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    Candidato do BE à Câmara de Aveiro defende a regulação do Alojamento Local

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    João Moniz do Bloco de Esquerda
    João Moniz do Bloco de Esquerda

    Numa publicação nas suas redes sociais, João Moniz, candidato do Bloco de Esquerda à presidência da Câmara Municipal de Aveiro, defende que é urgente regular o Alojamento Local (AL) no concelho.

    O candidato bloquista reconhece que o turismo ganhou um peso enorme na economia local e que, por um lado, isso reflete o apreço crescente pelo território aveirense. No entanto, alerta que “esta transformação obriga os decisores políticos a enfrentar novos problemas” e acusa os sucessivos executivos PSD/CDS de promoverem uma política deliberada de “inação ativa” ao deixarem o mercado do AL “à solta”.

    João Moniz sublinha que “o município tem feito grandes esforços para moldar o território em favor do turismo”, seja nas políticas culturais, seja nas requalificações urbanas, e que o crescimento do Alojamento Local é “um dos subprodutos deste crescente interesse por Aveiro”. Embora os números variem entre fontes. “Ribau Esteves fala em 1600 estabelecimentos de AL, enquanto o Registo Nacional de Turismo contabiliza 641”. Acrescentando que “a grande maioria desses estabelecimentos encontra-se concentrada na Vera Cruz e Glória”.

    “O AL em si não é necessariamente um problema, mas passa a ser quando se massifica e concentra territorialmente”, explica. “É inegável que existe um conflito entre a função social de uma habitação (ser habitada) e a atividade económica do AL. […] Cada AL é em potência uma habitação que poderia estar a cumprir a sua função social”.

    O candidato do Bloco de Esquerda considera que esta pressão, num contexto de subida acelerada dos preços da habitação, agrava os processos de gentrificação e expulsão dos residentes do centro urbano, e afirma que “é preciso mudar radicalmente o paradigma que tem dominado o concelho”.

    Para João Moniz, esse novo paradigma deve assentar em quatro eixos fundamentais: A limitação da abertura de emissão de licença a novos AL nas zonas com maior pressão urbanística e turística, nomeadamente na Glória e Vera Cruz. A criação de quotas máximas por freguesia, de modo a proteger a função habitacional do parque edificado. Restrições à conversão de uso habitacional em AL. E um sistema eficaz de fiscalização, assente no cruzamento de dados entre o Registo Nacional do Turismo e a Autoridade Tributária.

    “O reconhecimento de que o AL é um dos fatores de pressão sobre o mercado habitacional interpela-nos para a ação”, afirma o candidato, acrescentando que é necessário “redistribuir e descentralizar os ganhos económicos do turismo pelo território”.

    A par da regulação do AL, João Moniz defende ainda medidas complementares: uma mobilidade mais capaz, adaptada às necessidades de quem vive e visita Aveiro: “o que existe atualmente não passa de um sistema de transporte escolar glorificado”, e uma aposta estratégica nas potencialidades das freguesias fora do centro. “Estas medidas, em conjugação com a implementação de uma taxa municipal turística, vão garantir justiça no usufruto do produto económico da atividade turística”.

    O Bloco de Esquerda assume-se como a candidatura que rompe com a lógica de monocultura turística e com a submissão da cidade à especulação. Para João Moniz, regular o Alojamento Local é defender o direito à cidade e à habitação.

    C.P. – Comboios Pré-históricos

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    Comboio antigo da cp
    Comboio antigo da cp

    Viajar na CP em 2025 é como recuar no tempo — e não estou a falar de nostalgia. Falo de degradação real, concreta, sistemática. Uma empresa pública que se arrasta como se vivesse num Portugal sem futuro. Apanho o comboio em Vendas Novas, onde já não há estação — há ruínas. Não há um funcionário, não há uma máquina, não há rede, não há informação. Há, no entanto, um comboio. Um ferro velho sobre carris, sem internet, sem dignidade, e sem vergonha.

    E depois aparecem os revisores. Não para ajudar — para caçar. Fiscalizam com o zelo de um comissário soviético. Perguntam em que estação se entrou, se sabia que naquela não se paga, se naquela se pode pagar, se naquela é multável. Como se os passageiros tivessem de decorar o labirinto kafkiano de regras não escritas que só os iluminados da CP conhecem. Bilhete? Só em dinheiro. Cartão? Não aceitamos. Apareceu com o telemóvel sem bateria e sem multibanco por perto? Problema seu. Multa.

