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    “Dormindo entre cadáveres” – Apresentação a 29 de outubro às 15:30 na Fundação Casa Hermes

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    “Dormindo entre cadáveres” – Sessão de Apresentação. 29 de outubro às 15:30
    “Dormindo entre cadáveres” – Sessão de Apresentação. 29 de outubro às 15:30

    Fundação Casa Hermes e Universidade de Aveiro promovem sessão dedicada à memória e à experiência humana na linha da frente da pandemia

    A Fundação Casa Hermes e o Departamento de Ciências Médicas da Universidade de Aveiro promovem, no próximo dia 29 de outubro, às 15h30, a sessão “Da pequena à grande história: discussão sobre o livro Dormindo entre Cadáveres, com a presença do autor Luís Moreira Gonçalves.

    Escrito a partir de uma experiência vivida em plena crise sanitária global, o livro testemunha o impacto humano e social da pandemia de COVID-19 numa das suas frentes mais dramáticas: a Amazónia brasileira. Entre o isolamento e a escassez de meios, Luís Moreira Gonçalves, médico português em missão naquela região, registou – entre o sonho e o delírio – a memória de dias aflitos, quando o oxigénio faltou no “pulmão do mundo”.

    Luís Moreira Gonçalves juntou-se ao artista brasileiro Felipe Parucci para a reconstituição – em imagens poderosas e intenso ritmo narrativo – de uma história vivida na trágica primeira pessoa. O resultado é um livro de grande força visual e emocional, que combina texto e ilustração num diálogo sobre vulnerabilidade, coragem e humanidade em tempos de crise.

    A sessão, aberta a estudantes universitários e à comunidade em geral, propõe uma reflexão sobre o modo como as vivências individuais se entrelaçam com a história coletiva, e sobre a importância de preservar a memória de um dos períodos mais marcantes do século XXI.

    📅 Data: 29 de outubro de 2025
    🕒 Hora: 15h30
    📍 Local: Fundação Casa Hermes — Rua João Gonçalves Neto 44-46, Aradas, Aveiro

    A participação é gratuita e requer inscrição prévia através do formulário online:
    🔗 Formulário de inscrição

    Município de Águeda avança com projeto de reabilitação do Rio Cértima

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    Município de Águeda avança com projeto de reabilitação do Rio Cértima
    Município de Águeda avança com projeto de reabilitação do Rio Cértima

    A Câmara Municipal de Águeda está a realizar um conjunto de intervenções de reabilitação e valorização ecológica no rio Cértima. As ações, que incidem sobre a remoção e controlo de espécies invasoras aquáticas e recuperação de rombos e reabilitação de margens, iniciaram no final de setembro e prolongam-se até ao fim do corrente ano.

    Este projeto enquadra-se na estratégia municipal de promoção do desenvolvimento sustentável e de preservação do património natural, com o objetivo de melhorar o estado ecológico das linhas de água e controlar as espécies exóticas invasoras, como a Ludwigia sp., que afetam significativamente o equilíbrio dos ecossistemas ribeirinhos.

    As intervenções estão a decorrer ao longo de cerca de 5 quilómetros, entre a ponte do Parque Ribeirinho e a entrada da Pateira de Fermentelos (Espinhel), e incluem as seguintes ações:

    – Contenção e remoção de espécies aquáticas e lenhosas invasoras;

    – Corte seletivo e poda de formação de árvores e arbustos;

    – Corte fitossanitário de vegetação autóctone;

    – Plantação de espécies nativas;

    – Aplicação de técnicas de base natural para reabilitação dos habitats e estabilização de taludes;

    – Remoção de árvores, material vegetal e resíduos domésticos.

    O objetivo principal é promover a recuperação do corredor fluvial do rio Cértima, reforçando a sua função ecológica e protegendo a Pateira de Fermentelos, classificada como Zona Húmida de Importância Internacional (Convenção de Ramsar) e integrada na Rede Natura 2000.

    “Este projeto representa mais um passo firme na nossa estratégia de proteção ambiental e valorização do território. A preservação, tanto do Rio Cértima como da Pateira de Fermentelos, é essencial não só para a biodiversidade, mas também para o bem-estar das nossas comunidades e para a sustentabilidade futura da região”, declarou Jorge Almeida, Presidente da Câmara Municipal de Águeda.

