Mais
    Início Site Página 40

    Como é que Portugal ensinou o mundo a tocar cavaquinho e ukulele

    0

    É provável que muitos portugueses nunca tenham ouvido falar do ukulele havaiano. E os que ouviram, dificilmente associam aquele som leve e vibrante ao Norte de Portugal ou à Madeira. Mas a verdade é esta: o instrumento que se tornou símbolo da música do Pacífico nasceu cá, com outro nome e com outras mãos. Chama-se cavaquinho. É português. E mudou, sem que o mundo o saiba, a história da música popular global.

    Num tempo em que se discute tanto o poder cultural das nações, Portugal esquece que já teve — e ainda tem — uma das ferramentas mais subtis e eficazes de difusão da sua identidade: os seus instrumentos, as suas vozes, a sua arte popular. E, no coração disso tudo, está o cavaquinho.

    Nascido no Minho e popularizado em todo o país, o cavaquinho acompanhou romarias, festas, rusgas e arraiais, ecoando a alma viva do povo português. Pequeno, ágil, sonoro, foi embarcando com os nossos emigrantes, marinheiros e aventureiros. Em 1879, três madeirenses — João Fernandes, Manuel Nunes e Augusto Dias — partiram para o Havai. Levaram consigo a machete, prima do cavaquinho. Os havaianos, encantados com o som, adaptaram-no e baptizaram-no de ukulele — “pulga saltitante”, dizem, pela rapidez do dedilhar.

    Foi aí que começou a metamorfose. Em cada lugar onde o cavaquinho chegou, transformou-se. As madeiras locais alteraram-lhe o timbre. As mãos novas deram-lhe outras técnicas. O ritmo e o uso popular variaram. Mas no fundo da sua caixa de ressonância ficou sempre a alma portuguesa. No Brasil, tornou-se cavaquinho de choro. No Havai, virou ukulele. Em Cabo Verde, inspirou a cavaquinha. É sempre ele — reinventado, mas português na raiz.

    Hoje, o ukulele brilha nos palcos dos EUA, nas bandas sonoras de Hollywood, nas redes sociais e nas escolas de música do mundo inteiro. É moderno, tropical, divertido. Mas raramente se diz que, antes de ser havaiano, foi português.

    O cavaquinho é apenas um entre muitos instrumentos que demos ao mundo sem pedir recibo. A guitarra portuguesa, a braguinha, a viola de arame, o adufe, o bombo — todos são património nacional e herança universal. Mas o nosso defeito é antigo: criamos, mas não reivindicamos. Inventamos, mas não promovemos. A modéstia excessiva transforma-se em apagamento cultural.

    Enquanto outros constroem impérios musicais com raízes ténues, nós deixamos os nossos instrumentos confinados a museus etnográficos e a rodapés de manuais escolares. Enquanto o mundo ensina jazz e blues, esquecemos que o cavaquinho foi a semente de muitos sons modernos. Falta-nos visão estratégica, continuidade pedagógica e, acima de tudo, orgulho nacional.

    É tempo de agir. Urge propor o cavaquinho como Património Cultural Imaterial da Humanidade. Mas antes disso, há que torná-lo património emocional e didáctico cá dentro. Integrar o seu ensino nas escolas, apoiar luthiers nacionais, promover festivais lusófonos, fazer do cavaquinho um símbolo vivo da portugalidade — não uma relíquia esquecida.

    Portugal não precisa de inventar uma identidade musical. Já a tem. Feita de madeira, cordas e génio popular. Com um cavaquinho na mão, demos música ao mundo. Agora falta contá-lo.

    Comércio local em Ovar

    0
    Imagem da cidade de Ovar
    Imagem da cidade de Ovar


    É vulgar dizer se que o comércio local na cidade de Ovar, está em declínio, é cada vez mais pobre, e com isso, a cidade não tem vida.

    Os Partidos e Movimentos, com o clima de pré-campanha eleitoral, e mais uma vez, prometem fazer, e prometem revitalizar a cidade no geral e o comércio em particular!