    Mas o caos não fica por aqui. Precisa de um passe para Lisboa? Boa sorte. Em toda a linha do Sul, só o Pinhal Novo o vende. Nem o Pragal, em Almada, uma estação urbana movimentada, vende passes CP. E se for a primeira vez que o tira? Espere sentado. Um mês de espera, porque o sistema é analógico, burocrático e hostil. Como se cada passageiro tivesse de provar que merece entrar no comboio. E antes da farsa dos passes baratos do Governo, a coisa era ainda mais ridícula: o passe custava 300 euros — e só com parecer camarário (!) se conseguia um desconto de 100 euros. Um parecer para andar de comboio. Isto não é serviço público — é serviço punitivo.

    Enquanto isso, do outro lado do espelho, a Fertagus. Privada. Moderna. Eficiente. Com torniquetes, pontualidade, máquinas a funcionar, canais de apoio, controlo digital, previsibilidade. Um milagre? Não. Apenas uma empresa normal. Uma empresa que respeita quem viaja e que existe para servir, não para castigar.

    A CP está podre. Não por culpa dos trabalhadores, que muitas vezes fazem milagres com meios miseráveis. Mas porque foi capturada por sindicatos que vivem em permanente chantagem. Travam tudo o que cheire a modernização. Bloqueiam a digitalização, combatem a responsabilização, ameaçam com greves sempre que alguém ousa querer mudar qualquer coisa. E os sucessivos governos ajoelham.

    E depois perguntam por que razão os portugueses não usam o comboio. Porque é um pesadelo. Porque é um atentado ao tempo, ao bolso e à paciência. Porque a CP, em vez de ser a espinha dorsal da mobilidade verde, é a caricatura de um Estado que perdeu a capacidade de funcionar.

    A única saída é clara: privatização total. Chega de subsidiar o absurdo. Chega de alimentar uma estrutura que despreza os utentes e se escuda em discursos sobre “serviço público” para continuar tudo na mesma. O verdadeiro serviço público é pôr os comboios a andar, em vez de andarmos todos a pé — ou de multa na mão.

    Portugal não pode continuar a ser o único país da Europa onde o futuro chega com uma hora de atraso… todos os dias.

    A República que ensinava Liberdade… mas só aos Homens

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    bandeira de portugal
    bandeira de portugal

    A Primeira República portuguesa nasceu com uma energia difícil de ignorar. Trazia consigo a retórica do progresso, a missão pedagógica de civilizar o país e a promessa de uma nova era, livre de superstição, atraso e privilégio dinástico. Foi um tempo de reformas entusiásticas, de expansão do ensino, de combate ao analfabetismo, de secularização militante e de racionalismo importado das Luzes francesas. Para muitos, foi um despertar.

    O problema foi o resto.

    A República alfabetizava, mas não democratizava verdadeiramente. Proclamava a liberdade, mas com asteriscos. As mulheres, por exemplo, continuaram arredadas da vida política. A cidadania plena era coisa de homens. Beatriz Ângelo, médica e contribuinte, conseguiu — por brecha legal e firmeza pessoal — votar em 1911. Foi a primeira mulher portuguesa a fazê-lo. E a última durante décadas. A lei foi logo “corrigida”. O gesto de Beatriz ficou como excepção incómoda: uma mulher que ousou reivindicar a liberdade que a República ensinava, mas não concedia.

    É esta contradição que define o regime republicano nos seus dezasseis anos de vida. Quarenta e seis governos em dezasseis anos — uma média de quase três por ano. Golpes de Estado, levantamentos armados, revoltas nos quartéis, assassinatos políticos. O Parlamento era uma caixa de ressonância de fações em conflito, mais preocupado em derrubar do que em governar. A estabilidade foi um luxo que o regime nunca chegou a conhecer.

    E, ainda assim, acreditou-se que Portugal podia impor-se no mundo. A participação na Primeira Guerra Mundial foi apresentada como gesto de maturidade política. Um país pequeno, em bancarrota, com fome nas ruas, decidiu enviar milhares de homens para as trincheiras da Flandres e para as campanhas em África. O objetivo era dar legitimidade internacional à jovem República. O preço foi altíssimo. Famílias destroçadas, soldados mortos, mutilados esquecidos. Internamente, a guerra agravou a crise. Mas no exterior, alguns republicanos foram promovidos. Afonso Costa, figura central do regime, viria a representar Portugal na Sociedade das Nações — como se o fracasso doméstico pudesse ser compensado com prestígio diplomático.