    Outros projetos em curso

    Refira-se que esta medida interliga-se com as ações previstas no âmbito do projeto LIFE Revive, com intervenções nos rios Águeda, Alfusqueiro, Vouga e Cértima, incidindo sobre as chamadas “pressões hidromorfológicas”, ou seja sobre as alterações nos rios causadas por barragens, dragagens ou outras obras. O projeto tem como objetivo criar soluções inovadoras e integradas para reduzir esses impactos e melhorar a saúde ecológica dessas áreas.

    As principais ações do LIFE REVIVE incluem: testar novas formas de restaurar a ligação entre diferentes trechos do rio; criar um método inovador para controlar plantas aquáticas invasoras; acelerar a recuperação dos habitats e reforçar populações de peixes indicadoras da qualidade ambiental; propor caudais mais naturais nas descargas de barragens; e formar profissionais e facilitar a replicação das soluções noutras regiões do país.

    No Rio Manel vai ser feita uma intervenção até à Casa dos Rios, na Aguieira (Valongo do Vouga), bem como desde a interseção do Rio Vouga com o Rio Marnel até à interseção com o Rio Caima.

    “É uma intervenção ambiciosa, de renaturalização da Boca, à imagem do que temos vindo a fazer no concelho”, declarou Jorge Almeida, salientando que a prioridade é “garantir a preservação ambiental, promover o equilíbrio ecológico e a valorização de toda esta área”.

    A Câmara de Águeda vai realizar, no âmbito desta estratégia e que é apoiada pelo Fundo Ambiental, a reabilitação do Rio Alfusqueiro, a infraestruturação do Parque Fluvial do Alfusqueiro e criação de uma Reserva Natural no Rio Alfusqueiro.

    Jorge Almeida frisa que esta e outras medidas que estão em curso no concelho – na ação municipal de reabilitação de rios e ribeiras com recurso a técnicas de base natural – a que se juntam o desassoreamento da Pateira de Fermentelos (que irá avançar ao abrigo de uma intervenção desenvolvida pela nova entidade regional Ria Viva) e as ações pedagógicas promovidas ao longo do ano pelo Município, reforçam “o nosso compromisso em implementar soluções que respeitam a natureza e asseguram a sua regeneração para as próximas gerações”.

    Centenas de atletas de diferentes escalões etários disputam Grande Prémio de Atletismo Alberto Batista 

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    Centenas de atletas de diferentes escalões etários disputam Grande Prémio de Atletismo Alberto Batista
    Centenas de atletas de diferentes escalões etários disputam Grande Prémio de Atletismo Alberto Batista

    A 28.ª edição do Grande Prémio Internacional de Atletismo Alberto Batista realiza-se sábado, 25 de outubro, a partir das 17h00, na cidade de S. João da Madeira, esperando-se, mais uma vez, centenas de participantes.

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    Nova ceifeira aquática reforça combate aos jacintos-de-água na Pateira de Fermentelos

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    Nova ceifeira aquática reforça combate aos jacintos-de-água na Pateira de Fermentelos
    Nova ceifeira aquática reforça combate aos jacintos-de-água na Pateira de Fermentelos

    A Câmara Municipal de Águeda reforçou significativamente a sua capacidade de intervenção ambiental no controlo e remoção dos jacintos-de-água na Pateira de Fermentelos, com a aquisição de uma nova ceifeira aquática de última geração, a Conver MC 106. O novo equipamento permite recolher sete vezes mais jacintos do que a antiga.

    Fabricada nos Países Baixos e adquirida por cerca de 800 mil euros, conta com um financiamento de 700 mil euros do Fundo Ambiental e reafirma o compromisso do Município de Águeda com a proteção dos recursos naturais.

    A nova ceifeira chegou a Fermentelos no final de setembro, após um exercício logístico complexo de transporte, acompanhado de perto pela empresa fabricante, que esteve no local para garantir o correto desembarque e montagem do equipamento. Durante dois dias, a equipa técnica da empresa ministrou formação especializada aos técnicos municipais, assegurando a sua preparação para operar esta máquina moderna e tecnologicamente avançada, que introduz novas formas de funcionamento e maior eficiência operacional.

    Este equipamento é essencial para o combate à proliferação do jacinto-de-água na Pateira de Fermentelos, “um dos maiores e mais valiosos ecossistemas naturais da Península Ibérica”, salientou Jorge Almeida, Presidente da Câmara Municipal de Águeda.