    Prometem…mas, ainda não vi propostas concretas.

    A VERDADE, É QUE…OVAR TEM POUCO COMÉRCIO

    Entenda-se comércio de qualidade, porque…cada vez há mais barbearias, estabelecimentos de beleza e afins!

    Ovar, foi alvo de obras, chamadas estruturais, no seu eixo central, que em nome da mobilidade dos cidadãos, perdeu dezenas e dezenas de lugares de estacionamento.

    A obra, não foi pensada para a realidade da Cidade!

    Pura e simplesmente…não há um lugar no centro da cidade para estacionar um carro.

    Por outro lado, a desertificação do centro urbano, é um entrave ao desenvolvimento comercial local, porque…simplesmente, não há gente nas ruas!

    E, QUANDO ASSIM É, QUE FAZER?

    Como pode o comércio local, investir, desenvolver o seu negócio, se apenas sobrevive?

    MAS O MAIOR PROBLEMA

    É a falta de união entre os comerciantes, e, isso é facto!

    Não há uma Associação de Comerciantes Vareiros.

    A que havia, acabou, fechou faz alguns anos, e a Autarquia ao invés de impulsionar o associativismo comercial, optou por instalar na Cidade a Associação Comercial de Estarreja.

    Presta apoio aos comerciantes, mas…não é dinâmica, não intervem nos problemas da cidade, não motiva, não agrupa e não reivindica.

    Apenas presta serviços, e a Cidade definha…e o Comércio Local, vai definhando, cada vez com menos oferta, e cada vez mais desesperado!

    NESTE PERIODO DE PRÉ CAMPANHA ELEITORAL

    Não basta alertar e prometer…

    É preciso que as candidaturas, digam claramente o que pretendem fazer, que propostas têm, para que se crie um ambiente de confiança, de esperança, para que os que definham, voltem a acreditar, que vale a pena o sacrifício de esperar, e esperar por novos e bons tempos.

    A particularidade do ADN português desde a Pré-História

    0

    Nas paisagens de xisto de Trás-os-Montes, nos vales férteis do Tejo ou nas escarpas da costa atlântica, escondem-se mais do que memórias arqueológicas: reside uma herança genética antiga, silenciosa e única. Muito antes de sermos Portugal, éramos já outra coisa — e não éramos Castela. A ciência contemporânea tem vindo a confirmar aquilo que o instinto histórico português sempre pressentiu: Portugal tem uma assinatura genómica própria, distinta não só da Europa, mas também da própria Espanha. Essa diferença vem de longe, muito antes da fundação da nacionalidade.

    Um estudo publicado na revista Science em 2019, coordenado por Iñigo Olalde — The genomic history of the Iberian Peninsula over the past 8000 years —, analisou o ADN de 403 indivíduos ibéricos do Mesolítico até à Idade do Ferro. Concluiu que o território de Portugal preserva linhagens genéticas anteriores à expansão indo-europeia, como os haplogrupos I2a e G2a, associados a caçadores-recoletores e primeiros agricultores do Neolítico. Esta ancestralidade é menos diluída do que noutras zonas da Europa, onde a migração das estepes euro-asiáticas (Yamnaya) substituiu de forma mais brusca a população local.

    Mas a verdadeira surpresa emerge da comparação entre Portugal e Espanha. De acordo com o estudo de Daniel Shriner, publicado em 2019 na Nature Communications (Patterns of genetic differentiation in the Iberian Peninsula), Portugal constitui um núcleo genético coeso, com fortes traços atlânticos, aparentado com populações como os irlandeses, galeses e bretões. Em contrapartida, a Espanha apresenta uma diversidade interna acentuada: bascos, catalães, andaluzes e castelhanos mostram perfis genéticos diferenciados e maior influência de migrações mediterrânicas e centro-europeias.

