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    Entre o Som e o Silêncio: “CLOUDS” traz o Conservatório Superior de Paris à JOBRA

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    A Jobra Educação acolhe, pelo segundo ano consecutivo, o prestigiado Conservatoire National Supérieur de Musique et de Danse de Paris (CNSMDP) num projeto pedagógico de caraterísticas verdadeiramenteinovadoras.  De 8 a 25 de julho, 21 estudantes das áreas do Jazz, Música Clássica e Produção e Tecnologias da Música, vão participar numa residência artística intensiva, profundamente orientada para a criação, a escuta e a improvisação.

    Entre a fluidez expressiva do jazz modal e a estrutura hipnótica da música minimalista, o CLOUDS convida os alunos a explorar novas linguagens musicais, a assumir múltiplos papéis artísticos – intérprete, compositor, improvisador, líder de ensemble – e a trabalhar em diálogo com outros músicos e abordagens estéticas.

    A orientação pedagógica está a cargo de uma equipa de excelência, composta por três elementos do CNSMDP:

    • Prof. Gilles Burgos, flautista e mentor do projeto, docente do CNSMDP, reconhecido pela sua vasta experiência como intérprete, educador e criador de projetos pedagógicos inovadores;
    • Giulio Ottanelli, saxofonista de jazz, compositor e pedagogo, responsável pelas sessões de jazz modal, improvisação, ritmo e treino auditivo;
    • Clément Caillier, pianista clássico e professor, orientará as sessões de escuta, preparação de repertório e ensaios de obras minimalistas.

    Durante três semanas os alunos participantes irão desenvolver competências práticas e criativas através de:

    • Workshops de escuta e análise (com foco em compositores como Steve Reich, Philip Glass, Terry Riley, Miles Davis ou Wayne Shorter);
    • Exercícios de improvisação e composição em grupo;
    • Treino auditivo, leitura à primeira vista e direção de pequenos ensembles;
    • Ao longo do processo, os estudantes irão preparar uma performance final que integrará obras minimalistas já existentes, recriações de temas jazzísticos e composições originais da sua autoria. Esta apresentação terá lugar na quinta-feira, 24 de julho, às 19h00, em sessão aberta ao público, no Auditório do Centro Cultural da Branca.

    O CLOUDS assume-se como plataforma de experimentação artística e pedagógica onde se desenvolvem competências técnicas, criativas e humanas – promovendo a escuta ativa, o trabalho em equipa e a liberdade de expressão musical. Este projeto representa um exemplo concreto da consolidação internacional da Jobra Educação, oferecendo aos seus jovens músicos a oportunidade única de colaborar com uma das instituições de ensino superior mais prestigiadas do mundo e de participar num processo criativo exigente, desafiante e profundamente transformador.

    Câmara atribuí Medalha de Mérito Municipal Ouro ao Pão-de-Ló de Ovar

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    A Câmara municipal de Ovar decidiu atribuir, na última reunião ordinária da câmara, no dia 17 de julho, no salão nobre da autarquia, a Medalha de Mérito Municipal Grau Ouro ao Pão de Ló de Ovar.

    Alda Almeida, atual Presidente da APPO, contatada pelo Aveiro TV, começa por dizer que é uma enorme alegria o reconhecimento da câmara municipal por todo um trabalho que tem sido desenvolvido nos últimos anos, pelas diversas direções da associação.

    Refere que “…têm sido 18 anos de muito esforço e de muito trabalho promover o pão de ló de ovar, mas que lentamente vai-se conseguindo fazer este percurso.” Diz ainda que alertar o consumidor para a compra do pão de ló certificado tem sido uma das batalhas da associação, mas que sente que as coisas estão a correr bem e com calma a associação conseguirá alcançar os seus intentos.

    A 3ª edição do Festival do Pão de Ló de Ovar começa já no dia 25 de julho, e Alda Almeida espera que seja mais um sucesso, pois o certame conta com muito boa gastronomia, doces de muitos sítios do país, muita música e bandas convidadas. O orçamento está fechado, contando com o apoio da autarquia e de 3 juntas de freguesia, referindo que estes apoios são o reconhecimento de um trabalho bem feito nos dois últimos festivais, e que contribui assim para o engrandecimento de Ovar, projetando o nome do concelho além portas.

