8º Fórum Empresarial do Distrito de Aveiro reuniu cerca de 400 empresários

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Na passada sexta-feira, dia 10 de Novembro, o Cineteatro Alba, em Albergaria-a-Velha reuniu 383 empresários durante a realização da 8ª edição do Fórum Empresarial do Distrito de Aveiro e o AveiroTV marcou presença.

Este fórum, que tinha como mote da discussão “Mais e melhor indústria. Melhor Emprego”, juntou 15 oradores especialistas em diversas áreas e setores de atividade que durante toda a tarde discutiram o estado do tecido empresarial do distrito e as tendências futuras, tanto a nível local como mundial.

António Loureiro e Santos, Presidente da Câmara Municipal de Albergaria-a-Velha, abriu a sessão e revelou ser um orgulho para a região organizar o Fórum Empresarial do distrito de Aveiro, agradecendo “a presença de oradores com reconhecida competência e qualidade capazes de enriquecer os empresários presentes com o seu conhecimento e experiência”.

De seguida, Fernando Paiva de Castro, presidente da Direção da AIDA CCI também agradeceu a todos os presentes  e defendeu que “a economia é o motor de toda a atividade e tem sido postergada politicamente para lugares secundários. (…) O setor empresarial privado tem vindo a ser sistematicamente negligenciado, apenas lhe sendo exigido que pague, cada vez mais impostos, cada vez mais que garanta empregos e que satisfaça agências burocráticas.”

O presidente da AIDA CCI lamentou “a falta de medidas capazes de induzir mudanças estruturais positivas para o funcionamento da nossa economia e da administração pública em geral, suficientemente motivadoras, para criar confiança e gerar atração de investimento estrangeiro no nosso país, permitindo inclusivamente a reindustrialização, ou seja, mais indústrias, melhores indústrias. Só assim, poderemos ter condições para ter melhor emprego e melhorar as condições de vida dos portugueses.”  Fernando Paiva deixou ainda uma nota final, referindo que, “o país não pode continuar a ser gerido pensando só no dia de amanhã ou nos resultados das próximas eleições”.

Carlos Tavares, Economista, ex-ministro da Economia e Coordenador do Observatório de Políticas Económicas e Financeiras da SEDES, Associação para o Desenvolvimento Económico e Social, apresentou o seu mais recente livro “Um Caminho para Portugal – Uma política económica integrada, orientada para a produtividade, a inovação, o crescimento e a valorização do emprego”.

Impossível de passar despercebida, a crise política atual foi tema em vários momentos do Fórum, destacando-se os “pedidos” de Carlos Tavares e de Álvaro Beleza. O ex-ministro da Economia pediu para que na próxima campanha eleitoral se discutissem políticas em vez de política e para que “finalmente se discuta onde estamos, onde queremos chegar e como vamos lá chegar”.

Já Álvaro Beleza, presidente da SEDES, incentivou os empresários a envolverem-se na política e na decisão e defendeu que o próximo governo “precisa também de empresários que pagam as contas ao fim do mês e que pagam impostos. É preciso gente normal com uma vida e um trabalho normal no poder”.

Seguiu-se a primeira mesa redonda com as presenças de Miguel Taborda, Senior Manager da Deloitte Business Consulting à conversa com Álvaro Beleza sobre o Crescimento económico sustentável; com Sandra Soares, Vice-Reitora da Universidade de Aveiro que abordou a questão relacionada com “As pessoas no centro: educação contínua como motor de desenvolvimento”, Fernando Ilharco, Professor Associado da Faculdade de Ciências Humanas da UCP, que alertou para o Impacto da inteligência artificial e o redesenho dos postos de trabalho e, Jorge Brandão, Vogal da Comissão Diretiva do Programa Operacional Regional do Centro que fechou esta primeira Mesa Redonda com o tema “A Transição Digital como estratégia na reindustrialização da região Centro”.

O presidente da SEDES aconselhou uma maior e melhor comunicação entre universidades e empresas, defendendo que “precisamos de mais doutorados e mais gente qualificada nas empresas, mas também precisamos de mais empresários que tiveram sucesso só com a quarta classe a dar aulas e a demonstrar aos alunos que é possível, com ambição, com trabalho, com audácia, fazer grandes empresas.”

Sandra Soares explicou a importância da formação contínua para uma melhor saúde económica para o país e alertou que para combater a quantidade de pessoas sem empregos e de empregos sem pessoas é preciso que as universidades dialoguem com as empresas e alinhem a sua oferta formativa com as necessidades do tecido empresarial.

Para Fernando Ilharco “a inteligência artificial vai proporcionar mais eficiência, portanto, fazer o mesmo ou mais com cada vez menos recursos e mais qualidade”. Assim, o Professor alertou para a necessidade de se aprender a trabalhar com a inteligência artificial e sublinhou que “um economista, um jovem engenheiro um profissional consultor ou um advogado não vão ser substituídos por inteligência artificial, mas tenderão a ser substituídos por colegas que conhecem e utilizam toda esta tecnologia e que a vão absorvendo no dia a dia”.