    Esta homogeneidade portuguesa tem resistido ao tempo. Segundo Rui Martiniano, geneticista português da Universidade de Cambridge, autor de diversos estudos sobre ADN antigo ibérico, o Norte de Portugal revela uma das continuidades genéticas mais marcadas da Europa Ocidental desde o Neolítico até à Idade Média. Mesmo durante a Idade do Bronze, o impacto genético dos povos das estepes foi mais limitado em Portugal do que no centro da Península.

    Mais a sul, onde as interações com o Mediterrâneo foram intensas, a investigação do Instituto Max Planck revelou algo inesperado: vestígios genéticos do Norte de África, anteriores à chegada dos muçulmanos em 711, foram identificados em restos humanos do Alentejo, datados de há mais de 4 mil anos — sugerindo contactos comerciais e culturais com o Magrebe desde o final do Neolítico.

    Por fim, o trabalho pioneiro de Luísa Pereira, da Universidade do Porto, analisando as comunidades sefarditas portuguesas, demonstrou que os judeus de Trás-os-Montes e da Beira Interior preservam linhagens mitocondriais únicas, que sobreviveram aos séculos de perseguição e assimilação, especialmente após a expulsão decretada por D. Manuel I.

    A genética, longe de ser uma ciência fria, é aqui uma arqueologia do invisível: uma linguagem do passado inscrita no sangue e nos ossos. E diz-nos o que a História hesita por vezes em declarar com veemência: Portugal tem uma identidade genética própria, que remonta aos primeiros habitantes da Europa Ocidental, distinta daquela que se formou nos outros povos da Península. Não se trata de superioridade — trata-se de diferença. Uma diferença profunda, contínua e irredutível ao mito da unidade peninsular.

    Num tempo em que se esbate a memória e se homogeneíza a cultura, a ciência vem lembrar-nos que Portugal é exceção também no plano biológico. Está no genoma a confirmação do que a cultura sempre intuiu: somos uma civilização atlântica, antiga e singular — não apenas no mapa, mas também no corpo.

    Referências científicas utilizadas:

    1. Olalde, I. et al. (2019). The genomic history of the Iberian Peninsula over the past 8000 years. Science, 363(6432), 1230–1234. DOI: 10.1126/science.aav4040
    2. Bycroft, C. et al. (2019). Patterns of genetic differentiation and the footprints of historical migrations in the Iberian Peninsula. Nature Communications, 10(1), 551. DOI: 10.1038/s41467-019-08322-0
    3. Pereira, L. et al. (2005). Evidence for a founder effect in mtDNA lineages of Portuguese Jews. Annals of Human Genetics, 69(6), 611–620.
    4. Valdiosera, C. et al. (2018). Four millennia of Iberian biomolecular prehistory. PNAS, 115(13), 3428–3433. DOI: 10.1073/pnas.1800851115
    5. Instituto Max Planck – Departamento de Genética Evolutiva (2021–2024), estudos arqueogenéticos em cooperação com universidades ibéricas.

    O Violino do Sporting que também foi Campeão do Mundo de Hóquei

    0

    Seis campeonatos nacionais de futebol. Duas Taças de Portugal. Um título de campeão do mundo de hóquei em patins. Este é o palmarés de Jesus Correia, talvez o mais versátil e esquecido desportista português do século XX.

    Jogador de eleição no ataque do Sporting Clube de Portugal entre 1943 e 1953, foi um dos lendários Cinco Violinos, ao lado de Albano, Vasques, Travassos e Peyroteo — um quinteto ofensivo que mudou a história do futebol português. Mas ao contrário dos seus companheiros, Jesus Correia distinguiu-se ainda noutro campo: em 1947, foi campeão do mundo de hóquei em patins, ajudando Portugal a vencer a prova disputada em Lisboa, no primeiro grande palco internacional do pós-guerra.

    Era um tempo de desportistas completos, em que o talento se dividia entre modalidades sem que o brilho se perdesse. Jesus Correia, nascido em Paço de Arcos em 1924, cresceu entre o campo e o rinque. Jogava como extremo-direito no Sporting, cruzando com precisão milimétrica para os golos de Peyroteo. No hóquei, era ala ágil, veloz, com uma técnica que desconcertava qualquer adversário. Servia a pátria em duas frentes, sem exigir manchetes nem glória — apenas o direito de jogar.