    Luís Souto reage sobre o troço Aveiro–Viseu–Guarda–Salamanca

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    Luis Souto
    Luis Souto

    O candidato à Câmara Municipal de Aveiro, pela Aliança Mais Aveiro, Luís Souto Miranda, valoriza e aplaude as declarações do Ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, sobre a importância estratégica da construção da ligação de alto desempenho ferroviário no troço Aveiro–Viseu–Guarda–Salamanca e a intenção clara, do governo da AD, liderado por Luís Montenegro, em transformar, de “forma urgente a Região Centro num verdadeiro eixo logístico, económico e turístico na Península Ibérica”.

    No encontro realizado em Aveiro, que contou com a presença de muitos autarcas espanhóis e portugueses, entre eles Ribau Esteves, presidente da Câmara Municipal de Aveiro, Manuel Pinto Luz recebeu ainda, a Declaração Regional Conjunta subscrita por 77 municípios da Região Centro e da província de Salamanca, aprovada em maio na Guarda.

    Para Luís Souto Miranda, o evento foi de “importância extrema para Aveiro”. “Não duvidem, estarei sempre do lado dos interesses de Aveiro. Para quem andou por aí a espalhar a descrença e o desânimo, para quem tenta sistematicamente iludir os aveirenses, aqui está a clarificação necessária. O atual presidente da Câmara Municipal de Aveiro tem tido um total empenho neste tema estratégico para o futuro de Aveiro, da região e do país. Quando for eleito em outubro, a concertação com o governo será permanente e muito vantajosa para Aveiro, neste como em vários dossiês relevantes para o nosso município”.

    Celme Tavares é a candidata do BE à presidência da Junta de Freguesia de Santa Joana

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    Celme Tavares, 51 anos, é licenciada em Ciências da Comunicação e mestre em Comunicação e Multimédia, desempenha há mais de duas décadas funções de Técnica Superior nas áreas de gestão académica e comunicação na Universidade de Aveiro. É ainda membro suplente das Comissões Paritária e de Trabalhadores da Universidade de Aveiro. Integra a Comissão Coordenadora Concelhia de Aveiro do Bloco de Esquerda e tem representado o Bloco de Esquerda na Assembleia Municipal de Aveiro.

    É eleita na Assembleia de Freguesia de Santa Joana, estando a cumprir o seu segundo mandato e tem como principais prioridades para esta campanha autárquica a habitação, mobilidade e acessibilidade, transportes e qualidade de vida dos cidadãos.

    A candidata defende ainda uma governação de proximidade, transparência e envolvimento da população nas decisões da autarquia e soluções para os problemas mais imediatos que afetam a população: acesso à habitação, melhoria e limpeza do espaço público, reforço da mobilidade sustentável e do compromisso da autarquia com o ambiente e proteção dos recursos naturais, bem como o reforço de respostas sociais dirigidas aos mais idosos e pessoas vulneráveis.

    A candidatura do Bloco de Esquerda a Santa Joana defende respostas sociais, económicas e culturais que vão ao encontro da diversidade das necessidades dos seus habitantes e conta com uma equipa empenhada na transformação para uma Santa Joana aprazível e atrativa para viver e trabalhar.

    A bloquista tem participado ativamente nas principais lutas sociais em Aveiro e luta por políticas de justiça, sustentabilidade e igualdade.

    A candidata considera que a Câmara Municipal continua a falhar em construir uma política de mobilidade coerente, sustentável e centrada nas necessidades dos munícipes, e defende uma Junta de Freguesia com capacidade de reivindicar essas e outras intervenções. Defende travessia pedonal e ciclável no Eixo Rodoviário Aveiro – Águeda, que terá perfil de autoestrada e vai dividir a freguesia. Falha na capacidade de reivindicar o bom planeamento do território, habitação social, a boa gestão de transportes públicos e segurança rodoviárias; defende a redução do limite de velocidade e implementação de medidas de acalmia da velocidade nas zonas residenciais. Falha na recolha de resíduos urbanos e limpeza das ruas, e defende práticas alternativas na gestão dos espaços públicos, a não utilização de glifosato e herbicidas nocivos às pessoas, animais e ambiente.