    Entretanto, reescrevia-se a história à força da toponímia. Mudaram-se os nomes das ruas, das praças, das escolas. Onde havia reis, colocaram-se heróis republicanos. Onde havia santos, datas. A Avenida D. Carlos tornou-se Avenida Almirante Reis. A tradição foi apagada a lápis grosso, como se Portugal tivesse começado em 1910. Parecia inconveniente recordar que tínhamos oito séculos de história antes da República. Como se D. Afonso Henriques, os Descobrimentos, a Restauração ou o Marquês de Pombal fossem meras notas de rodapé.

    O resultado foi um país dividido entre a exaltação simbólica e a desordem prática. A Primeira República queria ser escola, mas não conseguiu ser regime. Queria ensinar cidadania, mas não soube garantir direitos básicos. Queria progresso, mas viveu em sobressalto. Não lhe faltaram ideais. Faltou-lhe o essencial: estabilidade, inclusão e humildade histórica. A memória oficial ainda hoje a glorifica, como se tivesse sido o grande ponto de viragem da nossa modernidade. Mas a verdade é que durou pouco, caiu com estrondo e deixou muito por cumprir.

    Portugal é mais do que a sua República. E a liberdade que se ensina deve ser também a liberdade que se pratica. Mesmo — ou sobretudo — quando quem a reivindica se chama Beatriz, e não Manuel.

    Está na hora de mandar um murro em cima da mesa

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    Murro na mesa
    Murro na mesa


    De todos os artigos que tenho escrito, focando na defesa da imprensa regional, é com orgulho que constato que todos eles têm mexido com algumas pessoas e instituições, mas o último, que se intitula “As câmaras vão ser os coveiros da imprensa regional”, está a dar mais que falar do que tem sido habitual, nos fóruns da boa e da má-língua.

    “E depois ainda existem as “virgens ofendidas” e já agora os “velhos do restelo” que se torcem todos, e só é pena não se partirem ao meio

    Por um lado, começam a levantar-se as vozes há muito amaciadas e desalentadas com o rumo do nosso setor, por outro, as vozes daqueles que de alguma forma são visados ou sentem que têm de enfiar o barrete, revendo-se nalgumas partes dos meus artigos. E depois ainda existem as “virgens ofendidas” e já agora os “velhos do restelo”, que se torcem todos, e só é pena não se partirem ao meio, para ver se aliviam a bota que sufoca o nosso setor.

    Fico satisfeito pelas manifestações de ambos os quadrantes. É sinal que estamos a mexer e a começar a levantar o pó. Uma coisa é certa, está já em curso um movimento que visa inverter e restaurar o equilíbrio da imprensa regional, de uma vez por todas. Acabaram-se os panos quentes e o “brincar às reuniões com o governo”. Chegou a altura de darmos um valente murro na mesa e exigir decisões à homem e não “nins” à menino. É preciso ver se este governo “ou dá cascas ou dá tabiques”. Para ambas as respostas, há soluções. E estarei aqui, conjuntamente com as centenas de órgãos de comunicação regional, para as implementar.

    “…exigir ao governo e ao regulador, que proíba já as autarquias de continuarem a fazer concorrência desleal…”

    É preciso, entre tantas revindicações, exigir ao governo e ao regulador, que proíba já as autarquias de continuarem a fazer concorrência desleal, usando os seus portais e os seus orçamentos, ao serviço da propaganda política. É ilegal, é um crime e tem de ser denunciado e corrigido. Depois, há que ajustar contas com o passado. As autarquias, o governo e o regulador são responsáveis diretos pelo estado do setor da imprensa regional, pelas falências já ocorridas e pela debilidade do que resta dos nossos órgãos de comunicação. Isto também tem de ser ressarcido. Urge promover um amplo debate nacional, para que se possa chegar a consensos e voltarmos de novo ao caminho do crescimento, interrompido lá pelos anos 90 do século passado. O nosso setor pode e deve crescer, fortalecendo-se e fortalecendo assim a democracia regional, difundindo o que os leitores esperam, sempre com a verdade e o contraditório a que assiste cada artigo que produzimos.