    Com uma biodiversidade notável e grande importância ecológica, este é um espaço de elevado valor ambiental, turístico e científico, classificado como Zona Húmida de Importância Internacional (Convenção de Ramsar) e que integra a Rede Natura 2000.

    A aquisição desta ceifeira insere-se, sublinha Jorge Almeida, na estratégia municipal de proteção e valorização desta “joia ambiental do concelho e da região” e permitirá melhorar substancialmente a qualidade da água, a biodiversidade e as condições para a fruição turística e desportiva da Lagoa.

    Com 16,65 metros de comprimento, 4,75 metros de largura e uma capacidade de carga de 6.500 kg de biomassa (cerca de 18 m³), a Conver MC106 combina sistemas de corte, recolha e descarga automática, permitindo maior rapidez, eficiência e sustentabilidade na remoção das plantas invasoras.

    A nova ceifeira, pela sua capacidade, permite recolher sete vezes mais jacintos do que a antiga, o que é um “avanço significativo na intervenção que realizamos”.

    Este investimento permite, agora, que o Município de Águeda disponha de duas ceifeiras em operação, garantindo uma maior capacidade de resposta e eficiência na limpeza e preservação da Pateira. A antiga ceifeira, com quase duas décadas de serviço, será recuperada após o início da atividade da nova máquina, assegurando um trabalho complementar e contínuo no controlo das espécies invasoras.

    “A Pateira de Fermentelos é um dos maiores símbolos ambientais do concelho e um património natural de valor incalculável. Com esta nova ceifeira, damos mais um passo na proteção da biodiversidade e na defesa de um futuro sustentável”, destacou Jorge Almeida, sublinhando que a atuação do Município visa “proteger a biodiversidade, conservar a natureza e garantir que Águeda continue a ser um exemplo de gestão ambiental responsável”.

    Recordando a Pateira de Fermentelos é a maior lagoa natural da Península Ibérica, partilhada pelos concelhos de Águeda, Oliveira do Bairro e Aveiro, sendo Águeda o único Município que trata e combate os jacintos-de-água, o Edil garante que a Autarquia “continuará a investir em soluções inovadoras e sustentáveis, que assegurem a preservação dos ecossistemas e um futuro ambientalmente equilibrado para as próximas gerações”.

    “Movimento Sénior é Vida” em Anadia, retoma sessões geriátricas

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    “Movimento Sénior é Vida” retoma sessões geriátricas
    “Movimento Sénior é Vida” retoma sessões geriátricas

    O projeto “Movimento Sénior é Vida” recomeçou, esta quarta-feira, 22 de outubro, o seu ciclo de sessões geriátricas para a temporada 2025/2026, com a primeira sessão a decorrer no Pavilhão de Desportos de Anadia.

    De referir que o “Movimento Sénior é Vida” consiste na prática de exercício físico, dirigida a seniores institucionalizados e pessoas com dificuldade intelectual e desenvolvimento. Realiza-se mensalmente, com a duração de uma hora, sendo dinamizada por técnicos de desporto do Município de Anadia e ocorre em diversos locais do concelho de Anadia, desde espaços desportivos municipais a instituições sociais.

    Os objetivos deste projeto passam por estimular a prática da atividade física dos participantes, dar a conhecer os diversos espaços e infraestruturas do concelho e promover o convívio interinstitucional entre as diversas instituições sociais do concelho. Trata-se de um projeto flexível que é construído de acordo com as necessidades, capacidades, autonomia e grau de participação do público alvo, contribuindo para um envelhecimento ativo e um estilo de vida mais saudável.

    As próximas sessões vão decorrer no Pavilhão de Desportos de Anadia (19 de novembro); Centro Social e Cultural Nossa Senhora do Ó de Aguim (10 de dezembro); Pavilhão de Desportos de Anadia (14 de janeiro); Centro de Alto Rendimento – Velódromo Nacional, em Sangalhos (11 de fevereiro); Centro Social, Cultural e Recreativo de Avelãs de Cima (11 de março); Pavilhão Desportivo de Ancas (15 de abril); Pavilhão de Desportos de Anadia (20 de maio e 17 de junho); e no Pavilhão Municipal de Anadia (15 de julho).