    Celme Tavares considera fundamental, a necessidade de aproximar a freguesia ao centro da cidade e a dinâmica das relações entre o espaço e as pessoas.

    O projeto Aveiro Cult realiza nodia 19 de julho no Mestre Cervejeiro a última edição de 2025 do Open Mic

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    O projeto Aveiro Cult realiza no próximo dia 19 de julho, sábado, a partir das 21h, no Mestre Cervejeiro Aveiro, a última edição de 2025 do Open Mic, num formato especial para assinalar o aniversário da sua fundadora, a cantora e comunicadora Mari Boop.

    Criado com o objetivo de oferecer espaço a novos talentos da música, o Open Mic do Aveiro Cult é uma iniciativa que integra a campanha #AveiroMereceMaisMúsica, que visa dar visibilidade à produção musical local e promover o acesso a palcos e espaços culturais informais. A proposta é clara: valorizar quem ainda não tem palco, mas tem muito a partilhar.

    Dedicado exclusivamente à música, o evento abre portas a intérpretes, duos, bandas e músicos independentes de todas as vertentes, promovendo a diversidade e a partilha num ambiente descontraído e acolhedor. A programação será marcada por atuações ao vivo, momentos de celebração e surpresas, com entrada livre para o público.

    Artistas interessados em participar devem inscrever-se previamente através do Instagram @aveirocult ou por e-mail para [email protected].

    O evento encerra o ciclo de Open Mics promovidos este ano pela associação, reforçando o compromisso de tornar a cidade de Aveiro mais vibrante, inclusiva e musical.

    Serviço:
    📍 Mestre Cervejeiro Aveiro – Rua do Tenente Rezende, 32, Aveiro
    📅 Sábado, 19 de julho de 2025
    🕘 A partir das 21h
    🎟 Entrada livre

    Sobre Mari Boop

    Mari Boop é cantora, comunicadora e produtora cultural. Brasileira radicada em Aveiro desde 2018, atua na cena musical local com projetos que vão do jazz ao rock alternativo, além de iniciativas de valorização da arte e da cultura independente. É fundadora do projeto Aveiro Cult, onde desenvolve eventos como o Open Mic e outras ações voltadas à dinamização da vida cultural da cidade.

    Sobre o Aveiro Cult

    O Aveiro Cult é um projeto independente de promoção da cultura local e criação de comunidades criativas em Aveiro. Atua principalmente nas áreas da música, arte e programação cultural, através de eventos, encontros, formações e conteúdos digitais. Acredita que Aveiro merece mais arte, mais palco e mais cultura acessível.

    BE lança slogan da candidatura autárquica de Aveiro: “A política pode ser diferente”

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    O Bloco de Esquerda colocou nas ruas e nas redes sociais o seu slogan que é a ideia central da campanha e da candidatura: “A política pode ser diferente”.

    O atual sistema económico desiludiu as esperanças das pessoas. Ter uma casa hoje é uma miragem. Mesmo quem trabalha e aufere um salário médio tem na habitação o principal factor de empobrecimento e quem tem casa vê os seus filhos impossibilitados de saírem e iniciarem a sua vida independente

    Em Aveiro, uma família da elite domina as candidaturas dos partidos do centrão (PS e PSD/CDS) e a extrema-direita esconde o seu candidato, apesar da sua estrutura local ser liderada pelo refugo do centrão. O Bloco de Esquerda faz o contraponto, apresentando-se como a verdadeira candidatura de alternativa, popular, participada e independente dos interesses instalados no imobiliário e na grande hotelaria.

    O Bloco de Esquerda é alternativa ao atual sistema económico que trouxe o agravamento das condições de vida, a desigualdade gritante, e a degradação dos serviços públicos. Esta realidade impossibilita uma vida desafogada, mesmo a quem tem salários médios. Neste contexto, a candidatura do Bloco é a criadora de comunidade, garantindo políticas para uma vida melhor e uma sociedade mais justa.