    Com o Sporting, venceu os campeonatos nacionais de 1946–47, 1947–48, 1948–49, 1950–51, 1951–52 e 1952–53, além das Taças de Portugal em 1944–45 e 1945–46. Na seleção de hóquei, ergueu o troféu máximo perante uma Europa ainda em ruínas — uma vitória que foi mais do que desportiva: foi moral e simbólica para o regime, que via em tais feitos uma forma de legitimação internacional.

    A sua vida é o retrato de um tempo em que os heróis não viviam de contratos milionários nem de redes sociais. Viviam da bola e do bastão, dos aplausos ao vivo e dos silêncios na retina da história. E talvez por isso, pouco se fala hoje de Jesus Correia, o homem que brilhou em dois palcos, como só os grandes artistas sabem fazer.

    Num país que esquece com facilidade os seus campeões, importa lembrar que Jesus Correia foi mais do que um nome na lista dos Cinco Violinos. Foi o único deles que também venceu no mundo.

    Como oeirense, deixo também a sugestão de que a Câmara Municipal de Oeiras o celebre com a dignidade que merece. Jesus Correia foi — e continua a ser — um exemplo de talento, humildade e grandeza. Que a sua memória não se perca no ruído dos dias.

    Bloco de Esquerda apresenta candidatos a Santa Maria da Feira

    0
    equipa do bloco a santa maria da feira
    equipa do bloco a santa maria da feira

    Comunicado do Bloco de Esquerda

    A Assembleia Geral de Aderentes do Bloco de Esquerda de Santa Maria da Feira aprovou por unanimidade os primeiros dois candidatos à Câmara Municipal e à Assembleia Municipal de Santa Maria da Feira, assim como a candidata à UF do centro do concelho, Évila Tavares:
    Câmara Municipal:

    #1 Eduardo Couto. 22 anos. Educador Social.

    Coordenador do secretário da CCC BE Feira, dirigente distrital do partido. Atualmente é eleito na Assembleia de Freguesia da cidade de Fiães.

    Educador Social pós-graduado pela ESE Porto, onde foi dirigente associativo e eleito do Conselho Pedagógico. Ativista pela Escola Pública e defesa do ambiente. Desempenha funções profissionais na Comunidade de Inserção “Casa da Rua” junto de Pessoas em Situação de Sem Abrigo. Formador de adultos pelo CINFU. 

    #2 Fernanda Lopes. 58 anos. Enfermeira. 

    Feirense. Trabalha na ULSEDV onde é representante do serviço de Psiquiatria, como focal point, junto do NPISA. É sócia do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, onde desempenhou atividade sindical como delegada sindical e, atualmente, como dirigente nacional. É ainda sócia fundadora e presidente da mesa da assembleia geral da Associação Mentemovimento, associação pró-saúde mental de entre Douro e Vouga.
    Assembleia Municipal: 

    #1 Tiago Paiva. 36 anos. Professor Universitário.
    Natural da freguesia do Vale, eleito municipal do BE na Assembleia Municipal de Santa Maria da Feira em 2021. Ex-coordenador do BE CCC Feira, dirigente distrital. Desempenha funções profissionais de professor universitário e investigador, sendo doutorado em Neurociências pela Universidade do Porto e Mestre em Psicologia pela Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto.

    #2 Íris Sá. 21 anos. Estudante Universitária.  

    Natural de Mozelos e estuda Ciência Política na Universidade do Minho. Ao longo do seu percurso académico, tem estado envolvida em movimentos feministas, e no associativismo estudantil, defendendo uma universidade mais justa, democrática e inclusiva. A sua experiência internacional, adquirida durante um período de estudos no estrangeiro,  aprofundou o seu olhar crítico sobre as desigualdades e fortaleceu o seu compromisso com uma política centrada nas pessoas. Membra da CCC BE Feira.

