a lembrar cada um destes 18 soldados e reafirmamos o nosso obrigado”, disse.

O secretário geral da Liga dos Combatentes, Coronel Faustino Hilário, chamou por cada um dos militares falecidos, a que todos gritaram “Presente”. Um momento de grande simbolismo e comoção que não deixou, nem os mais afetados pela dureza da vida, das lutas e guerras travadas, ninguém indiferente. O próprio representante dos combatentes, com voz embargada, agradeceu “profundamente” a homenagem prestada em Águeda. “O civismo, o gesto cultural, a postura que aqui vi, podem crer, vai no meu coração”.

D. António Moiteiro Ramos, Bispo de Aveiro, enalteceu a vida que cada soldado deu pelo país e apelou a um compromisso pela construção da paz. “Que todos nos empenhemos em que o ódio e a guerra desapareçam, construindo a paz, praticando o bem”, disse.

Nesta sessão evocativa foi ainda lembrado Joaquim Camarinha, arquiteto do Município de Águeda, falecido em 2014, aos 55 anos. A escultura, da sua autoria, que já esteve instalada na, como era conhecida, “Rotunda da mulher” e que era abalroada diversas vezes em acidentes rodoviários, foi recuperada e instalada no jardim entre a Rua Dr. Manuel Alegre e a Rua Joaquim Francisco Oliveira.

A sua (re)inauguração, neste momento, para além de uma homenagem “ao nosso amigo Camarinha que nos faltou cedo demais”, pretende ser “um tributo às mães, às mulheres, às filhas e irmãs de todos estes soldados e a todas as outras, às mulheres de Águeda”, concluiu Jorge Almeida.

As cerimónias de celebração do 25 de Abril continuaram no Centro de Artes de Águeda, onde decorreu a sessão solene da Assembleia Municipal, com as intervenções do Presidente da Assembleia Municipal de Águeda, de um representante de cada um dos grupos parlamentares, e do Presidente da Câmara Municipal de Águeda.

O programa contou com momentos culturais, a cargo do Grupo Coral da Santa Casa da Misericórdia de Águeda, de alunos do Agrupamento de Escolas de Águeda, da Escola Secundária Adolfo Portela, do Agrupamento de Escolas de Águeda Sul e do Instituto Duarte Lemos e ainda do Coro da Cruz Vermelha de Águeda.

Redação
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