    Para o Bloco de Esquerda, o centrão e o seu apêndice liberal apenas têm para oferecer o aprofundamento do sistema económico da desigualdade social. A extrema-direita tem como objetivo deslocar o descontentamento contra os mais frágeis da sociedade, para proteger o sistema das desigualdades.

    Esta política que desiludiu as esperanças das pessoas tem também expressão local quando se entrega serviços públicos essenciais a operadores movidos pelo lucro ou quando se deixa a habitação à mercê da ganância da especulação imobiliária. 

    O Bloco de Esquerda não baixa os braços e vem mostrar que a política pode ser diferente, com humanismo e mudanças que façam subir a maré: a vida pode ser melhor para a maioria, não só para os poucos no topo da pirâmide da desigualdade.

    A candidatura do Bloco de Esquerda aos órgãos do poder local em Aveiro quer dar prioridade às políticas de habitação a custos controlados que façam embaratecer a casa, à criação de uma rede pública de creches que crie condições para uma vida melhor e que permita conciliar vida familiar e profissional, e à devolução dos transportes públicos à esfera pública para que possam mais adequados e pensados para as necessidades de quem vive e trabalha em Aveiro.

    Aveiro recebeu três estudantes internacionais e procura novas famílias de acolhimento

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    No âmbito do programa de intercâmbio AFS, a região de Aveiro acolheu no ano letivo que agora terminou três estudantes internacionais provenientes de países tão diversos como Alemanha, Argentina e Itália. Esta experiência representa uma oportunidade única de enriquecimento cultural e humano, tanto para os jovens como para as famílias de acolhimento.

    «Ao promover o contacto dos meus filhos com outras culturas, procuro estimular a sua curiosidade e promover o seu desenvolvimento através do exercício de compreensão e tolerância. Como família, crescemos, reorganizamo-nos, e redescobrimos o valor da nossa cidade, da nossa cultura e de quem somos», refere Ana Neves, mãe de acolhimento de um estudante alemão. «Desmistificamos mitos, quebramos barreiras e percebemos que o mundo é muito maior do que o nosso quotidiano. É uma aprendizagem para todos — e uma janela aberta para as oportunidades que daí nos podem chegar» finaliza.
     
    A AFS (American Field Service) é uma organização global, sem fins lucrativos, com mais de 75 anos de experiência em programas de intercâmbio educativo e voluntariado. Os estudantes vivem com famílias locais, frequentam escolas portuguesas e partilham o seu quotidiano, promovendo uma convivência baseada no respeito, diversidade e cidadania global.

    Presente em Portugal desde 1957, a AFS está neste momento à procura de novas famílias portuguesas dispostas a acolher estudantes no próximo ano letivo. Os períodos de acolhimento são flexíveis e podem variar entre 3, 6 ou 10 meses.

    As famílias interessadas podem obter mais informações em intercultura-afs.pt ou contactar o núcleo local da AFS.

    Sobre a da Intercultura AFS

    Com sede em Nova Iorque e presença em mais de 60 países, a AFS promove programas de mobilidade e formação intercultural que desenvolvem competências como empatia, adaptabilidade e comunicação intercultural — valorizadas no percurso pessoal, académico e profissional.

    Em Portugal desde 1952, a AFS conta hoje com 12 núcleos regionais e uma rede de mais de 300 voluntários, que acolhem, acompanham e preparam estudantes e famílias.

    Em 2024, 42 jovens portugueses participaram em programas no estrangeiro, enquanto 50 estudantes de 20 países vieram viver esta experiência em Portugal. A nível global, a AFS envolve anualmente cerca de 12 mil estudantes e mais de 50 mil voluntários.

    Candidato do BE à CM de Aveiro manifesta preocupação com situação no Hospital de Aveiro

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    João Moniz do Bloco de Esquerda
    João Moniz do Bloco de Esquerda

    Numa publicação nas suas redes sociais, o candidato do Bloco de Esquerda à Câmara Municipal de Aveiro, João Moniz, manifestou preocupação com a situação crítica no serviço de ginecologia e obstetrícia do Hospital de Aveiro.

