Estamos no período eleitoral para as eleições autárquicas que decorrerão a 12 de outubro. É um tempo de muitas obras feitas à pressa, muito alcatrão nas estradas e de muitas limpezas que pecam por tardias. Iniciou-se a campanha porta a porta com as comitivas a percorrerem as ruas das freguesias, veem-se sorrisos em rostos habitualmente sisudos e há sempre quem prometa tudo e mais alguma coisa para alcançar votos das pessoas menos atentas. Mas nem todos conseguem fazer o porta a porta tranquilamente, pois sujeitam-se a ouvir o que não querem e, muitas vezes, optam por aparecer apenas uns minutos para tirar umas fotografias e não terem a maçada de ouvir as críticas ao seu mandato.
Este contexto já é habitual em ano de eleições, mas as pessoas estão cansadas de promessas vãs e já não acreditam que um candidato prometa fazer agora o que não foi capaz de fazer nos últimos 12 anos, por exemplo. As pessoas estão fartas desta forma de fazer política e agora dificilmente acreditam nos candidatos que se apresentam a votos.
Confrontados com esta triste realidade, alguns optam por apresentar as suas candidaturas como independentes, julgando que dessa forma convencem as pessoas de que são diferentes. Em muitos casos, dizem-se independentes, mas na verdade têm até acordos negociados com partidos políticos e dirigentes partidários em lugares cimeiros das suas listas, ou seja, são candidaturas partidárias encapotadas que se apresentam como independentes.
Na verdade, o que conta são os projetos e as pessoas que dão a cara pelos projetos, mais do que qualquer ideologia política ou sigla partidária. Em eleições autárquicas os eleitores têm a vantagem de conhecer minimamente os candidatos e a oportunidade de saber mais acerca deles, é uma circunstância diferente de outras eleições e é importante que as pessoas analisem o perfil dos candidatos, as equipas que os acompanham e os seus programas. Só assim, poderão decidir em consciência.
Dito isto, as eleições que se aproximam são muito importantes e devem merecer especial atenção de todos, pois são os autarcas que vão ser eleitos que terão a missão de exercer uma política de proximidade que interfere na qualidade de vida das suas comunidades. Sim, hoje em dia, os autarcas têm muito mais poder devido às delegações de competências, como são exemplos a área da saúde ou da educação, e por essa mesma razão, as suas decisões têm maior impacto na vida das pessoas.
A escolha é sempre da responsabilidade dos eleitores, por isso é importante que todos participem nas escolhas para o seu município, votando nas candidaturas da sua preferência e exigindo compromissos em vez de promessas.
A descredibilização da classe política tem que ser combatida no terreno e são os autarcas que podem encabeçar esse combate, prometendo apenas o que podem cumprir e apresentando programas que sejam assumidos como um contrato com os seus concidadãos, não podendo faltar à palavra dada. Só assim podemos travar esta onda de descontentamento com os políticos e acabar com a velha máxima de que são todos iguais.
Esta é a hora de se dizer que não, não são todos iguais! Há quem encare a política como uma missão que visa servir a sua comunidade e a sua Terra, uma missão nobre e temporária, sem objetivos obscuros ou qualquer dependência financeira do cargo a que se candidatam, só assim se pode contribuir para dignificar a classe política e consequentemente atrair para a vida política mais gente que acrescente valor.