    Basta de subjugarmos a nossa carteira profissional e os nossos veículos informativos ao poder público regional (autarquias essencialmente), que além de nos atirarem com migalhas, ainda tem o desplante de se substituírem a nós, enquanto imprensa regional, gastando milhões do erário público para produção e difusão das vaidades do Sr. Presidente, seja de que partido for.

    “…preparam-se estratégias de luta que nunca se ousou sequer equacionar…”

    Deste lado, estou preparado, e bem assessorado, para iniciar este debate e trazer para a agenda pública mediática do país estes 2 pontos fundamentais para a nossa sobrevivência.

    Através da APMEDIO, do qual tenho o imenso orgulho de ser Presidente da Mesa da Assembleia, preparam-se estratégias de luta que nunca se ousou sequer equacionar e que irão ser implementadas a partir de outubro (devido ao período das eleições autárquicas), e visam uma completa remodelação da imprensa regional, no que tange os seus direitos e deveres, e acima de tudo, o cumprimento escrupuloso da lei da imprensa, que em Portugal apenas é cumprida para sancionar o pequeno editor. Infelizmente o que temos recebido do governo têm sido apenas e unicamente troféus produzidos nas Caldas da Rainha.  E já começa a doer bastante.

    Um novo 25 de abril vai começar a ser desenhado…”

    Este ataque constante ao nosso setor vai ter de parar já! Meia dúzia de corruptos ganham alguma coisa com o estado a que chegamos, mas 90% dos órgãos regionais não têm de passar por uma sarcopenia imposta, ou antes de tempo.

    Insto os leitores a darem força a este movimento, a estarem connosco, nem que seja como força silenciosa. Um novo 25 de abril vai começar a ser desenhado e precisamos de todos, todos, todos.

    Fernando Gonçalves Lavrador e Vasco da Gama abrem o 29º Festival de Cinema de Avanca 2025

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    Vasco da Gama imagem
    Vasco da Gama imagem

    Na noite de quarta-feira, dia 23 de julho, como habitualmente, a cerimónia de abertura da edição número 29 do AVANCA – Encontros Internacionais de Cinema, Televisão, Vídeo e Multimédia marca-se com a entrega dos prémios do ano passado e com momentos especialmente significativos da criação cinematográfica portuguesa.

    Acompanhando os atos comemorativos do ano, o Festival de Cinema AVANCA junta-se à comemoração dos 500 anos de Vasco da Gama e aos 80 anos da criação do primeiro cineclube em Portugal.

    Fernando Gonçalves Lavrador foi em 1945 o primeiro vice-presidente e secretário do Clube Português de Cinematografia, que, sendo o primeiro cineclube do nosso país, viria a ser mais tarde o Cineclube do Porto. Tendo passado a maior parte da sua vida em Aveiro, ali viria a fundar também um cineclube e, mais tarde, foi um apoio e uma inspiração para o Cine Clube de Avanca.

    Com uma obra ímpar no estudo da semiótica e da filmologia, o seu espólio é a base de criação de um espetáculo autoral de videomapping nas paredes exteriores do Auditório Paroquial de Avanca.

    Com autoria de Alexandre Martins e Ana Gabina  esta obra é completada por uma instalação vídeo na Escola Egas Moniz.

    “Vasco da Gama – o Mar Infinito” é o título do novo filme de Cláudio Jordão. Integrado nas comemorações em curso dos 500 anos. Esta obra, apadrinhada pelo Município de Sines, traça o percurso histórico do descobridor numa recriação criativa em animação tridimensional inspirada na azulejaria portuguesa. Jordão, um dos mais premiados autores da animação portuguesa, volta a desafiar recursos narrativos e estéticos num filme invulgar sobre uma personalidade singular da história de Portugal.

    Ao longo de cinco dias, 75 filmes inéditos em Portugal vão estar em competição pelos prémios do festival.

    Destes filmes, 38 vão ser exibidos em estreia mundial, em boa parte com a presença dos autores que apresentarão os seus filmes.

    Em competição vão estar longas e curtas metragens, filmes de ficção, documentários, animações, experimentais e produzidos com IA, filmes VR de 360º, entre outros.

    As sessões de cinema acontecem no Auditório Paroquial de Avanca, todos os dias a partir das 10 horas e até à meia-noite. Todos os filmes exibidos são legendados em português e ou inglês.