    “O que está a acontecer no serviço de ginecologia e obstetrícia do Hospital de Aveiro é grave e preocupante mas infelizmente esta situação tem sido reiterada ao longo dos últimos anos”, afirmou João Moniz, apontando responsabilidades diretas aos sucessivos governos do PS e do PSD: “Os sucessivos governos do centrão PS&PSD destruíram SNS através do subfinanciamento e da subcontratação para garantir quota de mercado aos operadores privados”.

    João Moniz sublinha que esta estratégia tem vindo a esvaziar os serviços públicos de saúde e a transferir recursos para os privados, acrescentando que “parte substancial do valor dedicado à saúde no OE vai para os operadores privados”.

    Face à ausência de soluções estruturais, a situação agravou-se: “O passar do tempo só tem agravado ainda mais esta situação e agora as escalas previstas no serviço de ginecologia e obstetrícia para julho e agosto estão seriamente comprometidas”, alertou.

    Para o Bloco de Esquerda, é inadmissível que se comprometa o acesso a cuidados de saúde fundamentais para mulheres grávidas, não apenas no concelho de Aveiro, mas em toda a região. “Não é aceitável que a assistência a mulheres grávidas, não só em Aveiro mas também em toda a região do Baixo Vouga, seja colocada em causa.”

    João Moniz termina com um apelo às autarquias: “No que toca ao poder local aveirense, e de toda a região, é preciso mais firmeza e exigência junto da tutela. Esta situação de ruptura assim o exige.”

    O Bloco de Esquerda exige respostas urgentes por parte do Governo e defende uma inversão da política de esvaziamento do Serviço Nacional de Saúde, com investimento público robusto, valorização dos profissionais de saúde e garantia de cuidados universais e de proximidade.

    Programa cujo nome estamos legalmente impedidos de dizer

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    Pedro Mexia
    Pedro Mexia

    Pedro Mexia está há mais de 10 anos a desempenhar uma proeza digna de aplauso: ser comentador regular do programa Governo Sombra (Programa cujo nome fomos legalmente impedidos de dizer) e consultor para a área cultural da Casa Civil do Presidente da República, tudo ao mesmo tempo. Afinal, para quê escolher entre microfone da atualidade política e gabinete quando se pode ter os dois? Esta conjugação sem qualquer período de afastamento é a verdadeira arte do equilíbrio político-mediático, que revela uma proximidade encantadora entre comentário público e exercício do poder.

    Não estamos a falar daqueles comentadores que, por acaso, deram um saltinho para ser governantes — como Artur Santos Silva no Eixo do Mal — mas da passagem tão natural quanto inevitável de comentadores para funções públicas, sem o incómodo de um “período de nojo”. Em Portugal, parece que o comentário e o poder andam sempre de mãos dadas, quase como bons amigos que não querem dar tempo para saudades.

    Quando chegou a renovação do mandato presidencial, Mexia decidiu que era hora de explicar o seu título — não era “assessor”, não era “conselheiro” mas sim “consultor”. Uma mudança que foi vendida com pompa e circunstância, mas que, na prática, é tão significativa quanto trocar um chapéu por outro no mesmo guarda-roupa. Afinal, se é para continuar com a mesma função, por que não lhe dar um nome novo que soe mais elegante? A crítica é óbvia: mudar o rótulo não muda o conteúdo — é a velha história do “novo vinho em odres velhos”.

    Num dos últimos programas, o de 28 de junho de 2025, Mexia disse uma daquelas frases que ficam para a posteridade: “se tivesse ideias para o país, não estaria aqui a comentar”. Esta declaração, longe de esclarecedora, revela bem o truque do faz-de-conta: não se trata de influenciar diretamente, mas de garantir o melhor dos dois mundos — visibilidade e poder — numa conjugação que só os verdadeiros equilibristas conseguem manter sem tropeçar.