    União de Freguesias de Sta. Maria da Feira, Travanca, Sanfins e Espargo:

    #1 Évila Tavares. 22 anos. Estudante Universitária.

    Natural da freguesia da Feira, frequenta a licenciatura em Educação Social na Escola Superior de Educação do Politécnico do Porto. Está associada ao ativismo estudantil desde cedo. Ativista pelo direito ao Desporto, adepta do Feirense. É membra da Comissão Coordenadora Concelhia do Bloco de Esquerda de Santa Maria da Feira e foi candidata nas eleições legislativas de 2025 pelo círculo eleitoral de Aveiro.

    —————

    Nota da CCC BE Feira:

    Estas candidaturas do Bloco de Esquerda em Santa Maria da Feira assumem-se como uma alternativa robusta ao poder absoluto do PSD que governa o concelho ininterruptamente desde o 25 de Abril. Meio século de domínio conservador deixou-nos o legado de um concelho com enormes carências sociais, falta de políticas ambientais eficazes, serviços públicos fragilizados, ausência de visão estratégica e uma governação centrada na aparência e não em quem aqui vive e trabalha. Estas candidaturas apresentam um projeto de mudança corajoso, comprometido com a justiça social e fiscal, o reforço da democracia e o desenvolvimento sustentável.

    Defendemos uma política centrada nas necessidades concretas dos Feirenses: mais habitação pública acessível, investimento real na saúde, transporte público com horários úteis e cobertura eficaz, combate à precariedade e salários baixos, creches e escolas públicas com recursos, acesso à cultura e ao desporto em todo o concelho. Queremos uma autarquia que defenda as pessoas, e não que beneficie interesses privados — como continua a acontecer com a concessão da água, que resulta numa das tarifas mais caras do país. É tempo de devolver este bem essencial à esfera pública.

    Esta candidatura quer abrir portas à transparência, à participação cidadã e à descentralização das decisões. Para isso contaremos com pessoas do Bloco de Esquerda e bastante gente de fora do partido. Não podemos continuar a ter uma Câmara que age de costas voltadas para a população. Somos a candidatura que enfrenta o imobilismo, que diz não às políticas de falhadas e do marketing e que aposta num concelho mais justo, mais verde, mais igual. 

    É tempo de virar a página em Santa Maria da Feira — e o Bloco está pronto para assumir essa mudança.

    ————

    Declarações do candidato à CM, Eduardo Couto: 

    Hoje, mais do que nunca, precisamos de alternativas políticas capazes de transmitir esperança a todos os que estão indignados – legitimamente – com as políticas que regem a nossa comunidade. O falhanço total do modelo de desenvolvimento que a direita no concelho de Santa Maria da Feira apresenta e aplicou durante todos estes anos deve ser contraposto com uma visão audaz. 

    O concelho continua a ser gerido através da política do remendo. O atual executivo continua a fazer das suas grandes apostas eleitorais o asfalto e o marketing. Enquanto isso, milhares de Feirenses enfrentam dificuldades graves para terem acesso a uma casa digna a um preço justo. 

    Amadeu Albergaria é o rosto da conivência com as fortes debilidades que o nosso concelho atravessa: custo elevado da água (devido a uma concessão que não passa de um puro saque); falta de serviços públicos funcionais e descentralizados, quer na saúde, quer na educação; escasso ou nenhum investimento ambiental ou de lazer e ainda a forte desproteção social dos mais precários do nosso concelho.

    Esta é uma batalha desigual à partida. O nosso oponente do PSD, numa subversão dos mais basilares princípios democráticos, está há largos meses a fazer campanha eleitoral na qualidade de Presidente de Câmara, mesmo não tendo sido eleito. A tática é a mesma, mas só o povo é soberano em decidir a sua validação.

    Do Bloco de Esquerda poderão contar com uma campanha baseada no confronto com elevação, na apresentação detalhada de propostas e soluções para o concelho. Os Feirenses conhecem-nos. Somos das vozes, senão a voz, mais audível na oposição. Apresentamo-nos com a cabeça erguida por sabermos que carregamos connosco nesta campanha os anseios de milhares de Feirenses que estão cansados da política do “mesmismo”.

