Eu próprio, tenho nos meus antepassados da parte materna, tios e tias e a minha avó, que fizeram vida no negócio do peixe. Na salga da sardinha, com lagares próprios e, na venda das barricas de madeira, lá para as mercearias e lojas dos lados da Capital, e não só!
A minha infância foi vivida no peixe, com a avó que me criou…a receber peixe de Sesimbra e de Peniche, que depois revendia na lota do Mercado de Ovar.
E VEM ISTO A PROPÓSITO DE QUÊ?
Não da minha vida passada, não das minhas raízes, mas…do que resta na Praia do Furadouro dessa pesca, hoje restringida à Arte Xávega, e à muito pouca Arte Xávega, que, ainda vai sobrevivendo, sabe-se lá, por quanto tempo!
Hoje, e temos de ser realistas, já não é possível fazer vida da pesca, porque a rentabilidade é pouca, e, já ninguém vive da pesca!
Se ela ainda existe, é graças a uma meia dúzia de homens e outra meia dúzia de mulheres, que ainda teimam, ainda resistem, mas…julgo que não será por muito tempo!
VEM TAMBÉM A PROPÓSITO,
Da posse que hoje ocorreu, do novo Secretário de Estado do Mar, que é , nada mais nada menos, que Salvador Malheiro, ex. Presidente da Câmara de Ovar.
Não sei, se com ele a tutelar essa área, podemos ter alguma esperança nos apoios e maiores apoios à Arte Xávega que por aí ainda opera, e, no caso de Ovar, a esses poucos que no nosso Furadouro, ainda resistem!
O próprio Salvador Malheiro, é um homem com origens ligadas ao mar!
MAS PARA ALÉM DE TUDO,
A Xávega poderia tornar-se um produto turístico que permitisse uma maior envolvência de quem nos procura, numa arte, num património cultural que, afinal é a história de Ovar!
Hoje em dia, o turista não procura apenas ver… quer experiências diferentes e cada vez mais diversificadas, não se importando de pagar para delas usufruir.
SEJA COMO FOR,
Se nada for feito, nas gerações de hoje ainda se vai falando de Arte Xávega, mas…daqui a 50 anos, já ninguém saberá o que ela foi e a importância que teve, nas raízes dum povo e na história duma Terra.
E, pelo menos isso, é preciso preservar!
Ninguém, aqui nesta nossa Ovar, fala disso, nem os políticos autarcas, nem os querem ser autarcas.
MAS,
Um Centro de Interpretação da Arte Xávega, no nosso Furadouro, é algo que defendo!
Um espaço de cariz cultural, educativo e turístico, que fomente e preserve a compreensão da dimensão histórica, sociocultural e económica duma atividade piscatória que tanto nos diz, e que tanto caracterizou a malha urbana do Furadouro, com os hábitos e costumes e com os velhos palheiros, que a vaidade e o desrespeito dos autarcas, não foram capazes de preservar.
Nem um sequer!!!
Que os Assuntos do Mar, agora nas mãos de Salvador Malheiro, nos tragam alguma esperança!
Seja ela qual for!!!!!