Por que só se fala de Apropriação Cultural e não de Apropriação Económica?

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Instituições e organizações europeias proíbem apresentações ou disfarces com trajes de índios americanos ou de gueixas, etc.; uma europeia não pode entrançar o cabelo emaranhado (dreadlocks) como africanas, crianças nos jardins infantis são proibidas de maquilharem o rosto à africano; um não mexicano não deve usar sombrero; etc., etc. 

Objetivos desta e doutras campanhas em voga: Romper com os padrões de pensamento e desmontagem e culpabilização da cultura ocidental através da transversalização de temas em torno do género, da sexualidade,  da linguagem,  e do colonialismo nos diferentes órgãos do Estado, media, organizações sociais, etc.; em conformidade com a política do género pretende-se que a Europa das culturas e dos pensadores se transforme num território decadente de não-pensadores e de seguidores de uma geocultura e pensamento a preto e branco. Pretende-se que a sociedade europeia seja ocupada com contínuas iniciativas para se criar nas populações insegurança e medo de não seguirem opiniões predeterminadas.

 “Apropriação cultural” … não é propriamente assunto de debate público sério nem tão-pouco encomendado pela sociedade. São temas impostos por forças anónimas obscuras…

A sociedade tem-se transformado em laboratório dos mais diversos movimentos ideológicos todos eles com um denominador comum observável: implementar social e institucionalmente o materialismo mecanicista com o objetivo de se chegar a instalar uma troica global (1) e para isso criar-se nas populações uma mentalidade-cultural marxista!)!…

Por definição da Wikipédia, apropriação cultural ocorre quando uma cultura adopta elementos específicos de outra…

Se ao longo da história não tivesse havido apropriação transcultural numa dinâmica de aculturação e inculturação que permitem uma “fertilização cruzada”, ainda hoje nos encontraríamos na Idade da Pedra. Que seria das nossas capacidades intelectuais e sociais sem metáforas, analogias, representações e signos? Que seria da literatura, música, teatro, filosofia sem apropriação cultural?

O problema é a falta de contexto e a perspectiva de interpretação. Colocar a questão só no relacionamento entre pretos e brancos, entre uma “cultura dominante” e uma “cultura minoritária “é instrumentalizar uma realidade complexa para fins imperscrutáveis que dão origem a cepticismos, pela arbitrariedade e desestabilização que muitas vezes pretendem e pelo atentado que são à liberdade de expressão. Neste assunto está a dar-se um processo de apropriação das maiorias pelas minorias ideológicas (a metodologia da luta e do poder que uma parte critica na outra igualam-se e deste modo justifica-se a situação injusta criada pelo mais forte: a questão só poderia ser viabilizada se baseada numa nova matriz cultural, doutro modo teremos de viver numa cultura feita sobretudo de remendos) …

Considerar o estatuto de diferentes culturas como argumento contra a apropriação cultural por culturas dominantes também é problemático porque nem a cultura se deixa reduzir a uma só característica (trajo, etc.) nem a natureza da pessoa humana se deixa reduzir à própria cultura…

Parece estranho que quem reclama não são os grupos retratados! Quem se queixa são mais os grupos americanos e europeus como se fossem advogados comissionados para falarem em nome dos referidos grupos… O exagero de forças empenhadas na luta contra a “apropriação cultural” esconde o objectivo de se abolir a propriedade privada que então só será permitida para os grandes “latifundiários” de interesse relevante para o sistema…

Em breve ninguém ousará opor-se a uma determinada opinião por causa da conformidade de género e da pressão cultural do espírito do tempo.

Por que se fala tanto de Apropriação Cultural e não se fala de Apropriação Económica através da importação (apropriação) de especialistas, mão de obra, de culturas diferentes e de monopólios de exploração mineral, matérias primas, agrícola, etc.? Assim se engana e manipula o povo e os povos com temas que distraem do problema padrão que é a economia exploradora do homem e da natureza e que, ontem como hoje, provoca o luxo de uns através da apropriação dos bens dos outros! Hipocrisia das hipocrisias, tudo é hipocrisia!

O grande escândalo é a profanação do humano e a “sacralização” das economias fortes em relação às pequenas.

As elites encontram-se em processo de banalização e perdem o critério ao levarem a sociedade a viver em estado de luta e a ocupar-se com extremismos que não deixam espaço para uma consciência privada; deste modo o povo vagueia, desespera e perde a inocência!   A vida acontece entre os polos e não nos extremos polares; os extremismos só fomentam a luta e apagam as perspectivas de esperança num dia de amanhã!

António Justo
António Justo
Autor do livro de Poesia”Nas Pegadas da Poesia”, do livro “Lutero garante a Emancipação como Princípio impulsionador da Idade Moderna”, autor integrado na Antologia de Poetas na Diáspora, Chefe Red. da revista Gemeinsam.
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