    Vamos mesmo, mesmo, com tudo. 

    Vamos em Bloco pela Feira.

    Domingos Silva convida população para apresentação dos candidatos no dia 28 de junho

    0
    Fotografia de Domingos Silva
    Fotografia de Domingos Silva

    Comunicado de Domingos Silva no seu perfil do facebook

    É com sentido de responsabilidade e compromisso com o concelho de Ovar e as suas oito freguesias que convido todos a estarem presentes na 𝗔𝗽𝗿𝗲𝘀𝗲𝗻𝘁𝗮𝗰̧𝗮̃𝗼 𝗣𝘂́𝗯𝗹𝗶𝗰𝗮 𝗱𝗼𝘀 𝗖𝗮𝗻𝗱𝗶𝗱𝗮𝘁𝗼𝘀 𝗱𝗼 𝗣𝗦𝗗 𝗮̀𝘀 𝗘𝗹𝗲𝗶𝗰̧𝗼̃𝗲𝘀 𝗔𝘂𝘁𝗮́𝗿𝗾𝘂𝗶𝗰𝗮𝘀 𝗱𝗲 𝟮𝟬𝟮𝟱, no próximo sábado, dia 28, pelas 17h30, no Jardim do Cáster em Ovar.

    Este momento marca o início de um caminho partilhado, com rostos, propostas e uma visão clara para o continuado desenvolvimento do nosso concelho.

    Com Todos, Por Todos, Pela nossa Terra.

    O padre português que enfrentou Hitler em silêncio

    0

    Em tempos de ruído e vaidade, onde os heróis se medem pelo número de seguidores e não pela grandeza do sacrifício, convém recordar um português que, no silêncio de Roma, arriscou tudo para salvar vidas. O seu nome não aparece nas manchetes dos jornais, não inspira séries da Netflix nem campanhas ministeriais. Mas devia ser ensinado nas escolas, gravado em placas de rua e pronunciado com respeito: Padre Joaquim Carreira, o Justo entre as Nações.

    Nascido em Leiria, em 1908, Joaquim Carreira era um homem discreto, um padre católico português como tantos outros — até que a História o chamou. Quando as tropas de Hitler ocuparam Roma em 1943, o medo instalou-se em cada rua, cada janela, cada consciência. E foi nesse clima de terror que o reitor do Pontifício Colégio Português se recusou a ser neutro.

    Enquanto diplomatas e altos dignitários preferiam a prudência ao risco, Padre Carreira escolheu a coragem. Escondeu judeus perseguidos dentro das paredes do colégio que dirigia — homens, mulheres, crianças. E escondeu também combatentes antifascistas italianos. Fê-lo com astúcia, mas sobretudo com humanidade. Não pediu medalhas. Pediu silêncio e discrição. E salvou vidas.

    É curioso, e triste, notar que durante décadas Portugal ignorou a grandeza deste seu filho. Foi preciso o Estado de Israel descobrir os seus feitos, investigar os seus actos e, finalmente, reconhecê-lo em 2015 com o título de “Justo entre as Nações” — distinção reservada a quem, não sendo judeu, arriscou a própria vida para salvar judeus durante o Holocausto.

    Padre Joaquim Carreira entra assim num panteão ético onde estão Oskar Schindler e Aristides de Sousa Mendes, dois homens que também disseram “não” à indiferença e “sim” à dignidade humana. Mas enquanto Schindler teve um filme e Sousa Mendes ganhou o reconhecimento institucional que merecia, o nome de Carreira continua a ser murmurado, quando devia ser proclamado.

    É um sintoma português: celebramos os nossos heróis quando já é tarde, quando já morreram, quando já não causam incómodo. Mas o seu exemplo incomoda, porque obriga a uma pergunta: e nós, no lugar dele, teríamos feito o mesmo?