    Especial reportagem no Clube Ténis de Mesa de Oliveirinha

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    O Aveiro TV visitou o Clube de Ténis de Mesa de Oliveirinha (CTMO), em dia de jogo oficial para a primeira divisão nacional, bem como pudemos também assistir a um dia normal, em que os mais novos contrastam com os mais seniores, em jogos de treino e aperfeiçoamento das suas técnicas.

    Este clube vai fazer 11 anos de atividade, mas na sua fundação herdou todo o espólio da Casa do Povo de Oliveirinha, que manteve esta modalidade por mais de 40 anos, tendo alcançado resultados ao mais alto nível da competição.

    Pedro Barbosa, atual Presidente da direção, falou connosco, e faz-nos um resumo da história do clube, mas acima de tudo aponta um rumo para os próximos anos, que passa por atingir a excelência em todos os escalões de competição.

    Skope celebrou 1 ano de atividade diária em Aveiro

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    O Skope – Museu de Medicina e Saúde, celebrou o seu 1.º aniversário no passado sábado, 18 de outubro, com um conjunto de atividades aberto a toda a comunidade, pensado para crianças, famílias, amigos e curiosos.

    Ao longo do dia, os visitantes puderam participar em visitas guiadas, desafios em família e numa leitura encenada, que os convidou a mergulhar na história da medicina e da saúde.

    Inaugurado a 17 de outubro de 2024, é um museu privado criado a partir da coleção de um médico e colecionador português, natural de Aveiro. O espaço combina a tradição de uma casa do século XIX ao estilo brasileiro, com a modernidade de uma museografia interativa e áreas ajardinadas que convidam à visita e à descoberta.

    Um Sistema Fiscal que Penaliza o Mérito e a Competitividade

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    Um Sistema Fiscal que Penaliza o Mérito e a Competitividade
    Um Sistema Fiscal que Penaliza o Mérito e a Competitividade

    Portugal orgulha-se, e bem, de ser uma democracia estável, com instituições sólidas e uma economia integrada no espaço europeu. No entanto, há um elemento estrutural que continua a travar o crescimento, o investimento e a inovação: o sistema fiscal. De acordo com relatórios recentes da OCDE, Portugal está entre os países com a carga fiscal mais pesada e o regime menos competitivo da organização. Esta realidade não é apenas um problema económico, é um obstáculo ao futuro do país.

    O sistema fiscal português é complexo, instável e, acima de tudo, penalizador. As empresas enfrentam uma das taxas efetivas de tributação mais elevadas da Europa, combinadas com uma burocracia que desincentiva o investimento estrangeiro e desmotiva o empreendedorismo interno. A isto soma-se uma legislação frequentemente alterada, que cria incerteza e mina a confiança. A previsibilidade fiscal, um valor essencial para quem investe, é uma miragem em Portugal.

    Mas o problema não é apenas empresarial. Os cidadãos sentem igualmente o peso de um Estado que exige muito e devolve pouco. A carga fiscal sobre o trabalho é sufocante, atingindo sobretudo a classe média, que paga de forma desproporcional face ao seu rendimento. Entre impostos diretos e indiretos, taxas e contribuições, o contribuinte português vive num ambiente em que o esforço fiscal é elevado, mas o retorno em serviços públicos é frequentemente dececionante.

    Esta combinação de alta tributação e baixa eficiência cria um círculo vicioso. As empresas hesitam em crescer, os jovens qualificados em regressar, e o investimento estrangeiro procura destinos mais previsíveis e competitivos. Países como a Irlanda, os Países Baixos ou mesmo a República Checa têm demonstrado que é possível conjugar responsabilidade orçamental com um sistema fiscal favorável ao investimento e à criação de riqueza. Portugal, pelo contrário, continua preso a uma lógica fiscal que parece mais preocupada em arrecadar receita do que em promover desenvolvimento.

    Parte do problema reside na ausência de uma estratégia fiscal coerente. As sucessivas reformas apresentadas nas últimas décadas foram, na sua maioria, conjunturais e reativas, sem uma visão de longo prazo. Falta um compromisso político que vá além dos ciclos eleitorais e que reconheça o papel da fiscalidade como instrumento de competitividade e não apenas de financiamento do Estado.

    Não se trata de defender menos impostos a qualquer preço. Trata-se, antes, de repensar a estrutura fiscal de forma a torná-la mais justa, mais simples e mais previsível. Um sistema que premeie quem investe, quem cria emprego e quem inova. Um sistema que alivie a carga sobre o trabalho e incentive o mérito, em vez de o penalizar.