A vertente do Programa Operacional Regional do Centro foi trazida por Luís Filipe Antunes a discussão que destacou dois fatores para a transição digital ser possível. É necessária uma “infraestrutura que permita uma adequada conectividade digital”, que ainda não se verifica em todo o país ou em toda a região Centro e também que “as pessoas estejam devidamente capacitadas e tenham as competências para serem envolvidas e participarem nesse processo de transição digital”. Por último, defendeu que as empresas aumentam o valor e aumentam a sua intensidade tecnológica com a transição digital, de forma a se tornarem mais competitivas e poderem afirmar-se internacionalmente.

A deputada do Parlamento Europeu, Maria da Graça Carvalho, foi a oradora que se seguiu desenvolvendo o tema “A transição digital e energética na indústria portuguesa” e explicando as condições necessárias para esta transição. Maria da Graça Carvalho mostrou-se muito satisfeita “pelo setor industrial voltar a estar no debate político europeu, o que não acontecia há algum tempo”, no entanto alertou que 2030, prazo para a transição digital e energética, pode parecer distante mas “que faltam apenas 73 meses e é um período curto para tantos desafios e enormes transformações que se apresentam”.

Armindo Monteiro, Presidente da CIP incitou os empresários a enfrentarem a mudança e saírem da zona de conforto, lamentando que “os portugueses se resignem tão facilmente e tenham um défice de ambição”. E deixou uma mensagem de esperança “Neste Portugal que tantas vezes parece perdido, precisamos de ver futuro. Porque vamos de facto, todos juntos nas nossas empresas, com as nossas pessoas, com os nossos clientes, com os nossos fornecedores, com as nossas associações empresariais, como a AIDA CCI, com todas as confederações, com todos os agentes públicos e privados, vamos juntos tentar construir esse futuro, porque verdadeiramente nós precisamos mesmo de ver futuro em Portugal”.

Na segunda mesa redonda, Jorge Tavares da Silva, Professor Auxiliar na Universidade da Beira Interior recebeu José Augusto Silva, Partner da Deloitte Portugal na área de Digital Solutions, para falar sobre “O que poderá um empresa alcançar se todas as interações com tecnologias forem inteligentes?”, seguindo-se Cláudia Mendes Silva, PMO/Project Manager na Siemens e Embaixadora Women in Tech Portugal, com o tema “Data Means Money”, antes de Luís Filipe Antunes, Diretor do Centro de Competências em Cibersegurança e Privacidade da Universidade do Porto, ter explorado o tema “Cibersegurança em tempos de aceleração digital e empresarial. Nuno Mangas, presidente do COMPETE fechou o painel com o tema “Financiar a reindustrialização empresarial”.

José Augusto Silva sublinha a importância do diagnóstico e da reflexão sobre os seus processos nas diferentes componentes para que as empresas possam evoluir e caminhar em direção à transformação digital. Só sabendo como estão e como querem estar é que as empresas podem perceber como diminuir esse gap e assim, “criar um cojunto de ações, estipular uma direção, uma torre de transformação com base em todas estas novas tecnologias.”

Cláudia Mendes Silva explicou aos empresários a importância do uso dos dados e Big data para as empresas. No entanto realçou que o acesso e trabalho com estes dados implica investimento, recursos, atração e retenção de talentos especialistas na gestão e segurança destes dados, que as PMEs portuguesas muitas vezes não conseguem suportar.

Sobre a cibersegurança, Luís Filipe Antunes destacou que a Europa tem de se unir e de abordar esse assunto como um continente. Para os municípios deixou a sugestão de quando se construir um parque empresarial, da mesma forma que se inclui água e luz, também se inclua uma infraestrutura tecnológica, com internet, o correio eletrónico ou cloud, de forma a ser mais fácil de se garantir a segurança desse ecossistema conjunto.

O Presidente do Compete 2030 quis deixar claro que “no contexto português, temos hoje um conjunto de recursos como nunca tivemos, conjugando o Portugal 2030 e PRR, mas é fundamental que as empresas analisem o seu negócio com pensamento crítico e construam uma estratégia definida, de forma a saberem para onde querem caminhar a médio e longo prazo”.

Na sua intervenção sobre “A geopolítica e a internacionalização das empresas”, Paulo Rangel, deputado do Parlamento Europeu, aconselhou os empresários a, nesta situação geopolítica preocupante, estarem atentos aos sinais que lhes dão os mercados, defendendo que é “fundamental trabalhar para exportação, para mercados fora da Europa, onde apesar de tudo a estabilidade pode ser um pouco maior, porque estes dois conflitos (Rússia – Ucrânia e Israel – Palestina), um a nordeste e outro a Sudeste estão às portas do nosso continente e estão às portas da União Europeia.”

Para fechar o Fórum, o presidente da AIDA CCI elogiou e agradeceu aos intervenientes a sua assertividade e a sua capacidade de tornar os assuntos acessíveis a todos os presentes.
Uma vez mais, o Fórum Empresarial do Distrito de Aveiro mostrou-se um espaço de importante reflexão, partilha e networking para os empresários presentes e que resulta da missão da AIDA CCI de representar e promover os interesses económicos das empresas do distrito de Aveiro.

Este evento contou novamente com o Alto Patrocínio de Sua Excelência, o Presidente da República.

Artur Arede
Artur Arede
Desde sempre ligado à comunicação, Artur Arede passou por órgãos nacionais, bem como por órgãos regionais, Rádio Soberania, RCV, etc. Atualmente, está ligado à comunicação, como subdiretor do Aveiro TV, Correio de Sever , Ribeirinhas TV e Jornal Abrigo.
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