    Numa época em que a neutralidade moral volta a disfarçar-se de moderação, e a coragem cívica é substituída por cálculos políticos, recordar o Padre Joaquim Carreira não é apenas um acto de justiça. É um apelo. Um desafio. Um murro na mesa da nossa complacência.

    Mais do que padre, mais do que português, foi humano num tempo desumano. E isso basta para lhe erguer memória.

    James Bond nasceu em Portugal e o seu criador sabia-o

    0

    Nos bastidores da Segunda Guerra Mundial, Lisboa era uma cidade neutra, mas não inocente. Entre refugiados, contrabandistas, diplomatas e espiões, circulavam homens que não pertenciam a lado nenhum, movendo-se como peças ambíguas num tabuleiro de alianças incertas. Um deles, o mais fascinante de todos, chamava-se Dusko Popov — aristocrata sérvio, agente duplo britânico, e o homem que, segundo o próprio Ian Fleming, inspiraria a personagem de James Bond.

    A história de Popov em Portugal não é apenas uma curiosidade de espionagem. É o espelho de um tempo em que o nosso país, sob a neutralidade vigilante de Salazar, servia de ponte entre o mundo em guerra e o mundo em decadência. A Lisboa de 1940 não era apenas um porto de saída para quem fugia da Europa ocupada. Era também uma zona de contacto entre impérios, ideologias e interesses.

    Popov chegou a Lisboa com uma missão: enganar os alemães e protegê-los dos seus próprios aliados. Entrava e saía do Hotel Palácio do Estoril, jogava roleta com agentes do Abwehr, frequentava os corredores do Hotel Aviz e mantinha reuniões discretas no Grémio Literário. Fingia estar ao serviço do Eixo, mas transmitia informações críticas para Londres — muitas delas enviadas directamente a um jovem oficial britânico de nome Ian Fleming, destacado para o Naval Intelligence Division e profundamente atento às personalidades que orbitavam entre o luxo e o abismo.

    Foi em Lisboa que Fleming teve o primeiro vislumbre do espião como personagem de ficção. A imagem de Popov, sentado à mesa do Casino Estoril, enfrentando um alemão com dezenas de milhares de dólares apostados, sob olhar gélido e cigarro aceso, marcou-o profundamente. Foi esta cena — não inventada, mas vivida — que daria origem à abertura de Casino Royale, o primeiro romance da saga Bond. Mas Popov era mais do que um jogador refinado. Era um homem que arriscava a vida ao manter a confiança do Abwehr enquanto informava o MI5 e o MI6. Um agente duplo real, de carne, osso e contradição.

    Em Portugal, o teatro da guerra era feito de silêncios. As conversas nos cafés eram vigiadas, os navios estavam sob escuta, os telefones interceptados. E no entanto, era aqui, neste ambiente rarefeito, que se decidiam movimentos de tropas, avanços diplomáticos e campanhas de propaganda. Popov compreendeu o papel estratégico de Portugal: um país que, não sendo protagonista, tornava-se palco de protagonistas. E foi esse palco que deu vida ao maior mito literário da espionagem moderna.

    Bond, na pena de Fleming, não é um super-homem. É um homem perigoso, marcado pela violência, pela solidão, pela sedução e pela morte. Tem muito de britânico, mas nasceu de uma observação feita em Lisboa. Numa neutralidade que permitia todos os jogos, mesmo os mais sujos.

    A nossa historiografia, tantas vezes virada para dentro e para os seus próprios fantasmas, esquece com frequência que Portugal foi, nos anos 40, uma encruzilhada global. A história de Popov obriga-nos a olhar para esse passado com menos provincianismo. A perceber que, mesmo sem tanques nas ruas ou bombardeios nos céus, fomos actores de uma guerra de sombras. E que dessas sombras nasceu uma lenda.

    Não é por acaso que Casino Royale começa com um jogo no casino. Nem é coincidência que o espião mais célebre da cultura ocidental tenha o rosto — ou pelo menos o reflexo — de alguém que jogava em Estoril e jantava em Lisboa. Bond pode ter sido um agente britânico. Mas o seu baptismo literário foi português.