    O Festival AVANCA iniciou-se já no dia 18, com sessões diárias não competitivas, que permitiram rever os premiados do ano passado, os filmes que participam no projeto de formação e motivação “avancaGIGANTES”, uma longa-metragem italiana produzida por um festival parceiro, os filmes de “AVEIRO Capital Portuguesa da Cultura 2024” e a retrospectiva do realizador sérvio Goran Radovanovic.

    O 29º AVANCA 2025 é uma organização do Cine-Clube de Avanca e Município de Estarreja com o apoio do ICA / Ministério da Cultura, Juventude e Desporto, IPDJ, Turismo Centro, Junta de Avanca, Agrupamento de Escolas e Paróquia de Avanca, para além de várias entidades locais, nacionais e estrangeiras.

    O Português Raul Manarte lança música “O Corpo às Balas” no seu regresso a Gaza

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    O Português Raul Manarte lança música “O Corpo às Balas”, no seu regresso a Gaza para nova missão humanitária.
    O Português Raul Manarte lança música “O Corpo às Balas”, no seu regresso a Gaza para nova missão humanitária.

    O músico e psicólogo humanitário Raul Manarte que está de regresso a Gaza para uma nova missão humanitária, acaba de lançar a música “O Corpo às Balas”, inspirado pela experiência intensa vivida durante a sua missão anterior em Gaza, entre novembro e dezembro de 2024. Este tema conta com a participação especial do cantor e amigo palestiniano Mahmoud Abdel Salam, que vive em Gaza e que, mesmo em contexto hospitalar, leva música e alívio aos pacientes.

    Citando Raul Manarte, “O Mahmoud canta todos os dias no hospital, entra nos quartos dos pacientes e faz o impossível: levanta as pessoas da dor durante alguns instantes. Quando voltámos a falar, já à distância, disse-lhe que queria que cantasse comigo esta canção. E ele aceitou. Gravámos longe um do outro, eu em Portugal e ele em Gaza. Penso que apesar da distância, a voz dele aproxima-nos de Gaza de uma forma tão intensa e real que doutra forma eu nunca o conseguiria fazer sozinho”.

    Raul Manarte, que está de regressa a Gaza para uma nova missão, conta que “estive em dois hospitais da Faixa de Gaza durante um mês e meio, a trabalhar como gestor das atividades de saúde mental”.
    Apesar de já ter feito inúmeras missões em todo o globo, esta foi a sua primeira missão naquela região.

    “Corpo às Balas”, é uma forma de processar o indizível. Segundo Raul Manarte, “Esta canção não foi escrita para explicar Gaza. Foi só a minha maneira de lidar com as coisas enquanto lá estava. Mas talvez, com a voz do Mahmoud, possamos fazer o impossível outra vez: levar quem não está cá a sentir um pouco do que se vive aqui em Gaza.” A música não tenta simplificar a dor ou criar slogans. Antes, propõe um gesto íntimo, um espaço de escuta e presença, onde cada verso carrega memória, espanto e humanidade. Uma mensagem que atravessa distâncias.

    Para Raul Manarte, “O Corpo às Balas” não é um grito político, é um corpo emocional que quer atravessar. Se quem ouvir sentir nem que seja um eco do que o Mahmoud fazia lá, talvez também queira mudar alguma coisa. Missão cumprida.”

     VÍDEO – Raul Manarte feat. Mahmoud Abdel Salam “O Corpo às balas” – https://www.youtube.com/watch?v=NbzcJzKm-KQ

    O Humor a ver-se grego entre os gregos…

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    Imaginemos Atenas. Não a do turismo ou das ruínas, mas a do pensamento vivo. Na colina do Areópago, entre as sombras do olival e o pó das sandálias, reuniram-se os grandes. Heródoto, Hipócrates, Sófocles, Platão, Aristófanes, todos convocados para um conclave urgente. Estavam indignados. Um jovem discípulo de Aristófanes — um autoproclamado “intocável do humor” — defendera que os humoristas não podiam ser julgados por coisa alguma, pois tinham, dizia ele, “uma função moral, quase sagrada, na polis”.

    Foi Hipócrates o primeiro a levantar-se, com a compostura de quem lavou muitas feridas e encarou a morte nos olhos. “Desde quando fazer rir pesa mais que curar a febre ou a peste? E se um médico errar, quem morre é o corpo; mas se um humorista errar, quem morre é o carácter dos outros.” Heródoto acenou com a cabeça. “Eu recolhi histórias de reis, guerras e povos. Fui acusado de mentiroso, de bajulador e até de estrangeirado. Mas nunca pedi imunidade por relatar o mundo. Por que razão, então, o cómico deveria ser declarado inviolável?”