    Esta proximidade entre palco e bastidores, entre crítica e decisão, não é um acidente, é um fenómeno que Portugal já domina com mestria. A verdadeira questão não é o cargo em si, mas a ilusão da independência que nos querem vender. O título pomposo de “consultor” é o verniz que cobre a perfeita coincidência entre poder e microfone. Aliás, Mexia até em jeito de confissão, afirmou não ter votado em Marcelo… uma afirmação de mestre … Cavaco Silva só se lembrou de uma desculpa parecida para invocar a sua independência ao fim de quase 15 anos de poder quando disse que não era político profissional…

    Talvez o nome mais adequado para o programa que já se chamou “Governo Sombra” fosse “Presidência Sombra”, para combinar com o espetáculo principal. Ou também não estivesse estado o seu colega de painel, outrora, encarregado pelo Presidente de escrever uma discurso para o dia 10 de junho…

    E para terminar, fico a pensar como será possível o Presidente contribuir para a não separação das águas e dos poderes e ficar o exemplo para outros protagonistas da política poderem fazerem o mesmo…

    Que os colegas de painel aceitem tão serenamente esta conjugação não me admira, o desconforto de ter um parceiro comentador do mesmo programa de TV entre “amigos” que também é consultor, conselheiro ou assessor, da presidência para todos parece ser a nova definição de “independência”.

    No entanto, pelo que conheço de outros comentadores de programas do mesmo canal de TV, não conviveriam bem com tal facto…

    A radiologista que confundiu a justiça com um tribunal self-service

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    Durante anos, a doutora Sílvia especializou-se em analisar órgãos — não apenas os do corpo humano, como seria de esperar de uma radiologista, mas sobretudo os órgãos de comunicação social, onde realizava verdadeiras tomografias morais, à procura dos focos inflamados da hipocrisia e dos vírus da desinformação que infestam o discurso público pelos membros humildes da sala de espera…

    Na sua clínica mediática, as consultas não se limitavam a diagnosticar ossos partidos ou tecidos inflamados. As suas “imagens” captavam os contrastes da sociedade podre, criada pelos anónimos e indefesos, na sua perspectiva, iluminando com raios-X a verdade oculta sob a pele fina da retórica política. O seu bisturi? Uma ironia afiada e uma voz doce que cortava sem anestesia os pobres coitados que nem isentos estavam de taxas moderadoras.

    As suas consultas eram transmitidas em podcasts, esses sim, com moderadoras influentes, passando por canais e redes, sempre de forma muito católica, onde as doses de sarcasmo se misturavam com gargalhadas enlatadas. Ironicamente, tudo era patrocinado pela onda radiologista da fé e quem se queixava era logo taxado de ser paciente impaciente, incapaz de tolerar a liberdade de expressão, ou simplesmente sensível demais para o “humor”.

    Até que um vírus de contestação chegou ao sistema…nacional de saúde. E a doutora foi chamada a tribunal. O vírus desta vez ganhou vida própria e as fotos da guarda pretoriana da médica, a quem só falta um avental verde hospitalar, começaram a ser publicadas nas redes sociais, mesmo estando todos os médicos pretorianos em período de férias. Esta estratégia de intimidação tinha como objetivo conseguir extinguir de vez aquela pandemia da plebe e da concorrência…afinal dinheiro, poder político e poder mediático não se cruzam todos os dias…

    Na sua cabeça, a ideia de ser chamada a depor por causa de uma brincadeira parecia um verdadeiro choque anafilático à liberdade artística. Ir ao tribunal por fazer rir? Não bastavam as pressões sociais? Agora, parece que a comédia entrou em estado crítico. O momento tornou-se para aquela elite, a seguir à revolução dos cravos, o momento mais crucial da História da democracia portuguesa…jamais alguém em Portugal poderia ter a ousadia de se meter com os “capitães da saúde da democracia”…Embora Sílvia soubesse que era só especialista em radiologia e que não poderia ser equiparada a outros “médicos” de medicina geral, mais completos na sua formação… ela sabia que tinha que fazer algo para se distinguir, nem que fosse à custa de outros mais fracos e sem opinião no espaço público…

    Na véspera da audiência, a doutora organizou um almoço com amigos influentes do hospital — um deles, muito próximo da Direção, verdadeiro órgão executivo do poder, convidava jornalistas ao seu consultório em horário nobre, de forma a eles não atenderem eventuais vírus do sistema. A rede de amigos seria a salvação do hospital, um dia… “O tribunal que espere”, parecia dizer, como quem marca uma consulta e depois a desmarca sem motivo aparente. O chef do restaurante, ex-assessor do Presidente, brindou à liberdade perante a “bolha” mediática. Um brinde sem prescrição…médica, mas com muita gravidade.