    Realidade derrota PSD/CDS de Aveiro e PS e dá razão ao bloco

    0
    Logotipo do bloco de esquerda
    Logotipo do bloco de esquerda

    COMUNICADO DO BLOCO DE ESQUERDA:

    Na última reunião da Câmara Municipal, Ribau Esteves admitiu a possibilidade da autarquia “começar a fazer creches”, assumindo a própria câmara a construção de respostas para a população infantil. O presidente da câmara assumiu que não existe atualmente capacidade de responder à procura de vagas.

    Recorde-se que o Bloco apresentou uma proposta para a construção de creches públicas na Assembleia Municipal de setembro de 2024 e o PSD/CDS votou contra. Novamente a direita aveirense posicionou-se contra respostas sociais públicas, para agora admitir o colapso do seu modelo e que a política do Bloco é a que serve melhor as populações.

    Na reunião de câmara a questão foi levantada pelo vereador do PS, Fernando Nogueira que constatou a ausência de investimento público em creches. No entanto, o PS apenas constata as falhas do modelo que partilha com o PSD/CDS. Ao longo de todo o mandato, o PS não apresentou nenhuma proposta alternativa e não votou favoravelmente a proposta do Bloco de Esquerda.

    “Para o Bloco de Esquerda, construir creches públicas em Aveiro é uma das principais prioridades da candidatura autárquica. Tivemos uma importante transformação no país ao garantir a gratuitidade das creches, agora é preciso uma oferta que garanta esse o acesso a esse direito. Deve ser uma das prioridades do investimento público em Aveiro, para garantir mais rendimentos disponíveis para as famílias e uma melhor educação para as crianças”, defendeu João Moniz, candidato do Bloco à presidência da Câmara Municipal.

    No concelho de Aveiro existem 25 creches privadas sem fins lucrativos e 4 privadas com fins lucrativos, respetivamente com capacidade para 1.391 e 118 crianças. Apesar do financiamento público, não existem creches públicas em Aveiro.

    Pode ver muitas mais notícias do Bloco de Esquerda no nosso canal, Aveiro TV clicando aqui ou refazendo a sua procura por outros termos.

    PJ detém 45 suspeitos de crimes de associação criminosa e burla informática

    0
    presos pela polícia
    presos pela polícia

    A Polícia Judiciária, através da Unidade Nacional de Combate ao Cibercrime e à Criminalidade Tecnológica (UNC3T), em inquérito titulado pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal, desencadeou hoje a operação policial “Constelações”, no decurso da qual foram realizadas 51 buscas domiciliárias em Lisboa, Porto, Coimbra, Setúbal e Bragança, e detidas 45 pessoas, fortemente indiciadas pela prática de crimes de associação criminosa, burla informática, falsidade informática e acesso ilegítimo e indevido.

    De acordo com a investigação desenvolvida, pelo menos desde junho de 2024, a organização, constituída por vários grupos com ligações entre si, conseguiu aceder ilegitimamente às contas pessoais de centenas de utentes do serviço Segurança Social Direta e proceder à alteração do IBAN que estava registado para recebimento de diferentes prestações sociais (pensão de velhice, subsídio de desemprego, subsídio de doença, rendimento social de inserção e abono de família), que passaram a ser transferidas para contas bancárias controladas pelos suspeitos.

    Foram identificadas até ao momento 531 vítimas de associação criminosa, burla informática e falsidade informática, muitas delas especialmente vulneráveis, que necessitavam daqueles rendimentos para sua sobrevivência, ascendendo o prejuízo sofrido a cerca de 228 mil euros, apurado até agora.

    Na sequência das buscas domiciliárias procedeu-se à apreensão de equipamentos informáticos, documentação bancária e telemóveis.

    Os detidos, 35 homens e 10 mulheres, com idades compreendidas entre os 18 e os 39 anos, serão presentes à autoridade judiciária competente, no Ministério Público.

    ×
    Subscrição anual

    [variable_1] de [variable_2] subscreveu o Aveiro TV.  Clique para subscrever também!