    Aristóteles, que nunca perdia uma oportunidade para organizar ideias, resumiu: “A comédia tem o seu lugar, sim, mas só é elevada quando reconhece os seus limites. Caso contrário, degenera em desdém travestido de liberdade.” E Platão, impassível como sempre, recordou a República: “O riso desenfreado é sinal de descontrolo da alma.” Já Sófocles, habituado a tragédias, murmurou: “A ironia é bela quando serve o justo. Mas quando fere os inocentes, deixa de ser arte e torna-se instrumento de vaidade.”

    Ao longe, ouviu-se Aristófanes suspirar. “O humor deve ser livre”, disse, “mas não irresponsável.” E com isso selaram o veredito: não há toga para quem se exime do peso dos próprios actos, invocando para si uma liberdade que nega aos outros.

    Hoje, dois milénios depois, há quem invoque os gregos como se fossem seus fiadores — e o façam com a ligeireza de quem cita Platão entre dois tweets, ou usa Sócrates como escudo moral para um sketch que expõe outrem à chacota nacional. Não lhes interessa a verdade, mas apenas a justificação. Como diria Nietzsche — que não estava em Atenas, mas devia ter sido convidado: “A arte deve criar beleza, não escárnio. Caso contrário, transforma-se numa feira de vaidades.”

    O que está em causa não é censura, nem processos judiciais. É a velha questão da humildade. Todas as profissões erram. Mas só algumas se habituaram a disfarçar o erro de coragem. Médicos, professores, juízes e jornalistas são criticados, julgados e respondem pelos seus actos. Por que motivo haveria o humor — esse sublime tempero do espírito — de escapar ao escrutínio da ética?

    O jovem discípulo de Aristófanes, dizem, saiu da assembleia com um ar pesaroso. Continuava convencido da sua importância civilizacional. Mas ali aprendeu que até o humor, quando se leva demasiado a sério, corre o risco de deixar de ter graça.

    Festival dos Canais celebra 10.ª edição com balanço muito positivo

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    oma participou no festival dos canais
    oma participou no festival dos canais

    O Festival dos Canais terminou no domingo, 20 de julho, com um balanço extremamente positivo, assinalando de forma marcante a sua 10.ª edição. Promovido pela Câmara Municipal de Aveiro, o evento contou com mais de 30 espetáculos oriundos de 14 países, totalizando 157 apresentações em 18 palcos, espalhados por vários pontos da cidade. Destaque ainda para as 15 estreias absolutas apresentadas ao longo dos cinco dias de programação.

    A adesão do público foi a maior de sempre, com forte afluência em todos os espaços e horários do Festival. A programação abrangeu diversas expressões artísticas, como teatro de rua, novo circo, dança, música, performance e artes visuais, transformando ruas, praças, jardins e canais em palcos vivos de cultura e encontro.

    O Presidente da Câmara Municipal de Aveiro, José Ribau Esteves, destacou “o envolvimento da comunidade local, com uma participação recorde, não só do público, mas também de organizações, artistas e cidadãos aveirenses que se envolveram diretamente na criação de várias propostas artísticas, dando um cunho muito local a esta edição. “Levámos o Festival a espaços onde nunca tinha estado, reforçando o objetivo de aproximar ainda mais os aveirenses e os visitantes da Cidade e dos seus espaços públicos. Podemos afirmar que esta foi a melhor edição de sempre, confirmado a qualidade do Festival, da Cidade dos Canais e da Política Cultural e de Eventos da Câmara de Aveiro”, afirmou.

    Também o programador do Festival, José Pina, sublinhou o alcance artístico e o envolvimento comunitário, que permitiu celebrar a décima edição de forma especial e o balanço é extremamente positivo. “A resposta do público foi magnífica, e a programação teve impacto real na comunidade. Fizemos história, sem desviar o rumo que o festival sempre seguiu. Agradeço ao público, aos artistas e à comunidade artística local, com um reconhecimento especial à equipa do Teatro Aveirense, pela entrega excecional em todas as fases do processo”, concluiu.

    O Festival dos Canais consolidou-se como um dos maiores eventos culturais da Região, reforçando a estratégia municipal de valorização do espaço público, da criação artística e da participação dos cidadãos.