    Portugal tem hoje condições únicas para se reposicionar: estabilidade institucional, integração europeia, talento humano e crescente aposta na transição digital e verde. Mas tudo isso pode ser desperdiçado se o quadro fiscal continuar a funcionar como travão, e não como motor. Nenhuma economia se torna competitiva apenas com boas intenções, é necessário criar condições concretas para atrair e reter investimento.

    A competitividade fiscal não é sinónimo de injustiça social. Pelo contrário, um sistema fiscal eficiente gera crescimento, emprego e receitas mais sustentáveis, permitindo ao Estado financiar políticas públicas robustas sem sacrificar o dinamismo económico. É este equilíbrio que falta encontrar.

    Portugal precisa de uma reforma fiscal estrutural em vez de remendos. Uma reforma que simplifique, que reduza a incerteza e que devolva confiança a quem produz. Sem ela, continuaremos a ver talento a emigrar, empresas a estagnar e oportunidades a escapar.

    Num mundo globalizado e competitivo, persistir num modelo fiscal pesado e ineficiente é, em última análise, uma forma de desistência e Portugal não se pode dar a esse luxo.

    Para além da matriz masculina

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    Para além da matriz masculina
    Para além da matriz masculina

    Introdução: O Colonialismo Mental da Matriz Masculina

    Neste ensaio procuro elaborar uma proposta de um modelo antropológico equilibrado com base no princípio da complementaridade. A sociedade contemporânea encontra-se enredada num paradoxo fundamental: enquanto se proclama a igualdade de género e se celebram conquistas no campo dos direitos das mulheres, a estrutura profunda que organiza o pensamento, o poder e a economia permanece fundamentalmente masculina na sua essência. Este “colonialismo mental”, como aqui o designamo, não poupa homens nem mulheres, condicionando o desenvolvimento humano e social a padrões aparentemente arbitrários, determinados pelo zeitgeist de cada época, mas invariavelmente ancorados numa lógica de afirmação, competição e domínio.

    O presente artigo propõe uma análise teórica, analítica e crítica da nossa matriz antropológica e sociopolítica, procurando não apenas diagnosticar o problema, mas apresentar um modelo alternativo que honre genuinamente tanto o princípio da feminilidade como o da masculinidade, não como categorias biológicas fixas, mas como dimensões complementares presentes em cada ser humano e necessárias ao equilíbrio social.

    1. Arqueologia da Diferenciação: Das Origens à Divisão do Trabalho

    1.1. As Raízes Evolutivas da Especialização

    Nos primórdios da humanidade, a divisão de tarefas entre caça e recolha estabeleceu padrões de especialização cognitiva e social que reverberam até hoje. O homem caçador desenvolveu capacidades de visão ao longe, pensamento abstrato e estratégico, capacidade de risco calculado e ação decisiva, características que designo como “masculinas”. A mulher recolectora especializou-se na atenção ao próximo e ao concreto, na gestão do espaço doméstico, na nutrição e no cuidado, as pressupostas características “femininas”.

    Esta diferenciação inicial, produto de necessidades adaptativas, não era hierárquica, mas complementar. Duas leis evolutivas operavam em equilíbrio: a lei da afirmação seletiva (seleção natural, competição, domínio do mais forte) e a lei da colaboração (cooperação, inclusão, interdependência). Ambas eram necessárias à sobrevivência do grupo.

    1.2. Da Deusa-Mãe ao Patriarcado: A Viragem Neolítica

    No período neolítico, com o surgimento da agricultura e da pecuária, o culto da deusa-mãe testemunhava o reconhecimento da mulher como princípio de continuidade da vida, associada à terra fértil e à natureza. Esta fase representa talvez o último momento histórico de equilíbrio real entre os princípios feminino e masculino nas estruturas simbólicas e de poder.

    Com o desenvolvimento da metalurgia, da guerra organizada e das primeiras estruturas estatais complexas, inicia-se a progressiva masculinização das estruturas de poder. O princípio masculino expresso em  afirmação, conquista, hierarquia e domínio, passa a colonizar todas as esferas do social.