    No dia do julgamento, a doutora compareceu, mas com a frieza típica de quem aguarda uma análise sanguínea, cruzou os braços como se esperasse uma pressão arterial acima do normal. Quando a juíza entrou, suspirou como quem esqueceu o talão da farmácia. O seu olhar traduzia um único pensamento:  “Estarmos a discutir a minha arte médica,  que é sagrada desde o grego Hipócrates? 

    Afinal nada é mais importante do que a saúde e como se atrevem a pô-la em tribunal a minha classe? Quem salva vidas todos os dias desde o império egípcio…quem está lá sempre que é necessária para salvação do povo?”

    A radiologista Sílvia não sabia que era necessária ser julgada. E não pelo caso. Mas pelo símbolo.

    Porque naquele espaço não estava apenas uma médica. Estava o país, feito de cidadãos pacientes e pacientes cidadãos. Estava a ideia de que há quem goze de imunidade — uma elite simpática, bem-falante, protegida pelo riso e pelos jornalistas embora nunca se considerem — que parece ter um atestado para não cumprir as mesmas regras dos restantes.

    O tribunal não era um programa de televisão, não tinha apresentadores, nem platéia para aplaudir. A juíza não lhe deu “boas-vindas”, nem agradeceu o tempo concedido. Pediu respostas, sem edição, sem pausas comerciais.

    Foi aí que a doutora percebeu que, naquele tribunal, o tempo não se dobra à fama. Que a Justiça — ao contrário da rádio — não tem audiência a ouvir, tem sim,  audiência para ouvir todos os intervenientes e com memória.

    E foi também nesse momento que se revelou a essência da sua postura: forte com os fracos, fraca com os fortes. Uma radiologista de bisturi corajoso quando o paciente está indefeso — mas hesitante quando os poderosos são chamados ao exame.

    Mas ainda hoje, os seus defensores questionam: “Por que tanto drama? Se outros também faltaram, por que é escândalo com ela?”

    A resposta está na dose de respeito que foi recusada e que continua, mesmo com a audiência terminada, a zombar dos protagonistas do processo, no âmbito das suas declarações.

    A doutora não faltou ao tribunal. Faltou-lhe ao protocolo, à solenidade, à própria essência da autoridade.

    Comparou o tribunal a um restaurante, transformando a gravidade num mero brunch. Reduziu a audiência a uma reserva de última hora.
    E fez tudo isso à porta do edifício — onde a pedra fria da Justiça, impassível, ouviu o desprezo de quem se julga acima da convocatória da lei.

    Quanto ao amigo da doutora, também testemunha arrolada, que preferiu não se apresentar? A sua ausência foi tratada com uma complacência sintomática, como se o tribunal fosse um balcão self-service, onde se serve apenas o que interessa e se ignora o resto. Um verdadeiro foco de desigualdade perante o dever cívico…
    Quem entra na Justiça com o telemóvel na mão e uma metáfora na boca dizendo qualquer coisa como “é só um almoço!” — não percebe que, para quem vive do outro lado das suas piadas, o que está em causa nunca foi digestivo.

    Há quem defenda que o tribunal deve ser magnânimo, que deve ignorar provocações, porque o silêncio é nobre.

    Mas, por vezes, até a balança precisa de bater com força na mesa. Para lembrar que há coisas que não se relativizam. Que nem tudo é palco. Que a toga não se senta para aplaudir.

    E quando o respeito é substituído por piadas na justiça, o riso deixa de ser liberdade — e passa a ser prepotência.

    Este caso é mais do que uma simples audiência: é o retrato da radiologista Sílvia que confundiu a justiça com um tribunal self-service — onde se escolhe quando comparecer, o que dizer e a quem deve ser concedida indulgência.
    Um aviso para todos nós, de que a justiça só funciona quando se deixa de brincar com ela.

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