    Temos muitas formas de viver a vida, uma delas é entender que temos uma grande responsabilidade

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    Temos muitas formas de viver a vida, uma delas é entender que temos uma grande responsabilidade em relação a escrever a história de nossas vidas, sendo nós os protagonistas, considerando nossos sonhos, considerando que devemos cuidar de nós mesmos, considerando que as pessoas que pertencem ao nosso núcleo devem ter o lugar que lhes corresponde, sem lhes dar, a qualquer momento, controle sobre nossas decisões, nossas ações ou nossa vida em geral.

    Viver para agradar os outros pode ser o caminho mais frustrante que decidimos transitar, significa deixar nossos anseios de lado e adotar aqueles que não nos pertencem. Embora seja verdade que podemos sentir muita satisfação quando pessoas importantes se sentem orgulhosas de nós, também é verdade que quando geramos esse efeito tentando nos adaptar a parâmetros que não correspondem ao que queremos, mais cedo ou mais tarde essa satisfação se transformará em frustração.

    Todos merecem amor e respeito pelo que são, sem ter que fingir nada ou se encaixar em um determinado padrão, não há um jeito único de fazer as coisas, e é muito arrogante pensar que dentro de um universo de possibilidades, a nossa é a melhor maneira.

    Estamos todos num caminho de evolução e cada um precisa viver suas próprias experiências para aprender e crescer; se vivemos essas experiências tomando como referência o que os outros gostariam de nós, sentiremos falta de lições valiosas ao longo do caminho.

    Nossas emoções estão ligadas aos nossos pensamentos, e ambos são os que acabam provocando um estado de stress, ansiedade ou depressão. Quando não nos sentimos satisfeitos com o que fazemos, porque no final é o que o outro quer, quando pressionamos demais tentando nos encaixar, quando nos importamos mais com o que as pessoas pensam, em vez de como realmente nos sentimos, geramos em nossa mente um número de pensamentos que se tornarão predominantes.

    Por ter uma tendência negativa em nossos pensamentos, nosso corpo reagirá com as emoções associadas, e desta maneira nosso corpo nos alertará de que há algo que não estamos fazendo da melhor maneira, ou que estamos abrigando e alimentando em nossa mente conteúdo que nos causa dano.

    Qualquer indicação de sofrimento emocional deve nos levar a rever nosso estilo de vida, ver a que dedicamos tempo e energia, ver se estamos disponibilizando tempo para nós mesmos, para fazer o que gostamos, mas especialmente é um convite para avaliar quão importante é a nossa vida, a influência de outras pessoas e que lugar na escala de prioridades damos a ela.

    Esta vida é curta demais para actuar como extras ou para viver os sonhos dos outros. Dediquem-se a viver cada segundo da maneira mais apaixonada possível e procure sempre seus sonhos, em vez de procurar a aceitação dos outros.

    IL Aveiro propõe reabilitar o terreno da antiga lota

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    Aveiro não precisa de mais condomínios de luxo à beira-ria. Precisa de espaços vivos, abertos, que sirvam todos os Aveirenses — e não apenas uma elite, assume o partido em comunicado enviado às redações.

    O terreno da antiga lota, no coração da cidade e junto à ria, é a frente lagunar mais subvalorizada de Portugal.

    Luz, espaço e história — tudo por aproveitar.

    A Iniciativa Liberal propõe transformar este vazio urbano em LOTA – Lugar de Oportunidades, Turismo e Ambiente:
    um novo centro de vida urbana, para lazer, cultura, comércio e ligação à natureza.

    NÃO será mais um conjunto de apartamentos fechados a quem cá vive.

    NÃO será mais uma oportunidade entregue à especulação imobiliária.

    SERÁ um espaço útil, acessível e vivo — pensado para todos.

    Defendemos um projeto com:
    🔹 Esplanadas, bares e restaurantes junto à água
    🔹 Zonas verdes amplas, ciclovias, parques infantis e desportos náuticos
    🔹 Um Multiusos moderno para concertos, congressos e eventos culturais
    🔹 Espaços para criação artística e associativa
    🔹 Animação noturna regulada, com horários alargados

    Este é o momento de dar um novo significado à antiga lota. Um projeto com visão, transparência e impacto real.

    Porque LOTA – Lugar de Oportunidades, Turismo e Ambiente não deve ser privatizada em luxo.
    Deve ser devolvida à cidade como lugar de encontro, partilha e futuro.

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