    2. A Economia como Motor da Masculinização Social

    2.1. Da Revolução Industrial à Era Digital

    A Revolução Industrial marca um ponto de viragem crucial. A transição dos modelos agrícola e artesanal para a produção industrial em larga escala exigia cada vez mais mão-de-obra. As mulheres constituíam uma reserva estratégica, mas para serem integradas no mundo industrial, tinham de se adaptar à lógica masculina da produção: competição, eficiência, hierarquia rígida, separação entre trabalho e vida.

    A pílula anticoncepcional, significativamente criada para as mulheres, não para os homens, simboliza esta instrumentalização: permitia às mulheres entrarem no mercado de trabalho nos termos masculinos, controlando a reprodução para não interromper a produção. A maternidade, princípio feminino por excelência, tornava-se um “problema” a gerir sob o princípio da masculinidade.

    O pragmatismo e o utilitarismo substituíram progressivamente a filosofia, a religião e a ética social como fundamentos do pensamento coletivo. A sociologia tornou-se a pilar da democracia, mas uma democracia crescentemente reduzida à gestão pragmática e cosmética, orientada para resultados mensuráveis a curto prazo, numa lógica essencialmente masculina expressa também na funcionalidade e logaritmos.

    2.2. O Marketing e a Instrumentalização da Feminilidade

    Paradoxalmente, enquanto as estruturas se masculinizavam, o marketing descobria na sensibilidade feminina um filão a explorar. As mulheres, mais orientadas para o sentimento e para a dimensão relacional e do consumo (versus o foco masculino no propósito), tornaram-se alvos privilegiados da indústria e dos serviços. Mas esta “valorização” da feminilidade era, na verdade, mais uma forma da sua instrumentalização ao serviço do princípio masculino: o lucro, a expansão, o progressos ou seja, o crescimento pelo crescimento.

    3. O Princípio “Divide et Impera” Aplicado ao Género

    3.1. A Falsa Dialética da Luta de Géneros

    O antigo princípio político e militar “divide para reinar” (divide et impera) encontra na questão do género uma aplicação particularmente insidiosa. Tal como na luta entre ricos e pobres, a dialética entre homens e mulheres é frequentemente enquadrada em termos de conflito, competição e conquista de poder, numa palavra, em termos masculinos de carácter meramente sociológico.

    Grande parte do ativismo feminista contemporâneo, embora animado por legítimas reivindicações de justiça, adota estratégias de luta de carácter extremamente masculino: afirmação agressiva, confrontação, conquista de territórios de poder. Esta contradição performativa, lutar pela feminilidade com armas masculinas, revela até que ponto a matriz masculina colonizou até os movimentos que pretensamente a contestam.

    3.2. A Naturalização do Paradigma Militar

    A naturalidade com que se discute hoje a introdução do serviço militar obrigatório também para mulheres constitui um sintoma revelador. O modelo militar, hierarquia rígida, obediência, violência organizada, sacrifício individual ao coletivo abstrato, representa a quintessência do princípio masculino. Que a “igualdade de género” se afirme através da integração das mulheres neste modelo, em vez de questionar o próprio modelo, demonstra o grau de internalização da matriz masculina. Também a mulher reduzida a mera funcionalidade.

    4. Mutilações Contemporâneas: Homens Efeminados e Mulheres Masculinizadas

    4.1. O Mito da Feminização Social

    Observamos hoje homens aparentemente mais “efeminados”, o que é frequentemente interpretado como sinal de feminização da sociedade. Esta leitura é duplamente equivocada. Primeiro, porque confunde efeminação (caricatura da feminilidade) com feminilidade genuína (princípio de integração, cuidado, relação). Segundo, porque estes homens não são agentes de uma mudança estrutural, mas sintomas e vítimas do zeitgeist, manifestações de uma crise de identidade masculina que não altera a dominância da matriz masculina nas estruturas de poder.

    4.2. O Drama das Mulheres em Posições de Poder

    Sintomaticamente, mulheres em cargos de liderança tendem frequentemente a ser mais agressivas, mais “masculinas” na sua gestão do que muitos homens. Este fenómeno não é acidental: numa estrutura masculina, as mulheres sentem necessidade de “provar” o seu valor adotando e exacerbando os códigos masculinos. É uma forma de compensação que, tragicamente, perpetua o sistema que as limita.

    A verdadeira igualdade não virá de mulheres que se tornam “homens honorários”, mas da transformação das estruturas para que possam acolher genuinamente o princípio feminino.

    5. A Era Digital e a Intensificação da Masculinização

    5.1. Hiperconexão e Individualização

    A revolução digital, com a Inteligência Artificial, a automação, os Big Data e a biotecnologia, promete (ou ameaça) uma transformação sem precedentes. Paradoxalmente, num mundo hiperconectado, observamos uma intensificação da individualização (acentuação do ego), mais uma manifestação do princípio masculino (autonomia, separação, competição) em detrimento do feminino (interdependência, comunidade, cuidado).

    A lógica algorítmica que domina a era digital é essencialmente masculina: análise, divisão, classificação, otimização, eficiência. Os próprios algoritmos reforçam soslaios de género existentes, perpetuando a matriz masculina em código.

    5.2. A Crise da Visão a Longo Prazo

    O modelo masculino dominante, focado na afirmação imediata e na conquista de objetivos a curto prazo, mostra-se crescentemente inadequado face aos desafios contemporâneos. As crises ecológica, climática e de sustentabilidade exigem precisamente as qualidades do princípio feminino: cuidado com o longo prazo, atenção aos efeitos sobre o todo, responsabilidade relacional, prudência.

    A incapacidade das nossas estruturas políticas e económicas de responderem adequadamente a estes desafios não é acidental, é estrutural, produto da dominância da matriz masculina.

    6. Proposta de um Modelo Antropológico Equilibrado

    6.1. Reconhecer a Bivalência de Cada Pessoa

    O primeiro passo é reconhecer que cada pessoa, independentemente do sexo biológico, é portadora de características masculinas e femininas. A masculinidade (afirmação, análise, abstração, competição) e a feminilidade (integração, síntese, materialidade, tangibilidade: colaboração) não são propriedades de homens e mulheres, mas dimensões da psique humana (Aninus e Anima) e princípios organizadores da sociedade.

    6.2. Reequilibrar as Estruturas de Poder

    Em vez de procurar a “igualdade” através da adaptação das mulheres à matriz masculina, é necessário transformar as próprias estruturas para que valorizem genuinamente:

    – Decisões a longo prazo (versus resultados imediatos)

    – Cuidado e sustentabilidade (versus crescimento e conquista)

    – Colaboração e interdependência (versus competição e autonomia)

    – Concreto e local (versus abstrato e global)

    – Processos e relações (versus objetivos e hierarquias)

    6.3. Reformular a Educação e a Cultura

    A educação deve cultivar conscientemente ambos os princípios em todas as pessoas:

    – Capacidade de afirmação e de integração

    – Pensamento analítico e sintético

    – Competição saudável e colaboração

    – Autonomia e interdependência

    – Corpo e alma em diálogo de complementaridade

    7. Para Além do Zeitgeist: Liberdade de Pensar

    7.1. “Conhece-te a Ti Mesmo”

    O princípio socrático “conhece-te a ti mesmo” é aqui fundamental. Enquanto não reconhecermos conscientemente a colonização das nossas mentes pela matriz masculina, permaneceremos seus prisioneiros. O autoconhecimento individual e coletivo é a precondição da liberdade.

    7.2. Criatividade e Inovação Genuínas

    A verdadeira criatividade e inovação exigem liberdade de pensar para além dos padrões estabelecidos. Um modelo antropológico equilibrado, que honre ambos os princípios, seria genuinamente inovador; não no sentido do “progressismo globalista” (que é frequentemente mais uma forma de imperialismo da matriz masculina), mas no sentido de abrir possibilidades realmente novas de organização social.

    8. Conclusão: Rumo a uma Nova Complementaridade

    A sociedade contemporânea encontra-se numa encruzilhada. A intensificação da matriz masculina, longe de nos conduzir a um futuro sustentável e humanamente satisfatório, está certamente a produzir uma era de “desumanização do humano”, um novo nomadismo desenraizado, uma crise ética de proporções sem precedentes.

    A solução não passa por inverter simplesmente a polaridade, substituir a tirania do masculino pela do feminino, mas por reconhecer a necessidade de ambos os princípios numa relação de complementaridade genuína, não hierárquica.

    Homens e mulheres, cada um com a sua particular combinação de características masculinas e femininas, precisam de estruturas sociais, políticas e económicas que valorizem essa riqueza em vez de a mutilarem. Apenas assim será possível um desenvolvimento verdadeiramente humano, nem exclusivamente masculino nem exclusivamente feminino, mas integralmente humano.

    O desafio não é técnico, mas civilizacional: trata-se de re-imaginar a própria estrutura do poder, da economia e da organização social para além do paradigma da dominação. Trata-se, afinal, de realizar a promessa não cumprida da modernidade: uma sociedade de pessoas livres e iguais em dignidade, capazes de afirmação e de integração, de autonomia e de interdependência, de conquistar e de cuidar.

    Este é o horizonte de uma verdadeira inovação antropológica, não a adaptação das mulheres ao mundo masculino, mas a criação de um mundo verdadeiramente humano.

    O progresso verdadeiro não é apenas técnico, mas humano; não é apenas crescimento, mas desenvolvimento; não é apenas afirmação, mas também integração.

    Considero urgente que os temas de que a ciência, a economia e a política se deveriam ocupar prioritária e criticamente seriam os seguintes: Matriz masculina, princípios feminino e masculino, complementaridade de género, antropologia social, crítica da modernidade, economia do cuidado, colonialismo mental, desenvolvimento humano integral.

    Todos nós, uns mais que outros, já passamos ou experimentamos a difícil arte de singrar na vida

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    Todos nós, uns mais que outros, já passamos ou experimentamos a difícil arte de singrar na vida! Existem caminhos, existem carreiros e existem atalhos!

    Para mim, é óbvio que o melhor é fazer o caminho, por muito que isso nos custe, subir a pulso, sem andar às cavalitas alheias.

    Mas nem todos pensamos e agimos assim.

    Existe uma classe de criaturas que não se conformam com a sua pouca significância na sociedade em que vivem, unham-se e desunham-se para se afirmarem, não importa como, mas de preferência seguindo o atalho, afinal, cavalgar o populismo sempre vai dando uns dividendos e para quem faz do show off a sua ascensão à notoriedade, tem pressa em chegar ao cimo.

    As necessidades de afirmação não se compadecem com essa “coisa” de subir degrau a degrau ou a pulso, isso é para os tansos e tansas da sociedade. Hoje em dia torna-se fácil, com a liberdade de opinião e a democracia explorada até à exaustão, que qualquer “bicho careta” ou uma qualquer “gata pingada” na falta da tal notoriedade e com uma dose elevada de invídia no sangue, opte por visar alguém bem conhecido e de preferência controversa, para atirar “o pau ao gato”!!

    Dessa forma e de uma assentada, lá se matam dois coelhos.

    Uma criatura absolutamente desconhecida para a maioria, de quem quase ninguém ouviu falar, com uma golpada ludibriosa, passa a andar nas bocas do povo ao escolher como alvo uma figura pública. Pode ser a Cristina Ferreira, a Bárbara Guimarães, a Catarina Furtado, ou muitas outras cuja exposição, por força da vida profissional, as deixam à mercê de alpinistas mediáticos e influencers de trazer por casa!!

    Traçar perfis é uma ciência forense usada pelas polícias de todo o mundo, para antecipar ataques de psicopatas e coisas tais.

    Mas como a moda agora é ser “coach”…especialista numas porras que vêm nuns manuais, de repente todos são entendidos e criam umas empresas “à lagardere” tipo …(CEO and Founder na empresa SWAT – The Profiling Specialists).

    Arranjam-se umas credenciais pomposas Q.B., misturamos umas pitadas de esperteza saloia, mais umas gramas de ambições desmedidas, mexe-se bem e mete-se no forno.

    Depois lá hão-se aparecer uns quantos populistas, que deliram com charadas patéticas, quanto mais aparvalhadas mais se delira e que comem tudo o que lhes põem à frente, tanta é a míngua de neurônios positivos.

    Uma, a visada, goste-se ou não se goste, concorde-se ou não se concorde, aprove-se ou desaprove-se, é uma questão de opinião de cada qual, fez o caminho das pedras e demonstrou ter a argúcia para se guindar merecidamente ao lugar onde se encontra na sociedade e no meio profissional que escolheu para a sua vida.

    Já os detractores, fazem parte da chusma de lambisgoias e velhacos, que veem em qualquer matéria uma oportunidade de se encavalitarem, criando a controvérsia que os catapultará ou não, para a arte de aceitação social e singrarem nas catacumbas da vida.

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